quinta-feira, novembro 25, 2010

A HORA CERTA… E A TAL PESSOA CERTA


A vida leva e traz… Quem escapa? Entre a juventude e a fase adulta, momento em que passamos a nos interessar de forma mais madura pelo amor e pelas relações afetivas e efetivamente mergulhar no mundo do sentir, começa um vai e vem, um tradicional entra e sai de pessoas em nossas vidas e em nossos corações. Começa também, por conseqüência, um vínculo forte e profundo, um envolvimento imediato de nossas famílias e amigos com essas mesmas pessoas. E então nosso universo particular, nosso próprio mundo, torna-se um espectador afetivo de nós mesmos… Um espectador que logo mais entre nossas idas e vindas, sucessos e insucessos amorosos, vai se preocupar, nos cobrar, questionar e dar conselhos de toda sorte.


Tudo bem? Tudo ótimo! Nada é mais óbvio, natural e comum do que as pessoas que nos amam se preocuparem com a gente, não é mesmo? É normal e igualmente bem intencionado, que pessoas com mais experiência e sabedoria ou que já viveram situações parecidas ao longo da vida, tentem nos orientar, nos confortar e nos mostrar o caminho que entendem ser melhor e mais feliz pra gente num momento de fragilidade. O que não rola de escutar é que aquela pessoa era ótima e que era impossível dar errado. O que incomoda é quando pessoas que meramente cercavam a relação, baseadas em pré-conceitos que existem apenas em suas cabeças, comecem a tentar te obrigar a pensar como elas, a enxergar sua parceira da mesma forma que elas enxergam. Quem está de fora enxerga melhor, mas não vive o que você viveu. O que não desce legal é ouvir de maneira super tendenciosa, que você é um bom partido e não podia (em tom de regra) estar solteiro numa cidade com tantas "mulheres" lindas. O que é difícil escutar e digerir é uma convenção social, um discurso conformista que reza: Na hora certa, aparece a pessoa certa.


Hora certa? Pessoa certa? Historinha… A vida não é exata nem certinha… Hora. Lugar. Momento. Pura bobagem… Ninguém escolhe onde, quando ou como vai conquistar ou ser conquistado por alguém. Ninguém é verdadeiramente certo ou errado pra ninguém. Somos donos de nossos atos, de nossas escolhas e opções, não da bola de cristal. Amor não tem receita de bolo e o conceito de certo e errado é relativo, depende da cabeça, do berço e dos sonhos que temos - e também das sementes que plantamos por onde passamos. Ainda que convenções existam, e insistam, e permaneçam, a verdade absoluta vai seguir livre, limpa e viva na liberdade de cada um de nós.


A verdade? A minha verdade é que não existe hora e tampouco pessoa certa na nossa vida. Existe a nossa interação com a vida que acontece e se edifica diariamente pelos nossos gestos, pensamentos e atitudes. Existe errar e consequentemente aprender, amadurecer, evoluir - e existe a persistência de insistir nos mesmos erros. Existe estar afim - e existe não estar afim. Existe dar certo - e existe não dar certo. Existe querer construir uma relação bacana com uma só pessoa e existe também querer construir toda sorte de relações passageiras com várias pessoas. Existe amar e existe fingir que ama. Existe quem sempre segue a razão, que curte andar com os pés fincados no chão - e existe quem ousa, quem se entrega ao sentir se permitindo voar. Existe a sinceridade e existe o jogo. Existe o bem e existe o mal… Sempre vai existir! Existo eu, existem vocês e em cada existir, existe a nossa liberdade, o nosso conjunto humano - corpo, cabeça e coração - dizendo qual caminho será trilhado. E mora nesse caminho a raiz de nossos frutos, a razão do nosso amor.


Está cada vez mais difícil, mais raro e mais fora de moda? Mentira! Está e sempre estará ao nosso alcance. Depende de foco, maturidade e química. Depende da vontade, sempre opcional, de ser singular ou plural… De trocar o eu, individual e egocêntrico, pelo nosso - e construir.


p.s: Antes que eu me esqueça, Boas Festas e um Feliz 2011! Dificilmente, como a freqüência pequena deixa claro, terei tempo de voltar aqui esse ano. Desejo mesmo, de coração, tudo de melhor para cada pessoa que escreve comigo essa trilha. Valorizo demais esse ir e vir, essa troca, essa entrega recíproca e evidente em cada texto aqui publicado. Vocês são demais!


Fiquem com Deus.

Beijos,

Deco.

sexta-feira, setembro 10, 2010

ENSAIO SOBRE O SILENCIO


Shhh... Silêncio.

Essa é a história de um cara que num momento extenso de sua vida, que durante um longo instante no tempo se incomodou com o silêncio de maneira absurda, que fez do silêncio um quase inimigo. Não, você errou a aposta... Isso não se deu durante uma crise adolescente com compulsiva obsessão por barulho, música alta ou conversa fiada. Essa é a história de alguém que extraia ou que sabia extrair do silêncio apenas a sensação de ausência, frio, solidão e vazio. Como se naquele momento, como se naquele buraco de som faltasse algo a sua volta... Sozinho, a dois, repleto de amigos ou na melhor festa da cidade... Lá estava o silêncio, o mute da vida real... Calado. Gelado. Seguro. Triste como se as palavras fossem mesmo algo indispensável - e não são.

Ano vinha, ano ia e a cada oportunidade em que o silencio imperava a sensação era mesma... Ausência. Vazio. Falta. Mas de quê especificamente, você vai questionar... Um beijo demorado? Um mundo melhor? Frases mais inteligentes? Gente mais gente? Amor? Não. Apesar das perguntas aí de cima serem todas pertinentes e representarem carências da modernidade, não. A falta que ele sentia de forma tão intensa era muito simples e ele não se tocava... A falta era de ouvir o que silêncio dizia sem dizer uma palavra sequer. A falta era de calar e deixar calar... A falta era de ouvir ao invés de falar. A falta era de sensibilidade mesmo, de não sintonia com o que o silêncio queria dizer e dizia - sempre.

Essa é a história de um cara que odiou o silêncio por boa parte de sua vida e que em tempo, aprendeu a amá-lo. A história de quem aprendeu no vazio que o silêncio fala tão alto quanto a voz de um tenor. Em alto e bom tom, tem o som da indiferença, da sabedoria, de palavras que dispensam ser ditas. Traz silencioso como si, chão de sentimento e reflexão. Enche de verdade o mais sincero e verdadeiro gesto que esse cara já conheceu, o olhar. O olhar de quem se detesta, de quem se ama, de quem se entrega por inteiro quando alguém acerta o seu coração.

Não desconfie do silêncio. Escute-o... Respeite-o. A sua falta de som na maioria das vezes quer dizer o que você devia ouvir enquanto fazia barulho - e não ouviu... O que você queria sentir enquanto falava continuamente - e não sentiu. O brilho entregue nos olhos, único, que chama o arrepio pelo nome e que apenas se vê quando se cala.

Fiquem bem, se cuidem e me desculpem a ausência.
Beijos,
Deco.

sábado, julho 17, 2010

TEORIAS MODERNAS


Você se admite apesar de seletivo, completamente aberto ao amor. Você insistentemente sonha em tempos tão moderninhos em ser homem, marido, pai. Você não tem mais 15 anos e bem sabe que que dar de cara com o amor e construir uma relação bonita não é nada facil. Você já se fudeu oito milhões de vezes por sentir com tanta intensidade - e mesmo assim, idiotamente, segue intenso. Você já se prometeu seis milhões de vezes, olhando para esse mesmo espelho, parar com essa levada romântica, doce, amorosa e totalmente fora de moda. Você já sofreu demais por ser um canceriano maluco que deixa, sem pontuar, o coração levar - e continua se entregando sem jogo, sem narizinho. Você tem sua sexualidade questionada apenas por ser homem e falar de sentimentos - apenas por querer amar.

Você não é perfeito como as pessoas pensam - nem teórico como as pessoas são. Você escreve histórias bonitas e fantasia personagens, mas você mesmo - aqui - atrás dessa tela fria - é de verdade. Não foge quando o coração bate mais forte. Não finge para se garantir. Não paga de insensível. Não brinca com o sentimento das pessoas. Você na verdade é um bobo, sabia André? Bobagem sua essa sede de amor. Caretisse essa idéia de essência, sintonia e olhos nos olhos. Perda de tempo essa fome desmedida de verdade. Futilidade. Mentira. Falsidade. É essa a merda da moda que pegou, o combustível que move a grande maioria das pessoas. Pare de sonhar... Pare de querer que seus sonhos se transformem em realidade!


Você não combina com o mundo moderno... E vai morrer sem combinar!


Você não combina com essa futilidade... E vai morrer sem combinar!

Você não vai mudar o mundo, e eu sei... Ele vai morrer sem te mudar.


Fiquem bem.

Beijos,

Deco.

sexta-feira, junho 25, 2010

FOI AMOR?

Viver é aceitar-se em constante processo de mudança. Não há dia que passe em branco e que nada nos ensine. Não há momento ou passagem que não deixe como rastro uma lição para a vida toda. Não há encontro ou desencontro que seja nulo, que não nos faça parar, rever, refletir. Não há fase boa ou má que não nos faça mantê-la ou superá-la e conseqüentemente, numa vertente ou em outra, evoluir como pessoa. Acaso... Sorte... Destino... Azar... Tanto faz como se acredita ou a maneira como se verbaliza os fatos que acontecem com a gente. Tanto faz de onde chegam e a razão pela qual eles se dão... Seja noite ou dia, tarde ou madrugada, numa inocente fração de segundos, a vida faz acontecer.

Conheço gente que questiona. Conheço gente que reclama. Conheço gente que condena. Conheço também gente que agradece e vai... Sei, que é esse constante e acelerado vai e vem de pessoas, memórias e sentimentos em nossas vidas, o que constrói nossa personalidade, tatua nossa essência e forma nossos conceitos - que sim, é claro, amanhã cedo podem mudar novamente. Da infância a velhice, do nascimento ao último dia de vida... Entre erros e acertos, perdas e ganhos, experiências e sensações, mudamos... Os planos, sonhos, hábitos, horizontes, desejos... Você pode ser adepta da zona conforto, geniosa ou inflexível... Vai mudar também. Ninguém morre igual. Mesmo quem não amadurece e quem não aprende... Mesmo quem insiste em permanecer uma vida inteira no mesmo erro, cedo ou tarde, muda.

Há algum tempo atrás, não me lembro em qual texto especificamente, afirmei ter amado duas mulheres na minha vida. É verdade, Deco? Sinceramente, eu não posso afirmar. Não estou aqui para menosprezar relações que se foram - tampouco para desmerecer quem as viveu comigo. Mas quando paro hoje e olho para o passado, diante da incompatibilidade das citadas relações com a minha atual idéia de amor, eu diria de boca cheia: Não... Eu não amei! Talvez o homem que eu era naquele tempo tenha amado profundamente. Talvez aquele André tenha conseguido amar entre tanto ciúme doentio, possessão e desconfiança. Talvez aquele André, que traía descaradamente sem o menor peso na consciência - tenha amado de verdade. Talvez aquele André imaturo e egocêntrico - como tantos outros que existem por aí - falava “EU TE AMO!” só por falar e amava mesmo. É... Aquele André pode mesmo ter amado! Assim, desse jeito babaca, egoísta e infantil, ele amou e foi amado de verdade.

Para o André de hoje, o Deco que aqui escreve... Amor é sinônimo perfeito de paz. E o que seu coração anda babando para sentir, tem tudo a ver com o que expressou com muita sabedoria alguém que já dividiu um texto com ele e que cabe perfeitamente aqui ser citada:

Trecho de EM PAZ escrito por Brena Braz (clique no nome para ler o texto na íntegra)

“Paz é uma sensação de dever cumprido. De uma obra entregue no prazo. De fiz meu melhor. Paz é o final de um espetáculo de teatro depois que as cortinas se fecham. Paz é um par de olhinhos te olhando com admiração e respeito. Paz é uma sensação para poucos, mas aqueles que a experimentam não trocam por nenhuma outra sensação do mundo que possa se acabar num piscar de olhos. Se eu pudesse dar uma fórmula mágica da paz em um texto, eu daria. Mas, por enquanto só posso descrever um pouco do que estou conhecendo. Que não é quente, não é frio e muito menos morno. É leve, é novo, é seguro. Paixão, como eu ia dizendo, tem muito mais a ver com medo do que com amor. O amor é leve. É maduro. É terra firme de se pisar. A sensação de paz é um sentimento tão nobre quanto o amor, só que mais apurado. A paz é sublime.”

Se cuidem.
Beijos,
Deco.

sexta-feira, junho 18, 2010

domingo, junho 13, 2010

POR UM DIA DO AMOR


Sobre o Dia dos Namorados: Eu nunca escondi de ninguém minha aversão por datas comerciais. Não curto mesmo essa coisa previsível que quase impõe um consumismo alucinante e verdadeiramente pobre, sem cara. Não consigo digerir essa mídia massiva e tendenciosa que vincula a compra de presentes ao encontro com a felicidade e o amor. É tradicional? Sim, vá lá... Mas acredito que a vida é um presente a ser celebrado diariamente, mesmo entre tanta correria, urgência e loucura de nossos cotidianos... Você tem um amor e não apenas um(a) acompanhante de fachada? Meus parabéns e feliz amor para você! Ao resto, amem a si e como diz o sábio Mário Quintana: “Cuidem do seu jardim...”. O amor, dia mais dia menos, atravessa teu caminho e prova logo que ele é realmente o que existe de melhor em nós.

Se cuidem...
Beijos,
Deco.

quinta-feira, maio 27, 2010

SOBRE ESCOLHAS


Eu sei que soa clichê a famosa frase que diz: A vida é feita de escolhas!

Eu sei que existe algo lógico e aparentemente óbvio nessa expressão - que convenhamos, é uma puta verdade! Eu também sei que a escolha é uma posição que nos acompanha desde pequenos... Quando nem mesmo sabíamos o que de fato estávamos escolhendo. Num tempo em que nossos critérios eram mais simples, sensíveis e bonitos... Da escolha de uma carteira onde iríamos assentar para assistir as aulas até as coleguinhas, com quem anos mais tarde, trocaríamos o primeiro beijo da nossa vida.

Tantos caminhos, tantas direções, tantas escolhas... E escolher parece simples, parece natural e fácil, até mesmo quando nos deparamos com uma centena de opções.

Vocês podem voltar no tempo comigo um pouquinho?

“Eu quero ficar com ela, por que ela é a mais linda do colégio... Eu quero ficar com ele, por que ele é o mais gato da minha sala... Eu quero ficar com ela, por que ela gosta muito de mim... Eu quero ficar com ele, por que todas as minhas amigas já ficaram... Ah! Eu quero ficar com ela, por que ela é a cara da Jade - para os mais esquecidos, Luciana Vendramini, a ninfeta top da Rede Globo no final dos anos 80. Ah! Eu quero ficar com ele, por que ele é a cara do Matosão - para as mais esquecidas, o vampiro galã da novela Vamp protagonizado por Flávio Silvino.”

Pegando uma carona nessa nostalgia toda, preciso registrar uma lembrança doce da memória: Nesse mesmo tempo, tão antigo e bonito, eu conheci a primeira paixão da minha vida: A professora Stael. Ela dava aula para a segunda série quando eu cursava a terceira, no bucólico Instituto Nossa Senhora do Carmo, colégio onde cursei a 3ª e 4ª série do primário. Stael! Ah Stael! Eu tão menino e você tão mulher... Eu sabia que não tinha a menor chance... Eu sabia que nossa diferença de idade transformava meu amor em sonho... Eu sabia que o sentimento era eternamente platônico... Sabia e mesmo assim, falseando uma sede desértica, saia mil vezes de sala só para te namorar pelo vidro da porta da sua sala... E mesmo assim, todos os dias quando eu voltava da aula, colocava a fita K7 da Tracy Chapman e ouvia 600 vezes - Baby Can I Hold You - pensando em você... Stael! Vinte anos se passaram e hoje, mesmo sabendo numa prosa de pescaria com o meu pai que vocês se envolveram naquela época... Sempre que tocar essa musica eu vou me lembrar de você, da primeira vez que o meu coração bateu mais forte por alguém.

Devolvendo a nostalgia para a memória, posso afirmar: A vida é - e sempre será feita de escolhas! Escolhas estas que não se mostram nítidas e concretas nesse modernismo urgente, carente e virtual... Que regrou, utopicamente, que não escolher é uma forma de escolha. Que definiu, custando solidão, depressão ou angústia, que a liberdade é o tesouro dourado da humanidade, nossa bandeira, nosso motivo de existir. Que ditou falsamente, eu insisto, que feliz é quem que não constitui família, quem troca sua essência para ser, pensar e sentir do jeito que a moda manda - da forma fake que a mídia quer.

Quando pensamos hoje, tanto tempo depois, realmente nossas escolhas infantis parecem estranhas, idiotas e platônicas. Mas querem saber? Eu tenho é muita saudade delas, viu? Estranhas, idiotas, platônicas... Eram puras, afetuosas, inocentes. Despidas desse interesse social, materialista e nojento. Despidas desse querer desmedido, dessa vontade de sexo casual e numérico. Despidas da falta de valor, ternura e cumplicidade. Despidas desse jeito covarde que escolhe um caminho pensando em todos os outros que não seguiu... Despidas desse foco no umbigo, desse egoísmo avulso que não constrói amor nenhum. Despidas enfim de solidão e desespero, desses humanos que se resumiram muletas, meras muletas uns dos outros.

Se cuidem...

Beijos,

Deco



quarta-feira, abril 28, 2010

CONVERSANDO COM O CÉU


Você tenta negar... Você tenta esconder... Você tenta omitir... Você tenta relaxar, levar a vida numa boa e acreditar que depende da sorte, de um destino certeiro e bonito como nos filmes de romance hollywoodianos. Você tenta suprir sua ausência insubstituível com amigos e amigas, entre desabafos e prosas intermináveis que varam as madrugadas. Você tenta de um jeito quase desumano, expulsar do corpo seu coração canceriano e louco, para enfim aceitar que a vida afetiva neste século é assim... Racional. Livre. Morna. Individualista. Escrota. Você tenta seguir com a esperança de que um dia Deus acorde com um inesgotável bom humor e ilumine seu caminho, muito além do que iluminou por todos esses anos. E forçando as mais diversas adaptações, você tenta ser o que o mundo pede, aliás, exige, impõe! Tenta se iludindo... Lutando, brigando, ignorando na raça seus sonhos fora de moda para se sentir mais leve e afetivamente confortável. Assim como faz a incrédula e carente maioria, você cria teorias e porquês fantasmas para ludibriar seu próprio emocional. E então, Parabéns! Você se rende a idiotice de ser descolado e feliz como todos parecem ser.

Fantasia... Ultrapassado... Utopia... O amor é careta, falido, descartável. O amor é opcional... Adoro essa! Escutaram? Opcional... Que prático! Que bonito! Dia após dia, você escuta as mais variadas e criativas oposições ao sentimento que simplesmente nos colocou no mundo. Dia após dia, você escuta e faz como todos, não se revolta... Acredita na receita moderna, no liberalismo afetivo que fudeu o amor e segue fudendo boa parte da nossa geração! Mascarado, escondido, covarde e vazio... Você vive sem amor com muita felicidade, se descartando com as tantas piriguetes e os igualmente fartos pega-piriguetes que vivem em promoção pelos cantos da cidade. Você se sente completo, irradiante e realizado freqüentando lugares que nunca curtiu... Conhecendo pessoas com conceitos e horizontes nada a ver com os seus. Beijando bocas tão avulsamente gostosas e especiais, que nem do nome você consegue se lembrar. Perdendo o tempo que não volta, tentando de maneira auto suficiente e infantil, acreditar que vai nascer algum sentimento num coração que não ama ninguém além de si mesmo.

Funciona? Adoça? Alimenta? É óbvio que não! É mais uma mentirinha, isso não passa de historinha fajuta, de neurônios queimados em vão... Não há um caminho feliz para quem foge de si . Não dá pra fazer de conta se o amor é mesmo, o maior tema, o maior foco, o protagonista pulsante da minha vida e por conseqüência, desse blog. Como posso falsear se o que mora no meu peito troca a batida certinha pelo descompasso? Como esconder o desejo, a sede de amar, se ao fim dessas noites, tardes e festinhas babacas, eu mesmo, o observador inquieto que contesta acidamente o mundo e a vida moderna, se entrega ao questionamento? Como se igualar aos outros se sua forma de sentir é totalmente diferente? Como fugir da realidade quando o travesseiro, o espelho e todo o ninho, repetem juntos a mesma pergunta: Cadê, querido, cadê? Por onde anda seu sorriso fácil? O sonho gostoso, o sentimento doce, a poesia? Cadê você acordando e dando bom dia pro armário, pro teto e pro chuveiro? Por onde anda alguém capaz de dar uma bagunçadinha gostosa no seu emocional? Por onde anda sua mulher, sua parceira, sua cúmplice, o amor da sua vida?

Cadê? Respondo eu perguntando pro travesseiro, pro espelho, pro ninho... Cadê? Talvez algum de vocês saiba me dizer por onde anda... Eu não sei e se soubesse, tenham certeza, cobriria cada uma dessas perguntas com respostas bonitas. Eu não sei e assim, mesmo sem saber, eu acredito! Se ele ainda não chegou para ficar, penso eu, é coisa de Deus... O mesmo Deus que me diz sussurrando: “Isso mesmo! Bate a cara e deixa doer, rasga o peito pelas trilhas da vida, meu filho. Vai aprendendo e sentindo na pele, na ausência que tanto sente, como é morna e sem sentido a vida sem amor. Vai tentando se divertir mesmo que ignorando as propostas baratas e descartáveis que insistem em aparecer... Vai entendendo o tamanho, a magia e a beleza do amor... E o quanto ele constrói. E o quanto ele dá sentido a vida. E o quanto ele é pacífico, doce e fundamental. Um dia, como você bem diz no começo do texto... Eu vou acordar com um infinito bom humor, vou te olhar daqui de cima e o colocá-lo pulsando, do jeitinho que você espera na sua vida. Por mais azedos, vazios e superficiais que se mostrem o mundo e as pessoas, mantenha sua fé e proteja sua essência, meu filho. Não tenha medo de tentar... Siga errando, aprendendo, evoluindo... O amor, a mulher da sua vida, deixa comigo! No tempo certo ela vai cruzar o seu caminho.”

Tudo bem, Papai do Céu... Estamos conversados, por hoje.

Fiquem com Deus e se cuidem...

Beijos,

Deco.

quinta-feira, abril 15, 2010

A GUERRA QUE NINGUÉM VENCEU


Tudo bem, eu concordo com a primeira que falar: Machismo não está com nada, Deco!

Não está mesmo, você tem toda razão. Eu concordo que a mulher realmente deve trabalhar, ter seu espaço e ser independente financeiramente ao invés de se render ao tradicional pacote: lar, marido e filhos. Eu concordo que não existe qualquer inferioridade feminina em relação ao homem nas questões de valor, inteligência, competência, capacidade e o que mais quiserem incluir. Concordo também que todas as mulheres têm pleno direito à liberdade de escolha e que isso inclui beijar, se envolver e dar o que é seu quando, onde e para quem quiserem. Concordo muito com a evolução sexual, com o conhecimento do próprio corpo, onde moram milhões de cantinhos de tesão. Concordo ainda, que o infeliz ser humano que inventou o machismo não tinha a menor noção do que é o amor e menos ainda do que é a felicidade entre um homem e uma mulher. Sim, eu concordo!

O que eu não concordo e vou morrer sem concordar é que homem e mulher, sexos tão explicitamente distintos e com necessidades, anseios, carências e desejos também distintos, sejam vistos como iguais. O que eu não concordo é com esse feminismo exagerado que está tirando da mulher sua feminilidade e também sua doçura. O que eu não concordo é que se troquem os lugares, tornando os homens caça e as mulheres caçadoras. O que eu também não concordo é a mulher menosprezar uma gentileza, um gesto de carinho pelo simples fato de ser independente. O que eu não concordo é com algumas mulheres que pagam de independentes pela rua afora e que por trás da cortina, dependem dos maridos endinheirados até para fazer a unha. O que eu não concordo é com a mulher geladeira, que dispensa o sentir, que insiste em provar pro mundo que não tem um coração dentro do peito. O que eu não concordo e acho totalmente brochante, é ver mulheres com atitudes e comportamentos masculinos.

Ah! O romantismo morreu... Ah! O amor não existe mais... Ah! Eu estou sozinha... Ah! Minhas relações não passam de uma semana... Ah! Os homens não são mais gentis... Ah! O fulano me largou porque a fulana é mais gostosa do que eu... Ah! Ah! Ah! Pára! Pelo amor de Deus, pára! Reclamar não resolve a vida e o que está acontecendo com a gente é tão transparente quanto à janela da sua sala... Ninguém precisa ser um gênio da sensibilidade ou o guru do amor para perceber que está tudo errado! Que a gente se fudeu mesmo, literalmente! Que nessa guerra dos sexos, nossos papéis se inverteram e que os nossos valores se perderam nessa zona mega liberal.

O machismo é escroto? Tudo bem, volto a concordar. O feminismo também é demais! E nessa batalha idiota, nesse ringue infernal que se propõe unicamente a medir quem pode mais, quem é melhor, quem é mais importante, o amor não existe. Acabou o encanto, a conquista, aquele desejo gostoso e natural entre homens e mulheres. Acabou a dificuldade que trazia de carona um valor pra lá de essencial. Acabou! Virou poeira! Mesmo! Bonito agora é não ter expectativas pela garantia ilusória de não se frustrar. A moda é viver o presente e sonhar com o futuro está proibido. A onda do momento é viver a liberdade sem limites e sem sentir, sentir não é moderno, não é cool!

Fico aqui pensando... Tanto tempo perdido. Tanta imposição, guerrinha e joguinho. E aí, afinal de contas quem ganhou a batalha? Quem é o dono do troféu, o grande vencedor dessa patética competição em que vivemos? Nós, homens? Vocês, mulheres? Não! Essa é uma guerra diferente de qualquer outra, não existem vencedores. Fomos igualmente derrotados, somos cúmplices da derrota! Modernos, descolados, independentes e estupidamente carentes... Nós perdemos a medida, a fé e a ternura. Perdemos o limite, a beleza e o sentimento. Nessa independência que reina sem se dar conta de que morrerá com sede de amor, perdemos o dom de dar as mãos, de nos unir e com igual dedicação construir uma relação de amor.

Fiquem bem e se cuidem.
Beijos,
Deco.

quinta-feira, abril 08, 2010

Cuidado... Eclipse!


Imagine-se bela, charmosa e completa como a lua cheia. Fantasie que aquele núcleo caramelo, inspirador e romântico representa agora a sua vida... Uma espécie de casa que vai abrigar seu berço, suas qualidades e metas, seus valores, objetivos, conceitos, sonhos, experiências, erros e acertos, expectativas e decepções. Fantasie também que esse núcleo é envolto por um círculo, por uma espécie de redoma que te protege, te separa e principalmente, te diferencia de qualquer outro ser humano que habita esse planeta. Uma redoma que soa ironicamente como um divisor social, mas que na verdade é um filtro, um direcionador do que você irá ou não viver. É ela, essa redoma, quem vai ditar o que você vai acolher ou reprimir, quando e para quem irá se abrir ou se fechar - se irá se identificar absurdamente ou simplesmente não suportar as outras pessoas. É um muro redondo, uma legenda, um retrato, um espelho de você para o resto mundo. Um anel, que apesar de invisível, é o que nos torna indivíduos ao pé da letra. Sem ele, seriamos idiotamente iguais. Como algumas pessoas, idiotamente são.

Imaginou? Muito bem!

Então seja bem vindo ao seu mundo! Seja bem vindo à terra de você mesmo, ao palco principal do famoso e complexo eu - sobre o qual os analistas, psicólogos e terapeutas tanto discorrem. Um íntimo infinito e profundo, um mar de verdades que apenas você mesmo conhece. Um lugar despido de máscaras, mentirinhas e falsidades. Onde a verdade navega transparente, livre, limpa e pura - completamente despida de facetas e adaptações sociais. Um lugar único, singular, naturalmente criado e personalizado pela sua própria existência. Escrito, letra a letra, pela sua relação com tempo e com as pessoas, pela vivência de cada segundo, de cada minuto, de cada dia, de cada semana, de cada mês, de cada ano da sua vida. Onde a memória guardou cuidadosamente, todos os sim, os não e também os talvez já ditos e escutados pelos quatro cantos. Uma trilha marcada por todas as decisões, escolhas e direções que você mesmo escolheu seguir. Cama onde dorme a sua essência, a sua fé, a sua história e a sua maneira de amar que sim, é diferente de qualquer outra que você possa imaginar.

Um belo dia você conhece alguém especial. Um belo dia alguém especial consegue a façanha de passar pelo filtro, pelo anel, pela quase inexistente fresta da redoma que protege o seu mundo, sua intimidade, seu coração. Alguém que tem o melhor beijo, o melhor carinho, a melhor química da sua vida. Alguém que tem sonhos, valores e pensamentos idênticos aos seus. Alguém que enxerga o futuro, o horizonte, o amanhã da mesma forma com os mesmos olhos. Alguém que gosta dos mesmos pratos, das mesmas músicas, dos mesmos gêneros de filme... Alguém que tem as mesmas manias, o mesmo jeito de dormir e pra selar a perfeição em carne e osso, torce pelo mesmo time que você... Puta que Pariu! Você pensa com ares de ganhador da mega sena... Achei minha alma gêmea, meu clone, meu eu no outro sexo. Achei minha companheira, a tampa da panela, a metade da laranja, o amor da minha vida - até que a morte nos separe – e que a gente não morra nunca!

Bonito? Não, é lindo! É lindo quando o ser humano sonha acordado... É lindo quando ele se embriaga de fantasias e crenças tão inocentes e infantis quanto à existência do Papai Noel. Realmente é lindo o momento em que a paixão, o gostar, o amor ou qualquer outra espécie de manifestação afetiva nos traz a sensação – sempre utópica – de que fomos premiados, de que enfim encontramos a pessoa perfeita para construirmos uma relação perfeita. E que alem de perfeita, ela ainda dorme do nosso lado fazendo o melhor cafuné da vida - e nos dá um prazer desmedido – e se preocupa e cuida da gente como se fôssemos um bebê recém nascido.

Sim, queridas, fudeu!

É nesse caminho gentil e açucarado que o muro desce e escalda feito mel. É nessa leva que o anel se quebra como se fosse de plástico. Filtro? Que filtro! É nesse minuto que a redoma que nos cerca vira poeira – e quem não se cuida, vira poeira também. É nesse exato minuto que, de forma inconsciente, nossa personalidade perde a noção da realidade, do amor próprio e da burrice... Sim, é nessa levada que trocamos o ser pelo sentir... E o mundo fica multicolorido numa fração de segundos... O sorriso largo se cola no seu rosto e problema, cansaço e preguiça se tornam palavras que não existem no seu dicionário. O mel, o glacê e qualquer outro elemento doce que você possa imaginar adoçaram seus olhos, sua vida, seu peito e seu planeta carente de afago. Agora, você freqüenta o bar que mais odeia e faz sorridente como um palhaço, todos os programas que você nunca gostou de fazer. Agora, você enxerga a pior cena, o almoço mais chato como se fosse um sorvete, um suspiro ou uma barra interminável do seu chocolate preferido. E você desenha corações no espelho embaçado do banheiro... E você canta músicas românticas, dança e cria performances inacreditavelmente bregas enquanto toma banho... Você vê tudo em vermelho, tudo colorido e bonito, mas está cego... Você vê tudo, mas não se vê... Você morreu, se anulou achando que era amor e nem sentiu, não foi assim?

Seguindo a metáfora, que eu tanto gosto de usar quando o assunto é relacionamento... Não se iludam! O que é bonito no céu e uma pintura no universo, aqui embaixo é a morte escrita, seca e fatal. Não deixe um eclipse acontecer na sua vida! Acredite no amor, no romance e em toda doçura que eles trazem, mas pelo amor de Deus, não se anule! Não abandone seus amigos e amigas. Não ignore seus conceitos, pensamentos e valores para manter qualquer relação. Preserve sua essência, sua personalidade e sua individualidade. Não deixe de existir e muito menos de ser quem você é para estar com alguém que você pensa que ama... Anulação não é amor! Anote isso aí... Anulação é um comportamento sufocante, doentio e completamente insustentável... Mesmo as pessoas mais frágeis, que tendem a se anular com mais freqüência, cedo ou tarde, se mostram... E nessa hora, posso garantir que a sensação não é das melhores. Será que você amou um fantasma ou foi um fantasma que te amou? Tanto faz... O fato é que quem te amou não existe e reciprocamente, quem você amou também não.

Construa com quem você ama uma interseção, um encontro natural da sua vida com a vida dela, sem pressão, loucura ou ciúme doentio. Construa com quem você ama cumplicidade, encontro, amizade, respeito, sintonia e afinidade. Construa com quem você ama uma relação de soma, de troca, de cuidado mútuo e carinho recíproco. Construa com que você ama a verdade, a tolerância e a saberia para que um aceite o outro como é. Ninguém precisa se anular para viver um grande amor. Ninguém precisa se isolar do mundo, se ilhar, se tornar refém da relação para ter alguém bacana ao seu lado. Nada disso é sadio! Nada disso é amor!

Acho que mais do que idealizar e ficar se apaixonando loucamente pelas idealizações, precisamos exigir menos, sonhar menos e enxergar as pessoas como elas são, sabe? Fico observando a nossa geração, o nível de exigência e de futilidade das pessoas. Leio os emails angustiados que recebo diariamente e sinto que falta fé, atitude e disposição nas pessoas. Sinceramente? Eu não sei se esse amor para sempre que a gente tanto deseja viver e sentir vai acontecer nesses tempos... Não vejo isso rolando, nascendo, derramando pelas ruas e pelos lugares. Eu não sei e não vejo, mas acredito e tenho certeza de que amor assim, para a vida toda como sonhamos, só floresce com verdade, entrega e pureza. Entre gente inteira, autêntica e imperfeita.

Fiquem bem.
Beijos,
Deco.


quarta-feira, março 24, 2010

EU ESQUECI


É... Eu não te falei.

Eu não te falei, mas adorava aqueles nossos papos que se estendiam pela madrugada afora. Eu adorava te explicar as coisas, adorava sua fragilidade e sua inocência de menina pura perante essa vida tão maliciosa e real. Eu não te falei, mas no fundo você sabia, tinha sempre um jeitinho, o dom de anestesiar meu ser adulto, calejado e preocupado.

É... Eu não te falei.

Eu não te falei, mas me sentia absurdamente seduzido quando você olhava dentro dos meus olhos com seus olhos coloridos. Eu também não te falei, mas adorava na saudade desmedida, sentir o cheiro que seu perfume deixava no meu quarto, na minha cama e no meu travesseiro.

É... Eu não te falei.

Eu nunca te falei, mas amava quando você saía do banho de cabelos molhados, com a cara limpa e aquele cheirinho inconfundível e delicioso de mulher que acabou de sair do banho. Eu não te falei, mas na verdade você sabia que meu conceito de beleza tinha tudo a ver com a simplicidade e com o natural. Eu não te contei, mas você sempre soube que nesse ponto era muito fácil me agradar... Que não precisava se maquiar e muito menos, de permanecer horas e horas morrendo de calor embaixo daquele secador, que convenhamos - faz o barulho birrento que eu tanto odeio – e morrerei odiando.

É... Eu não te falei.

Eu me furtei de dizer, mas achava o máximo nossa postura resumida, diferente, incomum, divinamente auto-suficiente. Eu não te falei, mas você deixou no chinelo todas as outras bocas, todos os outros cheiros, todos os outros sexos, todas as outras mulheres que eu tive antes de você, inclusive aquela que te matava de ciúmes e tanto te incomodava.

É... Eu realmente não te falei.

Eu não te falei e o nosso amor morreu, secou, sumiu. Demorou a eternidade, custou noites de sono, mas o tempo enfim te matou dentro do meu peito. Que alívio bom! Que leveza! Que sensação maravilhosa de paz! Não se incomode se a gente não se encontra mais... Avulsos, os nossos prazeres, conceitos, desejos e sonhos não se misturam, são extremamente distintos um do outro. A realidade cotidiana nos abriga em mundos, lugares e cenários totalmente diferentes. E esse tanto abissal que hoje nos separa, me permite dizer com muita certeza: Que bom que eu não te falei! Na essência, na verdade, tudo isso era nítido, estampado, explícito - e você nunca viu, e você nunca mereceu ouvir da minha boca.

Na paz e no amor, fiquem bem!
Beijos,
Deco.

p.s: Esse blog não é nem nunca foi um diário da minha vida. Além dos questionamentos, conflitos e reflexões, ele também abriga textos fictícios.

quinta-feira, março 04, 2010

SOBRE A MINHA ACIDEZ


Muitas pessoas acreditam que ao criar personagens e facetas dentro de sua própria personalidade podem cobrir suas fraquezas, negar seus atos, medos e ideais, e serem felizes. Muitas pessoas se desdobram de maneiras inimagináveis para se envolver, viver e manter relações falidas, por acreditarem que é melhor ter alguém nada a ver como companhia, o que chamo de muleta, do que estarem sozinhas em suas próprias companhias. Muitas pessoas colocam a culpa na sorte, no destino, na cor do cabelo e em outros tantos não menos ridículos, quando questionam a ausência de um amor verdadeiro em suas vidas.

Essas mesmas pessoas se esquecem da vida que levam, dos valores que carregam, das atitudes e propostas baratas que trazem nitidamente estampadas em suas caras entupidas de maquiagem. Essas mesmas pessoas se esquecem de serem humanas em seus cotidianos de faz de conta. Essas mesmas pessoas se completam e se divertem com as coisas mais fúteis e vazias que sua cabeça for capaz de pensar. Essas mesmas pessoas rotulam meus textos como ácidos - e desde já assumo que de fato são, uma vez que ao contrário delas, eu odeio demais o superficial.

É... É muito fácil reclamar do amor enquanto pinta as unhas com cores fluorescentes, que nesse minuto, apesar de horrorosas, são a onda da moda. É muito simples falar que o amor morreu e ir curar a dor numa loja pega Patrícia, comprando um vestido, um sapato, um lingerie que vai te deixar ou que ao menos promete deixá-la ultra-mega-maxi-gostosa. É igualmente fácil tomar um banho de uma hora e depois passar outras duas arrumando o cabelo para que ele fique milimetricamente igual ao da revista. É fácil ainda, juntar dinheiro por um mês ou pior, implorar por um convite “grátis” da balada mais concorrida da cidade e ao fim da noite, ao invés de se contentar com o posto de troféu de um filhinho de papai qualquer, reclamar que amar está difícil. Enfim, pessoal! Ser social é fácil... Ser falso é fácil... Ser da moda é fácil... Ser bonitinha é fácil... O difícil é ser. Ser é simples, mas ser é para poucos.

Ser é aceitar que a vida não é perfeita e nem completa - e nem constantemente feliz como a gente acha que deveria ser. Ser é ter vaidade sim, é se cuidar e se produzir sem se esquecer que melhor de nós não está ali, na super produção, num pedaço de pano. Ser é conseguir ter charme usando a inteligência ao invés de micro saias, é ter consciência de que a mais bela casca também será levada pelo tempo e pela natureza. Ser é ter beleza no conteúdo e carregar com um sorriso a certeza de que isso faz toda diferença. Ser é ter humildade para assumir os nossos erros e tentar, na medida do possível, evoluir e minimizar nossos defeitos. Ser é se assumir pro mundo de forma simples, do jeito exato que você é, com imperfeições, fraquezas e qualidades. Ser é deixar o coração bater e se permitir, e se entregar livre de culpa ou medo quando o sentimento é bom dentro do peito.

Há alguns anos, quando saltei de para quedas, eu descobri que a almofadada nuvem branca que se pinta céu não é feita de algodão, apesar de parecer ser. Há alguns anos eu descobri que pessoas que pareciam muito verdadeiras, conseguiam mentir descaradamente olhando dentro dos meus olhos. E todos esses anos me trouxeram de presente uma deliciosa aversão a ilusões... A tal acidez, a tal falta de freios para falar de realidades cotidianas. Uma visão mais realista e despida de fantasias sobre o mundo e principalmente, sobre as pessoas que vivem nele. Uma determinada preguiça que se estende de beijos que duram apenas uma noite a novelas globais onde todos, simplesmente todos os casais são traidores e infelizes em suas relações.

O mundo acabou? Não! Deus está lá em cima e o mundo não acabou... Muito além da matéria, que infelizmente assume cada vez mais o papel ícone feliz da vida moderna, ainda existem pessoas incríveis, que fazem valer cada segundo que se passa perto delas. Ainda existe, ainda persiste a essência dentro do coração de alguns, Amém! Ainda existe gente viciada em amor, disposta a amar e olhares que sabem dizer de maneira clara a verdade ao próximo. E é aí, que eu, esse cara tão ácido e realista... Tão de cansado de meias verdades e meias pessoas, me sinto muito abençoado. Minha vida anda cercada cada vez mais de gente assim, sincera, inteira, verdadeira. Gente de uma cara só.

Por fim, acho que já falei isso por aqui, não me lembro, mas se falei penso que vale repetir: A nossa felicidade com a gente mesmo é a única e maior pré-condição para sermos felizes em nossas relações com as outras pessoas. Muito antes de amar alguém e de querer o amor transbordando em nossas veias, precisamos nos amar, nos entender, nos aceitar e fundamentalmente, ser o que somos. A vida, não adianta, é como ela é... Imperfeita. Bonita. Incompleta. E sempre vai ser.

Fiquem bem e se cuidem.
Beijos, Deco.