sexta-feira, julho 22, 2016


DE DENTRO PARA FORA

Nossa geração nasceu na contramão do passado; como quem chega para construir - sem qualquer experiência - uma nova estrada num cenário em que maioria dos paradigmas perderam o teto, a fé e a razão de existir. Avessos ao coletivo de rótulos aparentemente felizes daqueles que abraçaram um modelo de amor e relacionamentos convencionais, derrubamos as fronteiras edificadas pela comodidade - e fomos em busca de novas maneiras de sentir. Sim, andar na contramão nos coloca em choque, nos bate de frente uns com os outros e batida de frente machuca muito, meu amigo. Assim, como resultante de qualquer mudança de comportamento humano, nos fudemos pra caramba enquanto buscávamos um equilíbrio entre o que foi, o que parecia ser e o que realmente era. Sim, por mais liberto que soe e fácil que aparente na teoria, na prática foi muito foda encontrar o meio termo numa cena de liberdade tão expressiva, veloz e efêmera como esta que vivemos. Inventamos um tal de ficar e com o dito, sofremos horrores quando queríamos um pouco mais de algo que antes mesmo do subir do sol não tinha sequer nome e com freqüência, acabava antes mesmo de começar. Quantas paixões morreram de fome? Quantas expectativas não passaram de ilusões? Joana? Carla? Patricia? Diana? Mariana? Quemmm? Com quem afinal estamos, senão com nós mesmos…? Perguntava a vida em tom direto. De quem afinal somos, senão de nós mesmos? Respondia sugerindo que nos bastássemos. E num misto de conforto e desconforto, perdemos o chão em nosso próprio ato de liberdade. Mergulhamos num universo raso e virtual - e não felizes fundamos a "Era do Plim" - onde entre um e outro - plimmm - que o celular nos fornecia com fartura, se abriam e fechavam no mesmo segundo infinitas opções de envolvimento, diversão e sexo. Namorar? Noivar? Enrolar? Para quê escolher um caminho, se podemos seguir todos os imagináveis? Porquê beijar apenas uma boca, se temos a que nos convier com um mísero plim? Por qual razão trocaremos o vôo livre que nossas asas abertas nos entregam por um porto seguro, se aportamos dispostos a encontrar a segurança em nós mesmos? 

Ufa! As respostas para as perguntas que moraram no outro por anos a fio enfim se tonaram nossas - e o que antes só fazia sentido se estivesse em conformidade com um modelo estabelecido, escolheu a liberdade que somente a surpresa pode oferecer. O fato é que embora tenha custado caro e a gente tenha sofrido muito com a ausência de um modelo para seguir - somos heróis! - fomos precursores de uma verdadeira revolução amorosa e social. Os encontros, os sentimentos, todo um universo de receitas de vida foi alterada de uma hora pra outra, a partir de nossa simples existência; que munida da falta de opções e claro, entorpecida pela liberdade, precisou se reinventar. Mas começar por onde? Se basear em que? Achar amparo em qual fundamento, historia ou paradigma? Paradigma? Existe mesmo um modelo de vida que nos entregue garantias de acerto, paz e felicidade? Descobrimos que não! A grande maioria dos modelos dos quais somos frutos se partiram em pedaços diante de nossos próprios olhos, tal como infindáveis casamentos da nossa geração terminaram na igreja, na noite de núpcias em plena lua de mel, amigão. Alguns trinta dias depois - Yes! - outros nem emplacaram o segundo ano. E outros, muitos outros, não aconteceram, embora tivessem dia, hora e festa paga para acontecer. Mas e então… como fica o padre? Para onde foram todas aquelas juras por ti escritas e declamadas em público? E o cartório? Não era "até que a morte nos separe?". Não era "na saúde e na doença", "na riqueza e na pobreza"? Não, não era não. Era muito mais que isso! Era verdadeiro, profundo e direto - e quem não viu, e quem subiu no altar ou simplesmente se juntou sem que o coração pulsasse muito amor dentro peito, desceu no primeiro ponto disponível. Quem se casou com uma conta bancaria, entendeu da pior maneira que nenhum dinheiro é capaz de comprar os sentimentos. Quem embarcou apenas para não perder a carona, pela idade ou para não ficar pra titia - passou longe da esquina da felicidade. 

Veneramos a poesia serena da Bossa Nova, mas percebemos que é totalmente possível ser feliz sozinho, casado, noivo ou enrolado. Que a felicidade é vizinha do arrepio e não tem forma, verbo ou reticências… tampouco existe para abrigar a futilidade de uma lacuna fútil criada pela sociedade. Viva! Trocamos o sobrenome pela sintonia. Trocamos o estereotipo pela química. Trocamos a comodidade pela re-invenção, cientes de que toda re-invenção cedo ou tarde alcança a comodidade a fim de trazer novas invenções. Trocamos o de quem você é filho, pelo quem você é - e o que pode trazer de positivo para minha vida. Trocamos a dependência financeira pela liberdade de ser o que somos às claras - despidos de medo, artimanhas ou esconde-esconde. Trocamos o para sempre pelo enquanto houver amor reciproco e respeito. Trocamos a posse pela escolha, a pose pelo conteúdo, duas metades por dois inteiros. E mesmo assim, entre tantas trocas saudáveis, não encontramos uma receita que por herança, possa garantir o acerto de nossa cria. Mas não curtimos receitas de bolo, sabe? Escolhemos tatuar nossa verdade estampada no tempo para o mundo ver: somos gente humana, inteira, imperfeita, mutante - e gostamos de amar.
     

segunda-feira, agosto 20, 2012

SINTONIA


Posso garantir que não foram poucas. Por incontáveis vezes eu questionei o mundo, as pessoas, Deus e a mim mesmo em relação aos encontros e desencontros da vida moderna. Quem nunca questionou? Qual de vocês nunca se perguntou para onde foram os sentimentos, a sinceridade, o respeito, o amor? Entre tanta modernidade, aonde se esconderam os encantos, a entrega, aquele romance simples, doce e insubstituível entre homens e mulheres? Por que afinal de contas, viver um amor verdadeiro e construir uma relação sustentável tornou-se algo tão inatingível na vida contemporânea? Alguém e inclua aqui seu terapeuta/analista/psicólogo/psicanalista, te deu uma resposta capaz de silenciar suas interrogações? Lamento dizer, a mim não.

Acredito que todas as interrogações que podemos nutrir no percurso de nossas vidas partem sempre de um ponto comum: nós mesmos. Não há meios de se exigir do mundo e dos outros uma resposta, se em contrapartida estamos vazios, se não temos conosco nossa própria resposta em relação a eles. Assim, diante da sem graça falta de cor e perante a tamanha falta de amor com que tudo se apresenta, só um caminho se abre a nossa frente. Ácido. Transparente. Solitário. Mas completamente essencial ao relacionamento humano de qualquer natureza, o auto conhecimento.

Nos últimos quatro anos e fumaça, enquanto minha cabeça exercitava a paciência e meu coração canceriano insistia em fantasiar expectativas fracassadas, vivi um relacionamento sério comigo mesmo - uma autêntica viagem de auto conhecimento, entendimento e aceitação. Passeando por cada um de meus defeitos, visitando minhas carências, acatando de forma serena a minha própria imperfeição humana. É simples? É fácil? É leve? É superficial? Não, não é não. Primeiro pela ausência da fantasia e ilusão - as quais estamos imbecilmente acostumados a fabricar, engolir e achar normal, parte integrante da vida. Segundo porque esta relação se dá apenas entre você e você. Não existem quaisquer tipos de terceiros ou fatores externos habitando, intervindo e conduzindo seus pensamentos e principalmente, seu coração. Não existem mais baladas ou festinhas da moda anestesiando seus pensamentos e sentimentos sobre sua própria vida. Não, se você aceitar se conhecer. Não, se você se defender da sociedade e das suas fórmulas mágicas - que te levam sempre aos mesmos lugares vazios. É você e você numa relação que se dá pelas vinte e quatro horas que o dia tem. Dormindo e acordando, vivendo juntos e interagindo o tempo todo. Sem férias. Sem afagos. Sem mentiras. Sem colo. Sem açúcar. E nessa hora, todas as verdades que você tanto esperou ouvir dos outros, se espelham em você mesmo. Quem é você afinal? O que você deseja de verdade para sua vida? Você pergunta a si mesmo. Pergunta e responde. Pergunta e reconhece que falhou demais, que já mentiu, iludiu e se iludiu demais. Falhou demais. Mentiu demais. Sonhou demais. E um milhão de vezes se esfolou com seus próprios sentidos. E um milhão de vezes se machucou ao esperar dos outros o que não entregou a si. Mas assim aprendeu! Mas assim virou gente adulta e bem resolvida! É daí que vem a sabedoria, o crescimento e a maturidade. É daí que você olha pra trás e se orgulha de estar vivo - de ser, apesar de todos os erros e defeitos - uma pessoa do bem.

Aceita uma coisa, vai… É sempre de dentro pra fora! É do coração para cabeça que tudo flui e se torna sustentável a nossa volta. Só existe verdade no que você diz e faz, quando você está em sintonia com você mesmo. Sem essa conexão, teoricamente óbvia e na prática, muito rara - nada é sustentável - nada é real - seus gestos, seus atos, sua voz, tudo se resume utopia. É só depois. Sim, é algum tempo depois de que você se olha no espelho e sabe - sem artimanhas - quem você é e o que você quer de verdade, que você se torna capaz e digno de amar a si e por conseqüência, a qualquer outro ao seu redor. É depois de saber o que você quer, o que você não quer, o que aceita e o que jamais irá aceitar - que você encontra o amor, o amor por você mesmo. A pré-condição sentimental para amar o outro.
 
Você questionou. Você insistiu. Você buscou se conhecer e acabou conhecendo o amor próprio. Agora ficou fácil, né? Não. Agora ficou mais difícil do que já foi um dia, do que é por natureza. Agora, você não tapa o sol com a peneira. Agora, você não usa ninguém para calar sua carência ocasional, você se usa. Agora, você sabe em pouco tempo, ao presenciar pequenas atitudes - o que pode crescer e o que jamais vai passar da condição de semente. Agora, você promete menos, sonha menos e respeita em igualdade com o seu, o sentimento do outro. Noite eterna? Oi e tchau? Foi bom, mas acabou? Render o quê? Render pra quê? A química é afinada, mas e o resto? O que é o resto - se o resto é tudo que você não aceita, não quer e não admira? Restos? Agora, você anda feliz na sua própria companhia. Agora, ainda que só - você conhece a mesmice do fim de cada balada - e entendeu de um jeito doce (e não com a sensação de exclusão) que não existe ali um final que combina com você. Que nenhuma delas vai trazer entre um e outro gole de vodka, alguém com quem você vai passar mais de uma noite. Agora, você é feliz - ainda que deseje um amor e não tenha - e só vai aceitar os sentimentos que cheguem pra somar, pra te tornar alguém mais feliz e melhor. Agora, amizades, noites e flertes, se abrigam num mesmo pacote - só se tornarão parte da sua vida, se forem reais, se tiverem a essência afinada com a sua.

Eu sei, companheiro! Bunda seduz. Peito seduz. Vestido mostra útero seduz. Seduz quem quer um troféu. Seduz quem quer uma noite. Seduz qualquer ser que tem o tesão como objetivo singular - como se a vida se resumisse numa odisséia sexual. Depois que você se conhece, depois que você se ama e descobre o que quer - o que te seduz é a sintonia. Sintonia de essência. Sintonia de horizontes. Sintonia de pensamentos. Sintonia de cheiro, de respeito, de amor próprio. Sintonia… Essa menina rara, que brinca de esconde-esconde. Que parece impossível, que se mostra ausente dia após dia - e que numa hora, num segundo, num verdadeiro passe de mágica - desce do céu e te mostra que os desencontros valeram, que todos erros e tudo mais aconteceu do exato jeito que tinha que ser. E então, finalmente, sua fé em Deus e cada uma de suas prosas com ele ganham um sentido maior - não parece que é amor - não tem jeito nem cara de amor - é amor, apenas amor - e isso basta.
Fiquem bem e se cuidem.
Beijos,
Deco. 
*: Desculpem a ausência longa. O tempo anda muito corrido e algumas sementes que renderiam bons textos acabaram escapando mais curtas pelo Facebook. É bom estar de volta! Obrigado pelo carinho de sempre.         

sexta-feira, outubro 07, 2011

UM NOVO AMOR PARA AMAR


São tempos modernos. Então, por favor, entenda isso. Entenda isso ou poupe seu tempo e pare de ler por aqui mesmo. Entenda isso, antes que queira me dizer enquanto lê, que nasceu no mundo errado, na vida errada ou que preferia viver e amar no tempo da sua avó, bisavó, tataravó… Enfim, menos nostalgia! Não vamos fugir da realidade, combinado? O nosso tempo é esse mesmo; aqui, agora, século XXI, outubro, dois mil e onze! É este e não outro qualquer, o tempo possível para sermos felizes. Portanto não importa aqui, neste momento, se houve tempos mais felizes e doces ou teoricamente mais românticos e bonitos. Meu pai e minha mãe - tal como outros pais e outras mães - nasceram há 55 anos atrás e estão separados há nada menos que 24… Isso significa de forma clara, ácida e direta, que a fórmula de amor que me colocou nesse mundo não era perfeita nem para sempre - como as nossas não são - e fracassou - como as nossas também fracassam, ok?

A cada dia que passa, apesar da suposta facilidade que tenho para discorrer sobre o assunto, acho mais difícil discutir sobre o amor com as pessoas. E não é que eu não goste de polêmicas, porque eu adoro! E não é que eu tenha preguiça de trocar idéias, pontos de vista e horizontes, porque eu gosto demais. O fato é bem simples… Cheguei a conclusão de que o amor é como a felicidade, completamente conceitual. Assim, cada um de nós bate a sua cara na parede, espeta seu coração na ciranda na vida e segue - e erra - e acerta - e ama loucamente - e se fode - e tempos depois voltar a acreditar que o amor é do bem e que amar é bom e deliciosamente necessário a vida. Assim, cada um de nós pode se posicionar de forma livre e diferente - ainda que carregue o mesmo sentimento batendo dentro do peito.

Não é nenhuma novidade… Ninguém precisa ser - O astro - para concluir algo tão explícito! Existe de forma clara um excesso de abstinência amorosa ao nosso redor. Existe, infelizmente, um excesso de carência afetiva. Homens. Mulheres. Adolescentes. Jovens. Adultos. Aqui, ali e acolá. Todo mundo quer um amor para vida toda - e ninguém tem. Todo mundo quer um pé gostoso para colar no seu numa noite de inverno - e ninguém tem. Todo mundo quer alguém para trocar o dia, para dividir os pesos e as doçuras dessa vida - e ninguém tem. Todo mundo quer companhia pro cinema domingo a noite - e ninguém tem. Todo mundo quer alguém além de si mesmo habitando seu coração, e isso está acima de qualquer moda ou tendência, é algo humano e atemporal - e ninguém tem.

Então, meus queridos, dizer que o amor é algo a ser construído e conquistado para depois então ser mantido - parece um tanto óbvio e clichê, mas acreditem, não é não! Para uma geração que tanto se viciou no que é fácil e prático, não há o que seja óbvio ou clichê. Não restou palavra em pé no dicionário para classificar o que vivemos nos dias de hoje. Somos todos covardes e medrosos! E nossa distância de amar, e o que nos separa de forma abissal do que tanto queremos viver e sentir, tem muito mais a ver com nossas idealizações idiotas (que claro, nunca se realizam) do que com o amor propriamente dito. Nos impregnamos dessa cultura de querer o outro do nosso jeito, sempre como esperamos e nessa, esquecemos do fundamental em matéria de amor, de amar o outro como ele é - com todos, eu disse TODOS os defeitos e qualidades que ele tem.

Há uma chance para o amor na vida moderna? Eu acredito que sim! Para um amor livre, independente e pacífico, entre pessoas inteiras, amantes, amigas e maduras, tenho certeza que sim. Paralelo a qualquer modernidade, paralelo a passagem do tempo, o amor está aí e acreditem, nunca deixará de ser tema de cinema, da vida, do nosso coração. E se ele anda assim, meio sumido, acho natural… O recolhimento faz parte do processo de reinvenção. Não somos mais os mesmos, ainda bem. O amor não é mais o mesmo, ainda bem também. O sentimento que existe hoje, definitivamente, é para pessoas evoluídas. Você não irá sentí-lo de forma verdadeira se parou no tempo. São dois inteiros. Duas vontades - não duas metades disputando qual delas irá se anular.

Como sempre, fiquem bem!
Beijos mil,
Deco.

quarta-feira, julho 13, 2011

UM CORAÇÃO E MIL INTERROGAÇÕES

Parece que foi ontem, mas foram anos… O tempo se passou como um tiro. Veloz. Seco. Furioso. Certeiro. De uma hora para outra, os beijos tiveram suas expectativas furtadas, as cartas se tornaram emails, os telefonemas demorados se transformaram em mensagens que piscam no celular e as pessoas que fizeram e ainda fazem parte da nossa vida se juntaram aos "amigos" num site de relacionamento. Parece que foi ontem, mas não foi… Isso começou há muito tempo, de uma maneira lenta e silenciosa - e nós, entorpecidos por uma sede desmedida de novidade, nem percebemos. Quando acordamos, já estávamos aqui, vivendo essa vida moderna e ordinária que diariamente nos entope de interrogações.

Porque? Por que? Porquê? Por quê? Ninguém sabe a resposta. Ninguém traz consigo um discurso e acima disso, atitudes que sejam de fato convincentes. Ninguém cobre nossas perguntas com respostas cabíveis. Ninguém nos mostra um caminho mais feliz para viver e pior, nós também não temos conseguido encontrá-lo, estou errado? Eu não quero um remédio tarja preta para dormir e esquecer meus questionamentos. Eu não quero um baseado para fumar e viajar pra fora da minha própria vida. Eu quero apenas o que todos querem… Uma luz no fim do túnel. Um sol nascendo de maneira tão bela que possa ao menos manter acesa a minha fé de que o mundo será melhor neste dia. Uma lua cheia enchendo meu coração e a minha cabeça de romance.

Eu queria ter, mas não tenho uma resposta bonita para minhas interrogações, sabe? Ao mesmo tempo que não dá pra aceitar a forma como as coisas estão acontecendo, não dá também pra negar que elas de fato estejam. Portanto, o que eu sugiro para mim mesmo quando me olho no espelho a cada amanhecer é o amor. Se não o amor por uma mulher, o amor pela família, pelos amigos e amigas, amor próprio que seja… Apenas ele - por mais que o mundo vire e se revire - pode proteger nossa essência de tanta modernidade. O mundo mudou, mas amar continua o mesmo verbo - o mesmo sentimento indescritível e bonito - o mesmo vício e o mesmo sonho do meu coração.

Se cuidem.
Beijos,
Deco.

sábado, abril 30, 2011

PONTO DE EQUILÍBRIO


Você pode seguir a estrada da razão… Você pode seguir a trilha da emoção… Qual ser humano nunca se questionou em qual direção seguir, a qual sentido se apegar para encontrar a felicidade? Cabeça… Coração… Vertentes distintas, pontos de vista tão opostos e ao mesmo tempo, atraentes. De um lado, a cabeça; que se firma na segurança - do outro, o coração; que só se firma na insegurança, na dúvida que traz o suspiro e o faz bater seguidamente em descompasso. Ela, pauta o racional, sempre frio e calculista - ele, pauta o impulso, o calor e a intensidade. Ela, nos dá a sensação de conforto, de estarmos seguindo com garantias a direção certa - ele, nos dá uma gostosa sensação de desconforto e resume sua falta de garantias na única garantia que o importa: O amor.


Razão… Emoção… Dois extremos, dois lados da vida e da balança. Se viver é um aprendizado diário, orquestrar uma harmonia entre o que pensamos e o que sentimos é um mestrado cotidiano.


A vida é feita de múltiplos caminhos. Você pode ser racional, frio e pouco reativo ao que toca o coração - e talvez assim seja feliz ou quem sabe envelheça nos braços do seu travesseiro… Você pode ser emocional e totalmente entregue aos sentimentos - e talvez assim seja feliz ou quem sabe envelheça nos braços do mesmo travesseiro… Não há nenhuma comprovação científica ou testemunho existencial que aponte um caminho correto a seguir. Não há qualquer receita de comportamento que nos forneça garantias de acerto e felicidade. Vale a razão? Vale! Vale a emoção? Vale também! A nossa vida é feita dessa degustação constante e meio louca, desse mix de extremos que vão e vem - e das experiências que nos tornam seres mutantes e mais adiante, evoluídos. Viva! Vida é para viver, para dar a cara, errar e aprender. É melhor ter a mochila pesada, mas recheada de capítulos bons e ruins - do que vazia, se resumindo a areia por medo de se afogar no mar.


Faz um tempo que o equilíbrio tornou-se o meu foco de vida, um caminho que tento seguir a cada amanhecer. Equilíbrio, apenas equilíbrio… Nada de esquerda ou direita. Nada de ficar em cima do muro ou ter um bom senso meramente social. Nada de amar demais, trabalhar demais ou ter razão demais. Na vida profissional e afetiva, aprendi que extremos não são saudáveis, sabe? Que é fundamental conciliar, ser flexível, achar o meio termo e que isso não significa levar uma vida morna. Que por mais gostoso que seja ter o coração apaixonado batendo freneticamente, é melhor ainda senti-lo amando e batendo em paz. Que por mais fundamental que seja um amor para vida toda, nossos amigos e nossa família são simplesmente insubstituíveis. Que por mais seguro ou politicamente correto que seja ser racional, sozinha, a razão nos esfria, nos furta de sentir - e sentir é igualmente essencial e gostoso. Que mora no equilíbrio desse dueto - sentir e pensar - um caminho, uma estrada, uma trilha para a verdadeira felicidade.


Fiquem bem...

Beijos,

Deco.