segunda-feira, dezembro 10, 2007

É SÓ TER ALMA DE OUVIR E CORAÇÃO DE ESCUTAR



Aqui. Agora. Nesse momento...
O silêncio falará mais do que todas as palavras juntas.

Um dois mil e oito com mais amor e menos mentiras para todos nós.

Deco.

domingo, novembro 11, 2007

MODERNIDADE, MONOTONIA E SOLIDÃO


Esta é só mais uma noite de sábado... É apenas mais um momento para você questionar, para você não entender, para você se sentir só em seus próprios pensamentos. Você pensa sozinho. Você sente sozinho, Você se machuca sozinho. Não é preciso sair. Não é preciso estar com alguém. Não é preciso nenhuma balada ou festinha. Você conhece bem a realidade e mais, sabe perfeitamente que ela não tem absolutamente nada a ver com você e seus planos. É meu amigo... O seu leque anda mesmo muito fechado... O seu mundo anda mesmo pequeno... Ou talvez o mundo das outras pessoas ande se mostrando pequeno demais para você se envolver de alguma forma.

Não. Isto não tem a ver com um fim de uma relação de amor. Isso não tem nada a ver com sofrimento, mágoa e nem com amargura. Isso também não é algo que se resolva num divã confortável e bonitinho. Isso não se resolve nem com o mais top dos psicólogos... Porque pra você sentir vem muito antes de entender. Porque pra você a razão se resume ao horário comercial e do resto, de todo o resto, quem cuida é o coração. Não, insisto... Isso não tem nada a ver com um coração em pedaços que clama pelo amor como um menino por uma bola... Isso tem a ver com a sua carência de gente com G maiúsculo. Isso tem a ver com a inversão mascarada que jorra pelos quatros cantos. Isso tem a ver com sua sensibilidade que insistentemente te impede de fazer de conta que não é com você. Isso tem a ver com a sua preguiça de passear por cenários tão diferentes do seu. Isso tem a ver com a sua sede de amor e também com seu idealismo fora de moda de ver as coisas de uma forma um pouco mais doce e romântica. Isso tem a ver com preferir arrepios a cantadas baratas. Isso tem a ver com o prazer da conquista, tem a ver com aquele flerte gostoso que te fascina intensamente por horas e mais horas. Isso tem a ver com roupas menos curtas, corpos menos artificiais e mentes mais abertas e sinceras. Isso tem a ver com a ausência clara de uma infinidade de coisas que você julga fundamentais. Isso tem a ver com uma sociedade hipócrita e ordinária da qual você infelizmente faz parte. Isso tem a ver com um coração que só enxerga o amor e que despreza, literalmente, todas as outras coisas.

Não está fácil não, você admite o óbvio enquanto se olha no espelho. Seu travesseiro escreve um livro de cinco mil páginas com seus desabafos declarados madrugada afora. Há quem diga que isso é meramente uma fase, há quem diga que um drinque colorido resolve, mas você (mais do que qualquer outro ser desse planeta) sabe onde mora sua dor. Ela mora na solidão insone e morre na esperança, na fé, na luz, no encontro e na superação. O amor vai e vem, as pessoas vão e vem, é assim mesmo... Ou se conforma. Ou morre disso. Um dia quem sabe ele vem e fica. Um dia quem sabe a pessoa certa vem e fica. Relaxa, espera, respira, amadurece. Porque lá em cima mora um cara que te conhece melhor do que ninguém, um cara bacana que acompanha sua luta há trinta anos e esse cara certamente, mesmo chateado com o resultado lastimável da sua própria criação, há de fazer o mundo inteiro se curvar ao tamanho do amor e ao valor essencial e insubstituível da família e da amizade. Há de fazer as pessoas serem melhores e mais dignas umas das outras. Sim, eu sei... Isso vai soar como utopia na cabecinha delas e elas vão dizer que é out e démodé, mas pobre delas, problema delas. Quem não acredita no amor, não se dedica. Quem não aposta na força da união, na profundidade da cumplicidade e do companheirismo, não merece mesmo ser feliz.

Fiquem bem e se cuidem...
Beijos,
Deco

terça-feira, outubro 30, 2007

O amor te deixa idiota

Como se já não bastassem os apelativos comerciais na TV querendo nos vender de tudo. Como se já não fosse suficiente o número de pessoas frustradas por não serem “perfeitos” como os estereótipos vendidos pela telinha. Agora existe um comercial que afirma categoricamente: O amor te deixa idiota! É, pode até ser... É um ponto de vista aceitável num momento tão confuso e inverso como o que estamos vivendo agora. É idiotice mesmo querer uma pessoa só. É idiotice mesmo se declarar. É idiotice mesmo pensar em romance, história e casamento. É idiotice pichar o muro da rua de quem você ama. É idiotice fazer serenata de amor em plena madrugada. É idiotice sonhar com um amor para vida toda. É idiotice trocar a balada por um filminho a dois. É idiotice beijar uma boca só, fazer sexo com uma pessoa só. É idiotice se dedicar, se envolver, interagir com uma pessoa só. É idiotice e vem se tornando cada vez mais idiota planejar um futuro bonito num presente tão urgente, efêmero e escroto como o nosso.

Mas daqui, sinceramente, idiota pra mim é toda essa tribo liberal, descolada e moderninha. Idiota pra mim é você usar uma máscara que mal cabe na sua cara. Idiota pra mim é você sair de casa por obrigação, por não se agüentar, por ter que ir, por ter que bater ponto e não por estar a fim. Idiota pra mim é você beijar nove pessoas, transar com oito e não se apaixonar por nenhuma delas. Idiota pra mim é você ficar pagando de difícil enquanto seu coração implora por um encontro. Idiota pra mim é você achar o máximo dar end nas pessoas que te ligam. Idiota pra mim é você se contentar com os 2.769 sraps do seu Orkut que não dizem nada e nem acrescentam porra nenhuma na sua vida. Idiota pra mim é você ter a agenda cheia e o coração vazio, é conhecer 998 pessoas e não ter ninguém para te dar boa noite. Idiota pra mim é você precisar de música eletrônica, ecstasy e maconha para se sentir feliz. Ser idiota pra mim é tudo isso. É você não insistir. É você não persistir. É você não pagar o preço e lutar pelos seus sonhos, idéias e ideais... Sim, “owww”! Bem na linguagem da tribo mesmo, isto é que é ser verdadeiramente idiota.

Alô Amor! Onde quer você esteja anote o meu recado! Precisamos de mais pessoas idiotas nesse mundo. Precisamos de mais gente pichando frases de amor em nossas muralhas antifurto. Precisamos de casais se beijando debaixo de chuva, no meio da rua em uma tarde qualquer. Precisamos de mais romances fazendo bonito, enfeitando as horas, colorindo o ar que a gente respira. Precisamos de mais gentileza, de mais poesia e sinceridade. Precisamos de mais bebês e crianças jorrando ternura, pureza e inocência em nossas vidas. Precisamos sim. Precisamos mesmo. É pra ontem. Precisamos de mais arrepios, mais sentimentos e menos razão. Precisamos do olho no olho, do beijo e do abraço, de passear de mãos dadas domingo no shopping. Precisamos de mais verdade e calor para mostrar aos verdadeiros idiotas desse mundo que são eles que estão na contramão, não nós.

Fiquem bem...
Beijos,
Deco.

quinta-feira, outubro 11, 2007

Trilha Oculta



Essa é a trilha sonora de um casamento que não vai acontecer. Não procure pelos noivos. Não pergunte pelos padrinhos. Não se preocupe com os detalhes. Não existem convidados nem festa. Não vai ter cerimônia nem pajem. Não vai ter troca de alianças, beijo na boca e nem lua de mel. Essa é apenas mais uma trilha sonora entre tantas outras... Apenas mais uma relação que chegou ao fim como tantas outras.

Está difícil acreditar. Está difícil entender. Está difícil aceitar e ser forte. Está sim, não tenho porque mentir... Sou homem, mas tenho coração. É muito triste perder alguém que você ama pra caramba por motivos tão banais. E tão triste quanto e bem mais complicado ainda é viver num mundo que não é mundo, entre pessoas que não são pessoas. Verdade seja dita. Estou completamente sedado. Literalmente fora do ar. Não sei para onde ir. Não sei em quem acreditar. Não sei o que pensar e nem como agir. A verdade é que eu não me enquadro bem nesse mundinho medíocre que existe aí fora. Falta sintonia. Falta identificação. Falta entendimento. Falta vontade. Falta respeito. Enfim... Falta tudo. Não tenho mais 20 anos. Estou velho, seletivo e definitivamente, não tenho jogo de cintura e paciência sobrando para freqüentar raves, trances e psyco-xxxxxx-periences. Detesto essas modinhas. Detesto o público dessas modinhas. Tenho preguiça de baladas, pânico de filas e ojeriza a pessoas que não tem nada a ver comigo. Sim, terminar uma relação de amor é uma coisa bem desagradável, mas recomeçar é um autêntico soco no estômago. Tudo que se vê é a contra mão do seu sonho... Tudo que se sente é um vazio contínuo que sempre deságua em solidão.

Assim, mal cabendo dentro de mim, sigo questionado o verdadeiro propósito da vida contemporânea. Onde está o sentido? Onde estão os sentimentos? Onde está o amor? Onde está a felicidade? A essência? O valor? Onde mora a verdadeira razão dessa imensa podridão? Não sei. Tudo se perdeu. Todos se perderam no individualismo, no egoísmo exagerado, na futilidade sem fim.

Eu sou um cara que tem um sonho bem simples. Um cara que persegue esse sonho e que com ele vai morrer custe o que custar. Não vou abrir mão da minha essência, dos meus conceitos e valores por causa uma ou outra desilusão. Não deu? Fé e paciência. Graças a Deus, sou forte, do bem e muito iluminado. Amo meu trabalho e quero mesmo uma esposa bacana e filhos pulando na minha cama de manhã cedo. Idéia falida? Fórmula ultrapassada? Pode ser... Talvez eu esteja mesmo exigindo muito de um mundo podre com pessoas mais podres ainda. Mas não posso fazer nada... Essa é a poesia que me alimenta. É o que me guia. É o que me faz acordar todos os dias e querer ser uma pessoa melhor. Não vou castrar o meu foco, não vou demitir meu coração e colocar uma pastilha na língua para pular feito sapo durante algumas horas. Não vou acender um baseado, ligar um Bob Marley e ficar viajando no reggae para ver se a angústia passa.

Num tempo de amores virtuais e fajutos eu insisto em olho no olho. Insisto em química, cumplicidade e destino. Num tempo de tanta falsidade e tanta máscara, gosto da realidade e sei, realidade dói demais. Mas abraço essa dor que o tempo leva e essa solidão, que ora me consome outrora me fortalece. Prefiro amargar a viver na ilusão alucinada, fazendo de conta que o céu é cor de rosa e que as pessoas são humanas.

Fiquem bem e se cuidem.
Beijos,
Deco.

terça-feira, outubro 02, 2007

Amor e Tempo - Ódio e Fim


Hoje eu queria não amar. Só por esse dia eu queria não amar. Por uma hora, por um minuto, por um segundo apenas, eu queria não amar. Para lembrar menos, para doer menos, para magoar menos, para chorar menos, eu queria não amar. Para ter menos saudade e menos ódio, para ter mais fome e menos insônia, eu queria não amar. Porque o amor não tem antídoto. O amor não tem saída. O amor não tem remédio. Porque o amor não tem substituto, não tem vacina e nem cura que não seja o tempo. Um tic-tac lento e contínuo, um batido seco e indefinido, um ir sem rumo e sem sentido que rasga o peito e tira a cor, a graça e a felicidade de tudo que me cerca. Sim, eu queria mesmo não amar, mas eu amo demais.

Não. Não dá pra esquecer assim. Não tão rápido. Não tão fácil. É amor, entendeu? Amor! Ah.Eme.Oh.Erre. Não dá pra expulsar do coração da noite pro dia. Não dá pra deletar do peito como se fosse um arquivo com vírus, não dá para jogar no lixo como um cd arranhado. Claro que esse era um risco bem conhecido, não é meu primeiro amor, mas naquela altura, completamente apaixonado, não dei muito ouvido aos avisos do passado, quem dá? Acreditei, mergulhei de cabeça e me entreguei literalmente. Agora é tarde. Não adianta fingir, não adianta usar aquelas receitinhas medíocres pós-término tipo: “Seja racional! Caia na balada! Conheça outras pessoas! Se divirta! Se esbalda! Espaireça que logo passa! Um amor se esquece com outro amor!” Am! O amor não passa não... Você não está lidando com uma paixãozinha de uma noite e nem com uma ficante que você não lembra nem o nome. Quem passa é o tempo e ora ou outra, não é sempre, consegue levar o amor com ele. Fora isso, melhor rezar! Na balada ou na festinha do ano, o rosto de quem se ama se mistura com múltiplas caras utopicamente alegres e as cenas de um amor bonito se cruzam com o vazio de um cenário repleto de nada. Filas (no estacionamento, na porta, no caixa, no banheiro e não sei onde mais), vodka, gente estranha e música eletrônica. Muito alvoroço e pouca essência. Muita máscara e pouca realidade. Muita casca e pouco conteúdo. Copos cheios. Corações vazios. Ô pacotinho fudido! A solidão berra explícita em meio a multidão e eu atado, entorpecido de amor, sem poder fazer absolutamente nada. É uma rua sem saída... É um buraco sem fim onde não adianta ir e não adianta ficar. Em casa e em todos os outros lugares que existem, lá estão os traços, os pedaços, os retalhos e estilhaços do que se passou. É o cheiro no travesseiro. É uma peça de roupa esquecida no armário. É um cantinho qualquer onde se passaram momentos mágicos. É uma música que toca quando você menos espera. É um mundo infinito de memórias que te cercam, que te consomem e que te engolem.

Aonde vou, aonde estou, o amor me segue. Essa é a verdade. O amor está comigo e irá aonde eu for. E todo esse universo, todas essas coisas e lugares e pessoas só me trazem mais tristeza e saudade. Saudade de uma parceria bacana. Saudade de uma cumplicidade perfeita. Saudade de uma química inigualável. Saudade de uma história com essência. Saudade de um amor que não se vê por aí em qualquer esquina. Um amor que se foi e que deixou a dor, que deve ser encarada, sentida e vivida com a mesma intensidade que ele foi. Para que um dia, daqui algum tempo, eu possa acordar mais leve, mais forte e mais feliz outra vez.

Fiquem bem e se cuidem.
Beijos,
Deco.

quarta-feira, setembro 12, 2007

CINCO TATUAGENS E UMA CARA


Poucas coisas nessa vida são exatas, mas com o tempo e uma boa dose de experiência na mochila, carrego uma certeza: Ninguém é unanimidade. Não, nem o mais perfeito, nem o mais bonzinho, nem o mais gente boa.

Ao longo da vida você define seu caráter, sua essência, sua personalidade e vive de acordo com regras, formas e princípios que considera corretos ou ao menos aceita como tal. Entretanto, por mais sensato que você possa parecer, por mais responsável, honesto e bacana que você consiga ser com o mundo e principalmente com as pessoas, definitivamente, não há como agradar a todos. Por mais que você se desdobre, por mais que você faça, por mais que você ceda, há sempre alguém insatisfeito, alguém querendo mais... Sempre tem um invejoso, um frustrado, um fracassado que não consegue aceitar o seu sucesso e sai falando mal de você pra Deus e o mundo. Sem falar das Mães Dinás que nem te conhecem, que não sabem uma virgula da vida e acham que sabem o bastante para te julgar.

Quer saber? Cansei de me preocupar com a opinião dos outros. Cansei de permitir que os outros joguem um balde de água fria nas minhas conquistas, nos meus sonhos, nas minhas vontades. Cansei de pensar nos outros, de fazer pelos outros, de agir sempre buscando uma harmonia entre as pessoas. Não quero mais me fazer entender a qualquer custo. Não quero mais me fazer entender... Não entendeu? Siga sem entender! Não vou posar de bom moço, de homem romântico, sensível e guerreiro. Não vou pagar de bom filho, responsável, trabalhador e preocupado. Não devo nada, absolutamente nada, para nenhum ser vivo nesse planeta. E por mais que as pessoas não percebam, por mais que elas não compreendam, eu não nasci com trinta anos e nem me transformei no que sou de ontem pra hoje. Minha maneira de ser, agir, pensar e sentir foi construída com o tempo, entre os vários momentos bons e ruins pelos quais eu já passei. Se hoje eu sou esse aqui, é porque defini que quero ser desse jeito, é porque sou feliz assim e ponto. Então sem delongas, poupe seu tempo e preserve o meu que é corrido demais... Não queira me mudar nem me rotular porque eu não fiz o que você queria ou porque não sou como você gostaria que eu fosse. As minhas verdades estão aqui e se você gosta de mim, se deseja que eu faça parte da sua vida, basta aceitá-las assim como são ou deixar, literalmente, que eu viva minha vida em paz.

Agora se você quer insistir em se iludir, fique a vontade também. Pense o que quiser, faça o que quiser. Quer falar mal de mim? Fale! Quer acreditar que te enganei? Acredite! Quer conspirar para puxar meu tapete? Conspire! Quer crer que não gosto de você? Creia! Quer me pichar de irresponsável? Piche! Quer me achar arrogante porque gosto de ficar na minha? Ache! Sei que no fundo nossas consciências conhecem a verdade de tudo. Tenho personalidade forte, cinco tatuagens e mil defeitos, mas não tenho duas caras e isso é e continuará sendo o suficiente pra mim.

Fiquem com Deus.
Se cuidem...
Beijos,
Deco.

terça-feira, julho 24, 2007

Aos 30

A vida é mesmo muito rápida. Meus trinta anos chegaram como um tiro seco. Quando acordei já era, já foi... Já é! Mas sabe de uma coisa? Apesar de reconhecer certa razão em algumas coisas que me foram antecipadas pelos mais vividos, nunca me liguei nesse lance de idade. Acredito que o importante é a gente aprender com a vida e se aprimorar, amadurecer, evoluir e conseguir ser melhor com o passar dos anos. Idade por idade, despida desses números que tanto se evita, está dentro de cada um, assim como as experiências felizes e infelizes que guardamos na memória e no coração. No mais, de todos os tipos, sexos e cores... Conheço velhos que são jovens e jovens que são velhos, isso é perfil de cada um, individual como a própria digital. Por isso insisto em menos rótulos, corretivos e menos fome de esconder de um jeito artificial e explícito que o tempo passou. O tempo passou e enquanto vivermos, ele passará. Isso é apenas mais uma pressãozinha, uma apelação sócio-comercial para vender mais cirurgias plásticas, botox e cosmética anti-envelhecimento.

Bom, não cheguei aos trinta como imaginava, porque na verdade nunca me imaginei com trinta anos. Poderia estar melhor ou pior, mais sarado ou mais gordo, com mais ou com menos dinheiro. Poderia estar casado, separado, ajuntado ou poderia nem estar aqui escrevendo, vai saber. Na verdade, não me preocupo muito com isso. Talvez por achar que envelhecer é natural e por ter vivido esses trinta anos, minuto a minuto, emoção a emoção, sem qualquer resquício de arrependimento. Talvez por ter aproveitado as oportunidades e por ter colocado a cara para bater, experimentando a vida só para ver como é que era. Talvez, aliás, com certeza, porque não sou o tipo de pessoa que fica vivendo na base do quando e tão menos o tipo de pessoa que espera que o tempo faça algo de espetacular acontecer na sua vida. Não sei esperar. Vivo intensamente o hoje e faço minha parte para que meus sonhos se tornem realidade amanhã. O futuro? É amanhã e quando eu o viver, se eu o viver, saberei como será. Aprendi que não adianta ficar se amarrando demais no tempo, nem sonhando ou fazendo planos demais, a vida muda a todo segundo e a gente muda com a vida o tempo todo. É inevitável.

Vejo os trinta como um convite, uma boa oportunidade para uma reflexão mais demorada e profunda. Tempo de reler alguns conceitos, agregar outros e seguir a estrada. Estou pronto, realizado e feliz. Ah sim, tenho menos cabelos e mais contas para pagar. Tenho mais linhas de expressão e já não consigo virar a noite na gandaia e trabalhar no outro dia. Sinto dores estranhas e um cansaço muito grande. É o peso da idade... Por outro lado, não tenho a mínima preocupação em agradar a todos. Acreditem, meu foda-se colou e daqui pra frente não descola mais... Estou mais exigente e seletivo com praticamente todas as coisas que me envolvem e confesso, tenho pouca paciência e cada vez mais preguiça para o social. Trago mais certezas e muito menos dúvidas, acho essa a melhor parte, ter o prazer de desconhecer o que venha a ser impulsividade.

Por fim, aos 30, sei o que quero, sei quem eu sou e isso me basta. Como um eterno aprendiz, vou descobrindo, desvendando, questionando e percebendo que idade se traduz em sabedoria, não em garantia. Viver cada dia é um risco constante e as coisas que acontecem na vida de todos nós, sejam elas quais forem, são frutos de uma mistura de fatores, dos quais o sucesso depende de fé, dedicação, amor e carinho e não somente da nossa experiência.

Fiquem bem...
Beijos,
Deco.

sexta-feira, junho 01, 2007

MURAL DE SENTIMENTOS



“Um homem se devaneia por instantes de sua essência, devaneia, mas não permanece. Essência é eternidade.” (Deco)

Confesso. Na adolescência, tive uma dificuldade absurda para lidar com meu coração de canceriano. Não conseguia levar meu lado afetivo na mesma balada despretensiosa que meus amigos. Não admitia simplificar meus sentimentos de forma racional e objetiva, como as outras pessoas faziam com extrema facilidade. Eu queira mais. Queria e buscava de uma maneira louca e incessante paixões impossíveis, semi-platônicas, que me atordoavam de certa maneira, mas que também me faziam transcender. Que me dilaceravam os sentidos, mas que também que guiavam a um mundo encantado. Que me ilhavam na terra do nunca, mas que também me levavam a um patamar mais intenso, sensível e bonito. Sabe ouvir música e ficar viajando na pessoa? Sabe sentir apertinho no peito? Sabe aquela expectativa monstruosa e multiplicadora, que consegue mexer com você por inteiro? Sabe aquele sentimento que não cabe dentro do peito? Que tira a fome, o sono, o compasso e o chão? Sim, todos sabem. Eis o meu vicio. Eis a minha perdição.

Em pleno começo da era do ficar, eu insisti em histórias de amor, em romance e poesia. Insisti e me fodi, mesmo, literal e infinitamente. Não por ser atemporal, sempre fui mesmo de seguir meu leme e não a maré, mas esse comportamento romântico, sensível e sincero não tinha valor, aliás, sejamos realistas, não tem até hoje. O ser humano quer o errado, o difícil, o impossível custe o que custar. Logo, imaginem... O resultado é óbvio, eu não fui o garanhão do colégio, da rua ou do prédio, pouquíssimas dessas paixões da adolescência foram vividas com a reciprocidade e intensidade que mereciam. Vi as meninas mais lindas, doces e fofas perdidamente apaixonadas pelos cabeludos mais podres e vazios. Vi chiliques e lágrimas, vi olhares e suspiros. Assisti os caras mais filhos da puta se darem bem e na contra mão do coração, já me odiando e sem qualquer resistência, concluí: Serei um deles. Cansei de ficar contando algodão no vento. Cansei de ficar sonhando com quem nem sabe que eu existo. Cansei de ficar viajando num telefonema que não vai chegar. Cansei de ser o cara perfeito na cabeça da mãe delas. Ser G.F.D.P (Galinha Filho da Puta) é pré-requisito para se dar bem? Eu serei um e fui.

No começo tudo é festa. Devolvi dobrado com taxas, juros e juras, sonho por sonho, decepção por decepção, lágrima por lágrima que eu chorei. Eu me diverti horrores e fiz hora com a cara de muita gente, inclusive com aquelas que tinham feito hora com a minha. Namorei três ao mesmo tempo, peguei cinco na mesma na noite. Dei bolo de todas as formas, de todos os sabores e cores, com as desculpas mais descaradas e esfarrapadas do planeta. E todas caíram. E todas apaixonaram. E todas ficaram iguais um chiclete na minha cola, me seguindo, me ligando, mandando cafés da manhã, presentinhos e não sei mais o que. Encontrei então, na falsidade, na contra essência, no joguinho mascarado, o jeito de ser cobiçado. Fórmula mais louca, não? Sim, fórmula louca e estúpida. Você é mal e elas gostam. Você é filho da puta e elas amam. Pelo amor de deus! Que jeito mais escroto de se relacionar. Tudo bem, vá lá que é divertido, faz bem pro ego, pra imagem e pra auto estima. Mas e aí caramba? E o amor? E o vazio que dá no domingo à noite? E a preguiça que dá ter quinhentos e quarenta nomes na agenda e zero vontade de ligar? Eu tenho o baralho na palma da mão, a mesa pronta a meu favor, mas não quero dar as cartas não. Não to afim. Cansei do jogo. Cansei de ser quem eu não sou. Definitivamente, não nasci pra isso. Prefiro contar algodão no vento, prefiro sofrer, prefiro qualquer coisa a ter que fabricar um falso André.

Em outras palavras, adolescente, jovem, adulto ou velho, o que eu sei é sentir. Sentir do jeito que o amor pede pra ser sentido, sem medida, sem rótulo, sem dupla intenção. Eu sei sentir, mas não sei esperar e nem fingir. Eu sei sentir, mas não sei jogar. Eu sei jogar, mas eu quero sentir. Eu sei sentir, mas não sei concordar de que o mundo é esse mesmo, de que devemos nos conformar e que amor é nada mais nada menos que um atraso de vida, caretice e retroação em tempos tão modernos. Um homem se devaneia por instantes de sua essência, devaneia, mas não permanece. Essência é eternidade e a minha essência é o Amor.

Fiquem na paz e se cuidem...
Beijos,
Deco.

quinta-feira, maio 24, 2007

POUPEMOS A FALA

Não me venha com conversa mole... Chega de falar. Chega de prometer. Chega de blábláblá. Não estou afim de palavras prontas, explicações e argumentos. Eu não sou a prova da OAB, tudo bem? No meu planeta ninguém precisa inventar um mundo de porquês para ser alguém, basta que seja e que tenha coragem suficiente de não mascarar o que é. Pode acreditar. Pode apostar. Não estou à procura de respostas, do fio da meada, do porto seguro para estacionar meu barquinho. Isso não é para mim. Já me encontrei, sei quem eu sou, gosto demais do meu caminho e numa boa, isso me faz, isso me basta demais. Então não me traga um discurso pronto. Estou vivido e bem cansado de lorotas. Estou cansado e com uma preguiça exagerada de pessoas que dizem por dizer, que ficam fazendo cena para uma platéia podre ver. Eu animo dialogar, animo jogar conversa fora, animo bater papo até o dia nascer, mas estou fora de polemizar qualquer tipo coisa.

Pode me chamar de radical. Pode me chamar de grosso. Pode me chamar do que quiser... No fundo, no peito e na estampa sou canceriano e realista. Acredito no amor e não curto meios termos. Ou é ou não é, ou vai ou fica. Eu preciso de sinceridade. No sorriso, no olhar. Eu preciso de meia dúzia de certezas incertas e também do calor atordoante de um beijo interminável. O texto? Pode deixar em casa. Atitudes são atitudes - e nelas aprendi, o que é verdadeiro fica.

quarta-feira, maio 09, 2007

OS OPOSTOS NÃO SE ATRAEM




Muito se fala em amor, paixão, cara metade, tampa da panela, alma gêmea, como queiram... Muito se sonha com o tal do amor perfeito, com uma espécie de sentimento mágico (que eu particularmente desconheço) que vai colorir sua vida da noite para o dia e te deixar feliz para sempre. Muito se fala, muito se sonha, pouco se faz. Vejo tantas e tantas pessoas querendo o amor em suas vidas e ao mesmo tempo, inconscientemente em suas atitudes, fugindo dele mais que o diabo da cruz. Tem muita gente querendo amar, mas tem muito mais gente com medo do amor. Essa é a verdade. As pessoas não se dispõem, se apegaram e se impregnaram nessa cultura de ser independentes, preferem seguir infelizes e entorpecidos nessa ideologia moderna e falida de auto-suficiência do que se arriscar numa relação amorosa. Reclamar é muito fácil... Todos querem o amor, todos querem amar e ser amados perdidamente, mas ninguém, digo n.i.n.g.u.é.m está a fim de por a cara pra quebrar não. Talvez tenhamos que tatuar em nossas testas: “Eu sou pra você, pode me amar tranqüila, não vai dar errado”. A que ponto nós chegamos... As pessoas querem o amor, reclamam horrores da vida de solteira, mas essas mesmas pessoas têm um medo desmedido de sofrer, de se entregar, de se tornarem dependentes afetivas do outro.

Sinto muito, o amor não tem garantia de fábrica nem manual de instruções. Nem o ser mais sensível do planeta consegue saber o que está dentro do outro, imagine garantir ou ter garantia de que depois de tudo virá um forever happy end. Ham! Amor é lógica sem razão, tem que sentir antes de pensar mesmo! Sentir, sentir, sentir e se entregar li-te-ral-men-te. Esse é o preço para entrar na roda. Paga quem pode. Paga quem tem amor e coragem no peito, o resto, é para ficantes. Agora, se será enfim a pessoa certa ou a pior pessoa do mundo, se valeu ou não o investimento, se é para sempre ou para nunca mais, só tempo vai dizer. Portanto, não se antecipe. Você não tem uma bola de cristal, ninguém tem. Por mais que você já tenha se ferrado, por mais sofrimentos, traições, ilusões e pessoas erradas que você colecione na sua trilha amorosa, não adianta se armar. Não adianta fugir. Não adianta fingir. Não adianta jogar. Não vale ser uma pessoa hoje e outra amanhã. Não vale querer falar e não ligar para fazer de conta que não está a fim. Não vale dar end. Não vale fazer docinho. O amor não suporta clichês. Por isso é tão imprevisível e surpreendente. Por isso é tão gostoso e infinitamente maior do que os outros sentimentos.

Tenha medo de morrer. Tenha medo de barata. Tenha medo de envelhecer. Tenha medo de altura. Tenha medo da violência. Tenha medo da mentira. Tenha medo da falsidade. Tenha medo da política. Tenha medo da sociedade, do ódio, da mágoa e da solidão, mas, por favor, não tenha medo do amor! Quem já ganhou e perdeu nessa montanha russa afetiva da vida sabe que no final, custe lágrima ou sorriso, você sai na frente, mais forte, mais maduro, mais bonito.

Fé no Amor! Fiquem bem...
Beijos,
Deco.

quarta-feira, março 28, 2007

LSC - LIBEREM SUA CRIANÇA


O adulto diz não sem ouvir a pergunta...
A criança diz sim sem saber a resposta.
O adulto esconde o que sente...
A criança transborda seus sentidos.
O adulto vê o que você tem...
A criança vê o que você é.
O adulto quer depredar...
A criança quer preservar.
O adulto é ganancioso...
A criança é desprendida.
O adulto é a distancia...
A criança, a proximidade.
O adulto nutre o ódio e a magoa...
A criança semeia o amor.
O adulto sente inveja...
A criança sente vontade.
O adulto vê a casca...
A criança, o sentimento.
O adulto julga...
A criança pergunta.
O adulto condena...
A criança perdoa.
O adulto esbraveja...
A criança sorri.
O adulto é singular...
A criança, plural.
O adulto é egoísta...
A criança coletiva.
O adulto é traidor...
A criança, leal.
O adulto é confuso...
A criança, transparente.
O adulto é arrogante...
A criança, humilde.
O adulto é rotina...
A criança, a novidade.
O adulto é o sal...
A criança, o açúcar.
O adulto é falso...
A criança, verdadeira.
O adulto é a guerra...
A criança, a paz.
O adulto é do mal...
A criança, do bem. .
O adulto é o frio...
A criança, o calor.
O adulto é a cabeça...
A criança, o coração.


CRI-EU.

CRI-VOCÊ:

CRI-ANÇAS...


Abram à roda... Abram os braços... Soltem os corações! Libertemos nossas crianças, as puras e doces crianças que ainda existem dentro de nós. Vamos brincar de celebrar a vida, a harmonia, a paz e o amor. Vamos espalhar positividade! Vamos, você também, lava essa cara amarrada, abaixa esse nariz e vem brincar de melhorar a vida. Vamos brincar de ser sinceros, honestos e capazes de amar. Vamos brincar de respeitar o próximo, de proteger a natureza, de defender nossos ideais. Vamos brincar de ser criança, brincar de ser feliz, simplesmente brincar, ora, ora. Vamos brincar de espalhar felicidade aos quatro cantos, brincar de ajudar, de fazer amigos, de dar as mãos. Vamos brincar de fazer amor, de beijar na boca, vamos brincar de olhar nos olhos uns dos outros. Vamos brincar de sorrir, de se entregar, vamos brincar de viver, vamos sim! Que nessa brincadeira não cabe máscara nem hipocrisia, somos iguais e podemos brincar de ser humanos, afinal já não dá mais para usar o caos do mundo como desculpa para não ser, não querer e não fazer, nada.

Liberem! Libertem! Sem culpa, sem medo, sem receio.

O parque está aberto e a entrada franca é franca, crianças.

Paz, amor e harmonia no coração.
Beijos,
Deco.

quarta-feira, março 14, 2007

O QUE NÃO É MUNDO


Todos os dias, o jornal estampa a violência em nossas caras.

Todos os dias, o noticiário invade nossos lares com toda sorte de tragédias.

Todos os dias, uma pessoa que conhecemos é assaltada, seqüestrada, violentada.

Todos os dias, todas as tardes, todas as noites, atrocidades rolam por todos os lados.

E aí? Nós não vamos fazer nada?

A gente escreve de amor... A gente vive de amor... A gente inventa uma mentira colorida para adoçar o cotidiano. Mas na verdade, o que criamos é uma ilusão individualista para seguir em frente de maneira suportável, tentando esquecer que esse estupro generalizado e cruel é uma realidade da qual fazemos parte diariamente. Amedrontados, preocupados e inseguros, mergulhamos numa utopia inconsciente de invulnerabilidade. Acontece no Rio com o menino João Hélio, de seis anos, que foi arrastado durante um assalto por nada menos que sete quilômetros. Acontece em São Paulo com o casal Richthofen, que morreu brutalmente assassinado pela filha e o namorado. Acontece com o vizinho, com o primo, com o amigo e com o amigo do amigo, aqui e ali, a cada segundo. Mas a gente se esquiva de ser mais um, a gente sempre pensa que nunca vai ser com a gente. A gente troca de canal, não lê o jornal, a gente finge pra aliviar, finge para conseguir viver, finge e segue. Entre rotweillers e pitbulls, por trás de muros gigantes, cercas elétricas, alarmes e câmeras, num verdadeiro Big Brother da vida real. A gente foge enquanto pode, finge enquanto dá.
Num belo dia, aliás, numa bela tarde, a realidade arromba sua casa, vasculha seu canto, derruba seu ninho e invade, destrói e leva embora seu suor, seu sono, sua dignidade, sua privacidade, sua liberdade e sua tranqüilidade. Invade e revira. Invade e furta. Invade e ameaça. Invade e te inclui na roleta russa da vida moderna. Invade sem razão, sem ideal, sem lema. Invade e agride. Invade e mistura os papéis. Invade como se você, um cara que trabalha desde os doze anos de idade, fosse o culpado da desigualdade mundana.

Não, mas não mesmo! Não me venha com esse papinho hipócrita da turma dos direitos humanos, não existe um argumento sadio que ampare a brutalidade que estamos vivendo. Não estamos mais falando de fatos isolados e sim de uma barbárie que se tornou parte integrante do nosso dia a dia. Sejamos realistas! O mundo acabou e a gente não viu, essa é a grande verdade. Nos tornamos prisioneiros, legítimos reféns de uma sociedade estúpida, violenta e capitalista. A vida humana se banalizou e essa banalização nos levou ao fundo do poço. O crime não tem cara, a sociedade não tem lei. Temos um judiciário manso, arcaico e que dá brecha pra toda espécie de bandido. Nossa policia é pobre, mal treinada e corrupta - e nossos políticos, bem, são os exemplos de que neste país custe sangue ou dinheiro, tudo acaba em impunidade.

Talvez seja hora de pararmos com essa individualidade idiota. Talvez seja hora de olharmos uns pros outros. Hora de nos unirmos, porque a violência já nos uniu num único alvo. Ricos ou pobres, negros ou brancos, homens ou mulheres, somos todos, sem qualquer distinção de classe, vítimas fatais dessa castração da liberdade. Não podemos mais ir e vir de vidros abertos nem fechados. Não podemos mais ir e vir. Não podemos mais namorar. Não podemos mais sair. Não podemos nem dormir em paz depois de um dia de trabalho. Isso não é vida!
Nós não merecemos isso!

Se cuidem...
Beijos,
Deco.

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

ROTEIRO ORIGINAL



Gravando!

Acordar. Tomar banho. Trabalhar. Trabalhar. Voltar para casa. Tomar banho. Dormir...

Ao novo amanhecer, cena por cena, a vida se repete. Nem sempre tão mecânica e não necessariamente nessa mesma ordem, mas é assim na maioria dos dias, foi assim na maioria dos meses dos últimos dez anos da minha vida. Então eu penso que isso tudo aconteceu e acontece e continuará acontecendo tão repetidamente por causa da minha sede de um futuro melhor. Carrego comigo desde cedo à convicção de que é preciso ser independente custe o que custar, seja trabalho, suor ou privação. Odeio depender das pessoas... Odeiooooooo! Essa coisa de ficar a deriva, de sujeitar-se, de encaixar-se, de ser espectador ao invés de ator da própria vida e de ter que concordar com tudo mesmo não concordando com nada, definitivamente, não é comigo. Então por mais louco e alienado ao trabalho que eu pareça, por mais cansativo que seja e por mais errado que as pessoas e outrora, eu mesmo ache, trabalho minha cabeça, meu bolso, minhas atitudes, meu coração e o que me cerca visando o amanhã. Planto meus olhos num dia que não chegou e que ninguém me garante que vai chegar... Eis a minha loucura. Talvez por isso eu seja tão questionado pelas pessoas. Porque ignoro a máxima de viver essa noite como a última, o hoje, o agora, esse exato minuto no qual eu escrevo. Ignoro mas consigo sentir, consigo ser intenso de forma tão ou mais leal que aqueles que vivem segundo por segundo... Ignoro, penso, sinto, insisto... A vida não é tão curta assim, não mesmo. Ela é rápida e isso é outra coisa. É rápida, mas pode ser longa e feliz se soubermos levá-la, se soubermos identificar e cultivar nossas pequenas felicidades.

Eu sei, a minha rotina parece sem graça... Todas parecem. Todas são. Que diferença faz? Você pode ver a vida dos outros e pelos seus olhos imaginar que é chato, fácil, triste ou divertido, não importa. A vida dos outros nunca é como a gente imagina, nunca. Tenho na ponta da língua uns cinqüenta exemplos de casca perfeita e realidade dramática... Parece que é lindo. Parece que é bacana. Parece que é feliz. Parece que é amado. Parece que é gostoso ser aquela pessoa, mas não é. Gostoso é ser você mesmo sempre! Eu poderia ter aceitado o convite do meu xará dos tempos de colégio e ter mudado para Itália para fazer design, lá está ele desenhando num dos estúdios mais conceituados do mundo, cá estou eu com a minha empresa. Eu poderia ter sido instrutor de pára-quedismo, piloto de kart ou poderia ter seguido qualquer um dos tantos caminhos diferentes que me apareceram. Sim, eu poderia. Mas mudar o rumo da vida não é tão simples quanto desejar a mudança, todo projeto, seja ele qual for, demanda tempo e trabalho árduo para dar certo, dia após dia, ano após ano, sem parar.

Então por mais que o mundo soe gigante, com oportunidades infinitas e propostas aparentemente fantásticas... Por mais que a gente se seduza com esse convite aberto à ilusão: "Fuja da Rotina! O mundo é seu...". É impossível vivenciar novas coisas todos os dias, a vida é feita de escolhas e temos que fazê-las de um jeito ou de outro, cedo ou tarde e por mais terrível, sufocante e morna que a rotina possa ser, ela faz tão parte da vida quanto nós mesmos.

Parece estranho julgar sua rotina uma vez que sua vida é um roteiro original escrito por você mesmo e mais estranho ainda ver que você, o próprio autor da história, ora ou outra, se enjoa absurdamente dela. Dá vontade de sumir. Dá vontade de mudar tudo. Dá vontade de apagar vinte e nove páginas e começar do zero. Dá vontade de radicalizar. Dá sim, dá mesmo! Mas você não é mais um menino impulsivo e sabe bem que toda novidade, toda surpresa, todo sabor da melhor descoberta dura um tempo enquanto tal e para frente, tempo mais, tempo menos, deságua em rotina outra vez.

Fiquem na paz e no amor.
Beijos,
Deco.


*: Deixo aqui registrado meu luto em homenagem a Sidney Sheldon, um dos maiores e mais geniais escritores que já li.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

QUANDO O TEMPO ACABAR




Se perder nessa zona social é perfeitamente natural... A vida moderna fabricou um número infinito de comportamentos estranhos, malucos e inaceitáveis, enfim, anda cada vez mais difícil entender a cabeça alucinada desse povo. Entre perdições, inversões e individualidades de toda sorte, persiste um mal ora não percebido e outrora ignorado pela maioria: A falta de tempo, a infeliz falta de tempo que vem dominando nossas vidas, nossas atitudes e nossos corações. Você fica um mês sem ver a sua mãe porque não tem tempo. Você não saltou de pára-quedas outra vez porque não tem tempo. Você não almoça porque não tem tempo. Você não namora porque não tem tempo. Você não diz que ama porque não tem tempo. Você não bebe com os amigos porque não tem tempo. Você não lê um bom livro porque não tem tempo. Você não contempla o amanhecer porque não tem tempo. Você não viaja porque não tem tempo. Você não reconhece sua estúpida falta de tempo para tudo e para todos porque não tem tempo.

Na verdade, o tempo é seu e não você dele. Na verdade, você declama aos berros sua terrível falta de tempo para ter um relacionamento, mas encontra tempo para ir a mais concorrida rave com top dj número x da revista y do momento. Na verdade, você reclama da sua atormentável falta de tempo para ler, mas encontra tempo para mil e noventa e sete futilidades que nunca acrescentaram absolutamente nada na sua vida. Na verdade, você se multiplica, se divide e se irrita com a falta de tempo, mas encontra sempre um tempo para fazer o que você realmente quer. Na verdade, você usa a falta de tempo como um artifício para se explicar, para não se expor, para se furtar. Na verdade, na verdade mesmo, a falta de tempo virou desculpa fácil para todas as línguas. Uma forma mais cômoda, confortável e moderna de dizer: Eu não estou afim.

E o tempo vai passando e nos levando, vai passando e levando nossos tempos: Infância, adolescência, juventude... E quando você assusta, já é adulto, já é velho, já não dá mais tempo de ser a criança que você não foi, o adolescente pegador do colégio ou o jovem responsável e irresponsável que conseguiu chegar aos 20 com menos maconha e mais bagagem na mochila. Com ou sem desculpas, com verdades ou mentiras, existe um tempo certo para tudo... Não dá para ser um playboy aos 40 sem ser ridículo nem para ser pai aos 70 sem ser avô. O tempo não permite tantas inversões, por mais que a gente queira, por mais que a gente tente controlar, não dá... Falta saúde para umas coisas, coragem para outras e você segue se equilibrando entre o que viveu, o que está vivendo e o que ainda vai viver.

O mundo anda acelerado, artificial, individualista e nós seguimos esse mundo. No contra tempo, na pressão, na medida do possível e sem refletir, sem sentir, sem parar pra pensar aonde mesmo essa trilha vai terminar. Falta peito, falta amor, falta preservação, falta desejo, falta sinceridade e todo mundo finge que não vê. Então um dia o tempo acaba e aí sim, você não tem tempo para mais nada.

Fiquem na paz e se cuidem.
Beijos,
Deco.