quinta-feira, novembro 25, 2010

A HORA CERTA… E A TAL PESSOA CERTA


A vida leva e traz… Quem escapa? Entre a juventude e a fase adulta, momento em que passamos a nos interessar de forma mais madura pelo amor e pelas relações afetivas e efetivamente mergulhar no mundo do sentir, começa um vai e vem, um tradicional entra e sai de pessoas em nossas vidas e em nossos corações. Começa também, por conseqüência, um vínculo forte e profundo, um envolvimento imediato de nossas famílias e amigos com essas mesmas pessoas. E então nosso universo particular, nosso próprio mundo, torna-se um espectador afetivo de nós mesmos… Um espectador que logo mais entre nossas idas e vindas, sucessos e insucessos amorosos, vai se preocupar, nos cobrar, questionar e dar conselhos de toda sorte.


Tudo bem? Tudo ótimo! Nada é mais óbvio, natural e comum do que as pessoas que nos amam se preocuparem com a gente, não é mesmo? É normal e igualmente bem intencionado, que pessoas com mais experiência e sabedoria ou que já viveram situações parecidas ao longo da vida, tentem nos orientar, nos confortar e nos mostrar o caminho que entendem ser melhor e mais feliz pra gente num momento de fragilidade. O que não rola de escutar é que aquela pessoa era ótima e que era impossível dar errado. O que incomoda é quando pessoas que meramente cercavam a relação, baseadas em pré-conceitos que existem apenas em suas cabeças, comecem a tentar te obrigar a pensar como elas, a enxergar sua parceira da mesma forma que elas enxergam. Quem está de fora enxerga melhor, mas não vive o que você viveu. O que não desce legal é ouvir de maneira super tendenciosa, que você é um bom partido e não podia (em tom de regra) estar solteiro numa cidade com tantas "mulheres" lindas. O que é difícil escutar e digerir é uma convenção social, um discurso conformista que reza: Na hora certa, aparece a pessoa certa.


Hora certa? Pessoa certa? Historinha… A vida não é exata nem certinha… Hora. Lugar. Momento. Pura bobagem… Ninguém escolhe onde, quando ou como vai conquistar ou ser conquistado por alguém. Ninguém é verdadeiramente certo ou errado pra ninguém. Somos donos de nossos atos, de nossas escolhas e opções, não da bola de cristal. Amor não tem receita de bolo e o conceito de certo e errado é relativo, depende da cabeça, do berço e dos sonhos que temos - e também das sementes que plantamos por onde passamos. Ainda que convenções existam, e insistam, e permaneçam, a verdade absoluta vai seguir livre, limpa e viva na liberdade de cada um de nós.


A verdade? A minha verdade é que não existe hora e tampouco pessoa certa na nossa vida. Existe a nossa interação com a vida que acontece e se edifica diariamente pelos nossos gestos, pensamentos e atitudes. Existe errar e consequentemente aprender, amadurecer, evoluir - e existe a persistência de insistir nos mesmos erros. Existe estar afim - e existe não estar afim. Existe dar certo - e existe não dar certo. Existe querer construir uma relação bacana com uma só pessoa e existe também querer construir toda sorte de relações passageiras com várias pessoas. Existe amar e existe fingir que ama. Existe quem sempre segue a razão, que curte andar com os pés fincados no chão - e existe quem ousa, quem se entrega ao sentir se permitindo voar. Existe a sinceridade e existe o jogo. Existe o bem e existe o mal… Sempre vai existir! Existo eu, existem vocês e em cada existir, existe a nossa liberdade, o nosso conjunto humano - corpo, cabeça e coração - dizendo qual caminho será trilhado. E mora nesse caminho a raiz de nossos frutos, a razão do nosso amor.


Está cada vez mais difícil, mais raro e mais fora de moda? Mentira! Está e sempre estará ao nosso alcance. Depende de foco, maturidade e química. Depende da vontade, sempre opcional, de ser singular ou plural… De trocar o eu, individual e egocêntrico, pelo nosso - e construir.


p.s: Antes que eu me esqueça, Boas Festas e um Feliz 2011! Dificilmente, como a freqüência pequena deixa claro, terei tempo de voltar aqui esse ano. Desejo mesmo, de coração, tudo de melhor para cada pessoa que escreve comigo essa trilha. Valorizo demais esse ir e vir, essa troca, essa entrega recíproca e evidente em cada texto aqui publicado. Vocês são demais!


Fiquem com Deus.

Beijos,

Deco.