sexta-feira, julho 22, 2016
segunda-feira, agosto 20, 2012
SINTONIA
Acredito que todas as interrogações que podemos nutrir no percurso de nossas vidas partem sempre de um ponto comum: nós mesmos. Não há meios de se exigir do mundo e dos outros uma resposta, se em contrapartida estamos vazios, se não temos conosco nossa própria resposta em relação a eles. Assim, diante da sem graça falta de cor e perante a tamanha falta de amor com que tudo se apresenta, só um caminho se abre a nossa frente. Ácido. Transparente. Solitário. Mas completamente essencial ao relacionamento humano de qualquer natureza, o auto conhecimento.
Nos últimos quatro anos e fumaça, enquanto minha cabeça exercitava a paciência e meu coração canceriano insistia em fantasiar expectativas fracassadas, vivi um relacionamento sério comigo mesmo - uma autêntica viagem de auto conhecimento, entendimento e aceitação. Passeando por cada um de meus defeitos, visitando minhas carências, acatando de forma serena a minha própria imperfeição humana. É simples? É fácil? É leve? É superficial? Não, não é não. Primeiro pela ausência da fantasia e ilusão - as quais estamos imbecilmente acostumados a fabricar, engolir e achar normal, parte integrante da vida. Segundo porque esta relação se dá apenas entre você e você. Não existem quaisquer tipos de terceiros ou fatores externos habitando, intervindo e conduzindo seus pensamentos e principalmente, seu coração. Não existem mais baladas ou festinhas da moda anestesiando seus pensamentos e sentimentos sobre sua própria vida. Não, se você aceitar se conhecer. Não, se você se defender da sociedade e das suas fórmulas mágicas - que te levam sempre aos mesmos lugares vazios. É você e você numa relação que se dá pelas vinte e quatro horas que o dia tem. Dormindo e acordando, vivendo juntos e interagindo o tempo todo. Sem férias. Sem afagos. Sem mentiras. Sem colo. Sem açúcar. E nessa hora, todas as verdades que você tanto esperou ouvir dos outros, se espelham em você mesmo. Quem é você afinal? O que você deseja de verdade para sua vida? Você pergunta a si mesmo. Pergunta e responde. Pergunta e reconhece que falhou demais, que já mentiu, iludiu e se iludiu demais. Falhou demais. Mentiu demais. Sonhou demais. E um milhão de vezes se esfolou com seus próprios sentidos. E um milhão de vezes se machucou ao esperar dos outros o que não entregou a si. Mas assim aprendeu! Mas assim virou gente adulta e bem resolvida! É daí que vem a sabedoria, o crescimento e a maturidade. É daí que você olha pra trás e se orgulha de estar vivo - de ser, apesar de todos os erros e defeitos - uma pessoa do bem.
Aceita uma coisa, vai… É sempre de dentro pra fora! É do coração para cabeça que tudo flui e se torna sustentável a nossa volta. Só existe verdade no que você diz e faz, quando você está em sintonia com você mesmo. Sem essa conexão, teoricamente óbvia e na prática, muito rara - nada é sustentável - nada é real - seus gestos, seus atos, sua voz, tudo se resume utopia. É só depois. Sim, é algum tempo depois de que você se olha no espelho e sabe - sem artimanhas - quem você é e o que você quer de verdade, que você se torna capaz e digno de amar a si e por conseqüência, a qualquer outro ao seu redor. É depois de saber o que você quer, o que você não quer, o que aceita e o que jamais irá aceitar - que você encontra o amor, o amor por você mesmo. A pré-condição sentimental para amar o outro.
Você questionou. Você insistiu. Você buscou se conhecer e acabou conhecendo o amor próprio. Agora ficou fácil, né? Não. Agora ficou mais difícil do que já foi um dia, do que é por natureza. Agora, você não tapa o sol com a peneira. Agora, você não usa ninguém para calar sua carência ocasional, você se usa. Agora, você sabe em pouco tempo, ao presenciar pequenas atitudes - o que pode crescer e o que jamais vai passar da condição de semente. Agora, você promete menos, sonha menos e respeita em igualdade com o seu, o sentimento do outro. Noite eterna? Oi e tchau? Foi bom, mas acabou? Render o quê? Render pra quê? A química é afinada, mas e o resto? O que é o resto - se o resto é tudo que você não aceita, não quer e não admira? Restos? Agora, você anda feliz na sua própria companhia. Agora, ainda que só - você conhece a mesmice do fim de cada balada - e entendeu de um jeito doce (e não com a sensação de exclusão) que não existe ali um final que combina com você. Que nenhuma delas vai trazer entre um e outro gole de vodka, alguém com quem você vai passar mais de uma noite. Agora, você é feliz - ainda que deseje um amor e não tenha - e só vai aceitar os sentimentos que cheguem pra somar, pra te tornar alguém mais feliz e melhor. Agora, amizades, noites e flertes, se abrigam num mesmo pacote - só se tornarão parte da sua vida, se forem reais, se tiverem a essência afinada com a sua.
Eu sei, companheiro! Bunda seduz. Peito seduz. Vestido mostra útero seduz. Seduz quem quer um troféu. Seduz quem quer uma noite. Seduz qualquer ser que tem o tesão como objetivo singular - como se a vida se resumisse numa odisséia sexual. Depois que você se conhece, depois que você se ama e descobre o que quer - o que te seduz é a sintonia. Sintonia de essência. Sintonia de horizontes. Sintonia de pensamentos. Sintonia de cheiro, de respeito, de amor próprio. Sintonia… Essa menina rara, que brinca de esconde-esconde. Que parece impossível, que se mostra ausente dia após dia - e que numa hora, num segundo, num verdadeiro passe de mágica - desce do céu e te mostra que os desencontros valeram, que todos erros e tudo mais aconteceu do exato jeito que tinha que ser. E então, finalmente, sua fé em Deus e cada uma de suas prosas com ele ganham um sentido maior - não parece que é amor - não tem jeito nem cara de amor - é amor, apenas amor - e isso basta.
sexta-feira, outubro 07, 2011
UM NOVO AMOR PARA AMAR
quarta-feira, julho 13, 2011
UM CORAÇÃO E MIL INTERROGAÇÕES
sábado, abril 30, 2011
PONTO DE EQUILÍBRIO
Você pode seguir a estrada da razão… Você pode seguir a trilha da emoção… Qual ser humano nunca se questionou em qual direção seguir, a qual sentido se apegar para encontrar a felicidade? Cabeça… Coração… Vertentes distintas, pontos de vista tão opostos e ao mesmo tempo, atraentes. De um lado, a cabeça; que se firma na segurança - do outro, o coração; que só se firma na insegurança, na dúvida que traz o suspiro e o faz bater seguidamente em descompasso. Ela, pauta o racional, sempre frio e calculista - ele, pauta o impulso, o calor e a intensidade. Ela, nos dá a sensação de conforto, de estarmos seguindo com garantias a direção certa - ele, nos dá uma gostosa sensação de desconforto e resume sua falta de garantias na única garantia que o importa: O amor.
Razão… Emoção… Dois extremos, dois lados da vida e da balança. Se viver é um aprendizado diário, orquestrar uma harmonia entre o que pensamos e o que sentimos é um mestrado cotidiano.
A vida é feita de múltiplos caminhos. Você pode ser racional, frio e pouco reativo ao que toca o coração - e talvez assim seja feliz ou quem sabe envelheça nos braços do seu travesseiro… Você pode ser emocional e totalmente entregue aos sentimentos - e talvez assim seja feliz ou quem sabe envelheça nos braços do mesmo travesseiro… Não há nenhuma comprovação científica ou testemunho existencial que aponte um caminho correto a seguir. Não há qualquer receita de comportamento que nos forneça garantias de acerto e felicidade. Vale a razão? Vale! Vale a emoção? Vale também! A nossa vida é feita dessa degustação constante e meio louca, desse mix de extremos que vão e vem - e das experiências que nos tornam seres mutantes e mais adiante, evoluídos. Viva! Vida é para viver, para dar a cara, errar e aprender. É melhor ter a mochila pesada, mas recheada de capítulos bons e ruins - do que vazia, se resumindo a areia por medo de se afogar no mar.
Faz um tempo que o equilíbrio tornou-se o meu foco de vida, um caminho que tento seguir a cada amanhecer. Equilíbrio, apenas equilíbrio… Nada de esquerda ou direita. Nada de ficar em cima do muro ou ter um bom senso meramente social. Nada de amar demais, trabalhar demais ou ter razão demais. Na vida profissional e afetiva, aprendi que extremos não são saudáveis, sabe? Que é fundamental conciliar, ser flexível, achar o meio termo e que isso não significa levar uma vida morna. Que por mais gostoso que seja ter o coração apaixonado batendo freneticamente, é melhor ainda senti-lo amando e batendo em paz. Que por mais fundamental que seja um amor para vida toda, nossos amigos e nossa família são simplesmente insubstituíveis. Que por mais seguro ou politicamente correto que seja ser racional, sozinha, a razão nos esfria, nos furta de sentir - e sentir é igualmente essencial e gostoso. Que mora no equilíbrio desse dueto - sentir e pensar - um caminho, uma estrada, uma trilha para a verdadeira felicidade.
Fiquem bem...
Beijos,
Deco.