terça-feira, outubro 30, 2007

O amor te deixa idiota

Como se já não bastassem os apelativos comerciais na TV querendo nos vender de tudo. Como se já não fosse suficiente o número de pessoas frustradas por não serem “perfeitos” como os estereótipos vendidos pela telinha. Agora existe um comercial que afirma categoricamente: O amor te deixa idiota! É, pode até ser... É um ponto de vista aceitável num momento tão confuso e inverso como o que estamos vivendo agora. É idiotice mesmo querer uma pessoa só. É idiotice mesmo se declarar. É idiotice mesmo pensar em romance, história e casamento. É idiotice pichar o muro da rua de quem você ama. É idiotice fazer serenata de amor em plena madrugada. É idiotice sonhar com um amor para vida toda. É idiotice trocar a balada por um filminho a dois. É idiotice beijar uma boca só, fazer sexo com uma pessoa só. É idiotice se dedicar, se envolver, interagir com uma pessoa só. É idiotice e vem se tornando cada vez mais idiota planejar um futuro bonito num presente tão urgente, efêmero e escroto como o nosso.

Mas daqui, sinceramente, idiota pra mim é toda essa tribo liberal, descolada e moderninha. Idiota pra mim é você usar uma máscara que mal cabe na sua cara. Idiota pra mim é você sair de casa por obrigação, por não se agüentar, por ter que ir, por ter que bater ponto e não por estar a fim. Idiota pra mim é você beijar nove pessoas, transar com oito e não se apaixonar por nenhuma delas. Idiota pra mim é você ficar pagando de difícil enquanto seu coração implora por um encontro. Idiota pra mim é você achar o máximo dar end nas pessoas que te ligam. Idiota pra mim é você se contentar com os 2.769 sraps do seu Orkut que não dizem nada e nem acrescentam porra nenhuma na sua vida. Idiota pra mim é você ter a agenda cheia e o coração vazio, é conhecer 998 pessoas e não ter ninguém para te dar boa noite. Idiota pra mim é você precisar de música eletrônica, ecstasy e maconha para se sentir feliz. Ser idiota pra mim é tudo isso. É você não insistir. É você não persistir. É você não pagar o preço e lutar pelos seus sonhos, idéias e ideais... Sim, “owww”! Bem na linguagem da tribo mesmo, isto é que é ser verdadeiramente idiota.

Alô Amor! Onde quer você esteja anote o meu recado! Precisamos de mais pessoas idiotas nesse mundo. Precisamos de mais gente pichando frases de amor em nossas muralhas antifurto. Precisamos de casais se beijando debaixo de chuva, no meio da rua em uma tarde qualquer. Precisamos de mais romances fazendo bonito, enfeitando as horas, colorindo o ar que a gente respira. Precisamos de mais gentileza, de mais poesia e sinceridade. Precisamos de mais bebês e crianças jorrando ternura, pureza e inocência em nossas vidas. Precisamos sim. Precisamos mesmo. É pra ontem. Precisamos de mais arrepios, mais sentimentos e menos razão. Precisamos do olho no olho, do beijo e do abraço, de passear de mãos dadas domingo no shopping. Precisamos de mais verdade e calor para mostrar aos verdadeiros idiotas desse mundo que são eles que estão na contramão, não nós.

Fiquem bem...
Beijos,
Deco.

quinta-feira, outubro 11, 2007

Trilha Oculta



Essa é a trilha sonora de um casamento que não vai acontecer. Não procure pelos noivos. Não pergunte pelos padrinhos. Não se preocupe com os detalhes. Não existem convidados nem festa. Não vai ter cerimônia nem pajem. Não vai ter troca de alianças, beijo na boca e nem lua de mel. Essa é apenas mais uma trilha sonora entre tantas outras... Apenas mais uma relação que chegou ao fim como tantas outras.

Está difícil acreditar. Está difícil entender. Está difícil aceitar e ser forte. Está sim, não tenho porque mentir... Sou homem, mas tenho coração. É muito triste perder alguém que você ama pra caramba por motivos tão banais. E tão triste quanto e bem mais complicado ainda é viver num mundo que não é mundo, entre pessoas que não são pessoas. Verdade seja dita. Estou completamente sedado. Literalmente fora do ar. Não sei para onde ir. Não sei em quem acreditar. Não sei o que pensar e nem como agir. A verdade é que eu não me enquadro bem nesse mundinho medíocre que existe aí fora. Falta sintonia. Falta identificação. Falta entendimento. Falta vontade. Falta respeito. Enfim... Falta tudo. Não tenho mais 20 anos. Estou velho, seletivo e definitivamente, não tenho jogo de cintura e paciência sobrando para freqüentar raves, trances e psyco-xxxxxx-periences. Detesto essas modinhas. Detesto o público dessas modinhas. Tenho preguiça de baladas, pânico de filas e ojeriza a pessoas que não tem nada a ver comigo. Sim, terminar uma relação de amor é uma coisa bem desagradável, mas recomeçar é um autêntico soco no estômago. Tudo que se vê é a contra mão do seu sonho... Tudo que se sente é um vazio contínuo que sempre deságua em solidão.

Assim, mal cabendo dentro de mim, sigo questionado o verdadeiro propósito da vida contemporânea. Onde está o sentido? Onde estão os sentimentos? Onde está o amor? Onde está a felicidade? A essência? O valor? Onde mora a verdadeira razão dessa imensa podridão? Não sei. Tudo se perdeu. Todos se perderam no individualismo, no egoísmo exagerado, na futilidade sem fim.

Eu sou um cara que tem um sonho bem simples. Um cara que persegue esse sonho e que com ele vai morrer custe o que custar. Não vou abrir mão da minha essência, dos meus conceitos e valores por causa uma ou outra desilusão. Não deu? Fé e paciência. Graças a Deus, sou forte, do bem e muito iluminado. Amo meu trabalho e quero mesmo uma esposa bacana e filhos pulando na minha cama de manhã cedo. Idéia falida? Fórmula ultrapassada? Pode ser... Talvez eu esteja mesmo exigindo muito de um mundo podre com pessoas mais podres ainda. Mas não posso fazer nada... Essa é a poesia que me alimenta. É o que me guia. É o que me faz acordar todos os dias e querer ser uma pessoa melhor. Não vou castrar o meu foco, não vou demitir meu coração e colocar uma pastilha na língua para pular feito sapo durante algumas horas. Não vou acender um baseado, ligar um Bob Marley e ficar viajando no reggae para ver se a angústia passa.

Num tempo de amores virtuais e fajutos eu insisto em olho no olho. Insisto em química, cumplicidade e destino. Num tempo de tanta falsidade e tanta máscara, gosto da realidade e sei, realidade dói demais. Mas abraço essa dor que o tempo leva e essa solidão, que ora me consome outrora me fortalece. Prefiro amargar a viver na ilusão alucinada, fazendo de conta que o céu é cor de rosa e que as pessoas são humanas.

Fiquem bem e se cuidem.
Beijos,
Deco.

terça-feira, outubro 02, 2007

Amor e Tempo - Ódio e Fim


Hoje eu queria não amar. Só por esse dia eu queria não amar. Por uma hora, por um minuto, por um segundo apenas, eu queria não amar. Para lembrar menos, para doer menos, para magoar menos, para chorar menos, eu queria não amar. Para ter menos saudade e menos ódio, para ter mais fome e menos insônia, eu queria não amar. Porque o amor não tem antídoto. O amor não tem saída. O amor não tem remédio. Porque o amor não tem substituto, não tem vacina e nem cura que não seja o tempo. Um tic-tac lento e contínuo, um batido seco e indefinido, um ir sem rumo e sem sentido que rasga o peito e tira a cor, a graça e a felicidade de tudo que me cerca. Sim, eu queria mesmo não amar, mas eu amo demais.

Não. Não dá pra esquecer assim. Não tão rápido. Não tão fácil. É amor, entendeu? Amor! Ah.Eme.Oh.Erre. Não dá pra expulsar do coração da noite pro dia. Não dá pra deletar do peito como se fosse um arquivo com vírus, não dá para jogar no lixo como um cd arranhado. Claro que esse era um risco bem conhecido, não é meu primeiro amor, mas naquela altura, completamente apaixonado, não dei muito ouvido aos avisos do passado, quem dá? Acreditei, mergulhei de cabeça e me entreguei literalmente. Agora é tarde. Não adianta fingir, não adianta usar aquelas receitinhas medíocres pós-término tipo: “Seja racional! Caia na balada! Conheça outras pessoas! Se divirta! Se esbalda! Espaireça que logo passa! Um amor se esquece com outro amor!” Am! O amor não passa não... Você não está lidando com uma paixãozinha de uma noite e nem com uma ficante que você não lembra nem o nome. Quem passa é o tempo e ora ou outra, não é sempre, consegue levar o amor com ele. Fora isso, melhor rezar! Na balada ou na festinha do ano, o rosto de quem se ama se mistura com múltiplas caras utopicamente alegres e as cenas de um amor bonito se cruzam com o vazio de um cenário repleto de nada. Filas (no estacionamento, na porta, no caixa, no banheiro e não sei onde mais), vodka, gente estranha e música eletrônica. Muito alvoroço e pouca essência. Muita máscara e pouca realidade. Muita casca e pouco conteúdo. Copos cheios. Corações vazios. Ô pacotinho fudido! A solidão berra explícita em meio a multidão e eu atado, entorpecido de amor, sem poder fazer absolutamente nada. É uma rua sem saída... É um buraco sem fim onde não adianta ir e não adianta ficar. Em casa e em todos os outros lugares que existem, lá estão os traços, os pedaços, os retalhos e estilhaços do que se passou. É o cheiro no travesseiro. É uma peça de roupa esquecida no armário. É um cantinho qualquer onde se passaram momentos mágicos. É uma música que toca quando você menos espera. É um mundo infinito de memórias que te cercam, que te consomem e que te engolem.

Aonde vou, aonde estou, o amor me segue. Essa é a verdade. O amor está comigo e irá aonde eu for. E todo esse universo, todas essas coisas e lugares e pessoas só me trazem mais tristeza e saudade. Saudade de uma parceria bacana. Saudade de uma cumplicidade perfeita. Saudade de uma química inigualável. Saudade de uma história com essência. Saudade de um amor que não se vê por aí em qualquer esquina. Um amor que se foi e que deixou a dor, que deve ser encarada, sentida e vivida com a mesma intensidade que ele foi. Para que um dia, daqui algum tempo, eu possa acordar mais leve, mais forte e mais feliz outra vez.

Fiquem bem e se cuidem.
Beijos,
Deco.