sexta-feira, julho 18, 2008

TRINTA E UM


É muito simples... Quando você quer ir à lua, tem que se preparar durante anos e anos. Tem que estudar como um louco, fazer cursos, uma infinidade absurda de testes físicos e aprender a viver a vida de outro modo, sem gravidade, sem gente, sem isso, sem aquilo e sem sei lá mais o quê. Não adianta! Você pode ter o dinheiro ou a capacidade que for e mesmo assim não pode entrar numa nave e no estalo dizer: Eu vou! Afinal, ir a lua não é como pegar o carro e ir comprar pão na padaria da esquina. Tem que saber o que está fazendo, tem que estar preparado e ciente de todos os riscos, dos prós e dos contras (que tudo, absolutamente tudo na vida tem). Assim, desta mesma forma, eu vejo o amor e o casamento.

Não adianta você achar que está pronto. Não adianta querer. Não adianta sonhar... Você tem que, literalmente, estar pronto. Tem que, também literalmente, já ter vivido o suficiente para ter certeza e se conhecido mais do que suficiente ainda para dividir sua vida, sua cama e seu cotidiano com alguém. Não basta achar, não basta desejar, não basta disposição e paixão apenas. Não se você é alguém que não admite se casar por casar, embalado naquela máxima moderna - e escrota, estúpida e idiota - de que “se não der certo, separa”. Ainda assim, mesmo depois de tudo, quando você já entender que está pronto, quando você enfim tiver certeza absoluta de tudo isso aí em cima, você descobre que ainda não é o suficiente. Nesse ponto, nessa hora, ir à lua se torna algo bem mais fácil e prático... Basta que você tenha cumprido a risca cada etapa, que tenha estudado e se dedicado direitinho, que você vai. Pronto!
Mas para o amor e fundamentalmente para o casamento, isso não é bastante.

Ninguém se casa sozinho. Ninguém se casa consigo mesmo. Falta outro alguém... Falta outra parte... Uma parte que não depende exclusivamente de você ou meramente dos lugares que você freqüenta. Uma parte que mescla destino com sorte e química com amor. Portanto, para essa parte, é preciso paciência, muita paciência. Você tem que saber esperar e esperar e esperar... E esperar, eu garanto, é um dom viu? Haja paciência, vodka e cigarro para esperar por algo que você deseja com tanta volúpia e que ainda não viveu. Haja noites em claro, pensamentos perdidos e vontades incubadas que se esparramam pelo chão do seu quarto em todas as manhãs. Haja tanta coisa, tanto sentimento, tantos filmes que vão e vem na sua cabeça. Lembranças, memórias, estilhaços de passagens que o tempo parece não ser capaz de apagar (e que talvez nem deva). Vale mesmo lembrar, de cada erro que você cometeu, para que ele fique nítido e não se repita. Vale lembrar, do valor das coisas, das pessoas e do quanto é bom e gratificante acordar com amor pulsando, batendo forte dentro peito.


É... Viver com sede de amor nos dias de hoje não é uma tarefa fácil. Você insiste e o mundo insiste contra. Você odeia as baladas e o mundo diz que você não será feliz sem elas. Você se furta da sociedade e ela se furta de você. É automático, real e seco. Você investe em pessoas que não merecem sua companhia. Você aposta em coisas que não tem absolutamente nada a ver com sua essência. E então, você se fode... Você se complica... Você se fere fundo... Você bate com a cara na porta uma, duas, mil e trezentas vezes. Você se perde. Você se questiona. Você não entende, mas você aprende (e dessa parte aí eu gosto muito). Você aprende! Aprende e se vacina... Por isso me recolhi. Por isso estou e continuarei na minha. Longe de ondas e mais longe ainda de quem vive nelas. Como diz uma frase que conheço: “Remar contra a maré cansa, mas deixar a maré levar, afoga”. É isso! Mesmo que o mundo me veja mais sozinho do que de fato estou. Mesmo que me cubram de rótulos. Mesmo que a pressão seja incômoda e chata como de fato é. Eu não vou contra o que eu acredito. Não vou contra minha experiência. Não vou contra o meu coração e muito menos na onda de povinho "descolado" nenhum. Reservado. Fechado. Anti-social. Polêmico. Vejam-me como quiserem... A vida é minha e o que todos vêem, é só o meu jeito... É só minha forma de ver as coisas, as pessoas, o mundo. É só minha sede de amar para sempre, de ser marido, de ser pai. O resto eu já vivi e se me permitem a transparência costumeira, não quero mais. Se o que estou vivendo agora é uma espécie de preço que devo pagar para viver o que eu quero, o que eu desejo, o que eu sonho todas as noites... Tudo bem, eu aceito, eu pago.

Feliz amor para vocês, sem ele, definitivamente, não somos nada.

Beijos,
Deco.