quarta-feira, novembro 22, 2006

O QUE FIZERAM COM A GENTE?



Vivemos num tempo em que muitas coisas deixaram de existir. A máquina de escrever, o vídeo cassete, o toca fitas e mais um sem número de coisas, invenções e objetos foram aposentados. Tudo bem até então, mas evoluir apenas naquilo que usamos, o que é matéria pura e simples, não foi o bastante. Essa onda moderninha invadiu nossa vida de forma estúpida e avassaladora, atropelando sentimentos, ignorando a emoção. Não se importando se é coração, se é amor ou televisão. O negócio é evolução, praticidade urgente.

Nós acatamos. Fomos precursores, parte integrante dessa castração sentimental e aceitamos, deixamos rolar numa boa. Ninguém se preocupou aonde isso ia acabar. Ninguém parou e disse: Não é assim, é muito fútil, não pode funcionar. Cegos e embalados no êxtase natural de toda e qualquer novidade, nos lambuzamos de liberdade afetiva, gostamos e não paramos mais... Avulsos, descartáveis, na base do fica-fica, todos ficaram... Com uma, com outras e por fim, sem ninguém. Agenda cheia, coração vazio. Quantidade mil, qualidade zero. Beijos avulsos, olhares falsos, sexo convencional e um resultado ácido. Todos, muitos e ninguém, num único pacote.

A conta chegou e é cara, semi-impagável eu diria. Tem muita gente queimando a boa para pagar o analista, tem muita gente louca para sair desse parafuso sentimental. Mas não precisa ser analista para concluir algo tão óbvio... Nós nos perdemos de nós mesmos, essa é a verdade. Na integra, na real. Não adianta posar de descolada, não adianta falsear esse sorriso pra inglês ver, que não cola. Não há ninguém de carne e osso que não sinta isso na pele. Não há ninguém com o mínimo de maturidade, que nunca se deprimiu madrugada afora. Que nunca tenha se olhado no espelho e pensado: Porra! Que mundo é esse? Que pessoas são essas?

Estou cansado de meias vontades, meias respostas, meias palavras, meias certezas, meias pessoas. Cansado de meia razão e nenhuma emoção. Cansado dessa gente podre e dessa sociedade chula. Não quero certeza alguma, eu nasci para voar na contra mão dessa onda furada. Eu nasci pra insistir, pra persistir, pra sentir até não caber mais.

Continuo querendo saber que sentimos o mesmo sem dizer uma só palavra. Continuo acreditando em cheiros, beijos e sabores. Continuo desejando verdades inteiras, pessoas inteiras e emoções do tamanho do mundo. Continuo tentando dizer de forma simples e sem qualquer poesia que mesmo com emails e hotmails, mesmo com todas as evoluções, revoluções (e involuções). Que mesmo sendo careta, fora de moda e marginal à modernidade, o amor é o melhor de nós.

Na paz, na melhor, fiquem bem.
Beijos,
Deco,

PS: O Trilhas da Vida ganhou uma comunidade no Orkut, quem quiser conferir, entrar, postar, enfim... Clica Aqui. Obrigado, Carla, pela homenagem. Você arrasou demais! Obrigado também a todas as pessoas que lá e aqui estão. Vocês são únicas, fofas, fundamentais, insubstituíveis! Eu arrepio aqui.

sexta-feira, novembro 17, 2006

MOCHILA DE 77




Aos 29 anos, eu sei quem eu sou.


Isso parece um clichê. Uma frase feita. Uma citação óbvia e desinteressante, mas acreditem, não é. Para mim é a base. O pé do caminho. Um trunfo. Um tesouro de ouro que ninguém pode levar. Primeiro porque eu demorei nada menos que 29 anos para chegar a essa conclusão. Segundo porque é, com sobra, a conclusão mais suada e também a mais saudável e importante a qual eu já cheguei nessa vida.


Posso dizer:


Em 29 anos se descobre muita coisa... Você descobre o mundo. Você se descobre.


Descobre que ficar em casa num sábado à noite com ou sem companhia pode ser tão bom quanto, ou melhor, e mais interessante do que estar na mais badalada e concorrida festa da cidade, do ano, do planeta, como queiram (eles inventam de tudo para que você se sinta a pior pessoa se não for). Descobre que é possível fazer a festa sozinho ou bem acompanhado, mesmo porque mal acompanhado é um status que simplesmente já não existe na sua vida. Descobre que quem come qualquer coisa para sempre mastigar é uma pessoa que não se dá o mínimo valor e naturalmente, também não dá o menor valor às outras pessoas. Descobre que amigos que se dizem eternos se vão e que outros que aparentam ser efêmeros, se eternizam. Descobre que ouvir é tão importante quanto falar e que um olhar sincero vale uma noite inteira de sedução. Descobre que não se casar aos 23 anos foi um presente e que a Maria não era mesmo a mulher da sua vida. Nem ela nem a Juliana nem a Isabela nem as tantas outras que você jurou um dia serem. Elas não foram. Elas não são. Você descobre mais em menos coisas e esse mais em menos aguça de forma esplêndida sua sensibilidade. Descobre que a beleza é uma equação, um conjunto de traços, de jeitos, cheiros e formas, que por muitas e muitas vezes, só você vai conseguir ver. Descobre nessa altura da vida, que a opinião dos outros e um saco de lixo no meio da rua são a mesma coisa.


Erra. Aprende. Segue descobrindo... Essa é lei.


Descobre que você vem antes de tudo (e de todos) e que é possível amar a si mesmo sem ser um narciso idiota e vazio. Descobre que aqueles que você ama são paralelos, apenas paralelos e que não devem estar nem acima nem abaixo de você. Acima você sofre. Abaixo você pisa. Descobre o que você aceita e o que você não aceita e então pára de perder tempo, energia e calor com quem não deveria. Descobre na pele a verdadeira sentença aqui se faz, aqui se paga. Descobre que aquela máxima de que se ama apenas uma vez na vida, para nossa sorte, é uma puta mentira. Descobre que amor é um sentimento ilimitado, viciante e muito, mas muito lindo e que seria um desperdício o sentirmos uma única vez por uma única pessoa. Descobre que ser adulto é muito mais do que pagar contas e ser independente. Descobre que a aflição, o questionamento e a inquietude nos levam longe e que são o impulso perfeito para nossas melhores descobertas. Descobre que pular etapas definitivamente não é o melhor caminho, seja dor ou paixão, suor ou gozo, sorriso ou lágrima, elas existem para serem vividas com intensidade. É assim que nasce o aprendizado. Descobre a inteligência. Descobre a sabedoria. Descobre a emoção e continua sem muita habilidade para lidar com ela. Descobre por fim que amor, paz e saúde são essenciais, As outras coisas, todas as outras coisas, são meras conseqüências daquilo que você é.


Descobre. Ama. Segue amando... Essa é a vida. Essa é a minha vida.


Se cuidem...
Beijos,
Deco.

terça-feira, novembro 07, 2006

TEORIA DA INVOLUÇÃO AMOROSA

por Brena Braz e Deco Toledo


Porque é assim e não de outra forma.

Nenhum de nós precisou comer pedra e ir entalado para o hospital, para saber que pedra não se come. A gente simplesmente sabe. Porque lá trás, quando um cidadão iluminado criou esse mundo, algumas coisas foram determinadas... Entre elas, que pedra é para construir, não para comer. Da mesma forma, quando encostamos a mão numa panela quente, rapidamente retiramos, antes de nos queimar. É um reflexo. Um instinto de sobrevivência. Nosso cérebro age em frações de segundos. Não precisamos pensar antes de tirar a mão e nem derretê-la na danada da panela, simplesmente tiramos, automaticamente.

Mas nos contem aqui... Por que esse instinto de sobrevivência ou esse automatismo lógico não funciona com nosso coração? Por que nosso coração não sabe o que é bom ou ruim pra gente? Por que ele não fala com todas as letras (Sai fora antes que você quebre a cara)? Por que ele não fala se é ele o primeiro a se dar mal?

Ao contrário do cérebro nosso coração não evoluiu ao ponto de saber definir o que é e o que não é bom para nossa vida. Volta e meia estamos envolvidos em relações sem nexo, sem paixão, sem razão nenhuma de ser. Envolvidos num duelo entre o pensar e o sentir, entre o saber e o descobrir. Envolvidos com pessoas que "semi-portavam" um outdoor dizendo: Eu não sou para você! Nós não temos futuro! E nós cegos, ou melhor, insistentemente cegos, momentaneamente cegos e propositalmente cegos, vamos lá conferir e ver no que dá... Vamos lá pagar o preço, perder nosso tempo, nossos beijos e quebrar a cara mesmo sabendo que no fim, mais uma vez, não vai dar em nada.

Deus! Jesus! Santo Antônio Casamenteiro! De onde vem essa insistência? Essa mania de querermos algo que sabemos (de antemão) que não vai dar certo? Por que duas pessoas que têm essências, hábitos, desejos e sonhos tão contrários se envolvem?


Chamem de química. Paixão. Atração. Desejo. Seja lá o que for essa coisa louca, algo nos leva a insistir em relações com pessoas que não têm nada a ver com a gente. E que nunca dariam certo e que nunca dão, efetivamente. Você gosta de passar os finais de semana nas montanhas, curtindo a natureza, tomando sol nas cachoeiras e fazendo um rapel. Ela passa as tardes no shopping, falando ao celular como uma louca e torrando o cartão de crédito em coisas fúteis. Você é quase uma atleta, nunca fumou e gosta de música sertaneja. Ele curte música eletrônica, é playboy e acha que drogas ilícitas são o máximo. Enfim... Por que é que está tão na cara (dos dois) que não vai dar certo e queremos ver até onde vai? De onde o coração tirou que ele pode ser independente e seguir na direção contrária da razão (aquela, que nos avisa o tempo inteiro: sai daí)?

Será que, no futuro, estaremos evoluídos a ponto de nos atrairmos somente pela pessoa certa? A ponto de coração e razão entrarem em acordo. Ou estamos fadados a viver pra sempre dando cabeçada por aí e nos envolvendo com as pessoas erradas?

Acreditamos que os opostos não se atraem, mas insistimos em opostos, em contrários, em pessoas super-nada-a-ver. Insistimos e aprendemos. Talvez por isso existam tantas pessoas erradas... Aprendizado. Preparação. Por que quem não vive o errado, não valoriza o certo. Seria perfeito amar sem sofrer, ter sucesso e dinheiro sem trabalhar, seria - e seria fácil, sem graça e sem valor também. Essa mesma razão que nos leva pensar: Por que eu insisti? Por que eu caí nessa outra vez? Nos leva a concluir que a vida é assim... Que razão e emoção não costumam falar a mesma língua e que o amor é isso mesmo, meio loteria, meio destino, meio loucura. Não queira entender... Apenas sinta.

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Escrever em parceria era um desejo muito antigo. Sempre tive vontade de fundir minha escrita com outra e assim dar mais amplitude ao contexto, ao sentimento, ao ponto de vista. Eu gosto da idéia de trocar, de misturar sensações, de arriscar e ver como que fica. Eu gosto da idéia de ver AtéOndeVai. Mas desejar é uma coisa e fazer acontecer é outra bem diferente. Juntar pensamentos não é tão simples como parece, não mesmo. Exige entendimento, sintonia e completo despreendimento. Exige liberdade, liberdade que troca o meu pelo seu e o seu pelo nosso. Exige abandonar a vaidade singular e mergulhar na direção de um plural perfeito com harmonia, emoção e sentido.

Eis o resultado.

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Na melhor forma, fiquem bem.
Na fé, na paz e no amor.
Beijos,
Deco.