quinta-feira, abril 02, 2009

:::::: O DIA EM QUE EU DESISTI DE CASAR ::::::

Um dia eu acreditei que ser feliz e amar alguém andavam juntos, colados um no outro. Um dia eu acreditei que a felicidade morava numa relação de amor, num romance tão belo e doce quanto àqueles que se vê no cinema. Eu cheguei a ter fé de que o pacote do adulto feliz ia muito além de ser bem sucedido profissionalmente, era ser bem casado, constituir uma família bonita e ter filhos pulando na minha cama domingo pela manhã. Afinal, por lógica, eu sou a prova, cada um de vocês é a prova de que isso existe – ou existiu algum dia nessa vida modernamente ordinária. Somos (a maioria de nós, acredito) frutos de um casamento tradicional, de uma relação de amor entre um homem e uma mulher.

Eu acreditei um dia. A modernidade escrota, vadia, vazia, pouco a pouco, mastigou até o caroço da minha fé. Não acredito mais e substancialmente, não entrego por mais nem um segundo minha felicidade nas mãos do meu estado afetivo. Sim, nos melhores dias da minha vida eu amava alguém e aqui, agora, na real, apenas uma em cada dez pessoas que eu conheço estão ou são casadas. Apenas um, em cada dez casamentos que eu conheço conseguiram a façanha de passar dos cinco anos de existência. Bodas? Só de papel, querida. Realmente, chegou a minha vez de admitir que dividir o mundo com outra pessoa é tarefa árdua e por demais, complicada. Encontrar a pessoa certa, no momento certo da sua vida depende de algum empenho e muita, mas muita sorte. Num mundo consumista e selvagemmente capitalista como o nosso, encontrar uma mulher guerreira que estará com você na champagne e na lama com a mesma disposição é semi-impossível. Descobrir alguém que tenha vontades semelhantes às suas, sonhos e desejos parecidos com os seus, idem. Achar a pessoa que respeite sua individualidade, que não seja doente de ciúmes e que não dependa seiscentos por cento de você, idem. Conhecer alguém que não reclame do seu cigarro e tome uma ou outra vodka com você ou que ao menos não te recrimine enquanto você bebe ou fuma um cigarro, idem também. Enfim, encontrar a pessoa com quem se tenha sintonia afinada, química, amor - e compreensão - e entendimento - e respeito - e fidelidade - e ternura - e cumplicidade - e paixão - e companheirismo - e carinho - e tesão, é quase a mega sena acumulada. Você ganhou? Administre seu prêmio cotidianamente! Pois aqui fora, a coisa está infinitamente feia.

Portanto, não sou mais quem rema contra a maré, deixa a maré levar... Cansei de vestir a camisa rebelde de contra mão do mundo. Cansei, mesmo. Sou gente e antes de amor, quero oxigênio, preciso demais respirar. Para aquelas pessoas as quais eu representava a esperança de um mundo melhor e mais bonito, vivam a vida, aproveitem a vida e boa sorte! Quero me demitir de carregar o vazio de sonhar o modernamente impossível. Vou sambar o samba dessa vida conforme ele tocar. Se um dia o amor chamar, se um dia a pessoa certa me achar e cruzar o meu caminho olhando nos meus olhos, talvez eu pague língua e acreditem: Eu desejo e espero pagar.

Se cuidem...
Beijos,
Deco.