quarta-feira, abril 28, 2010

CONVERSANDO COM O CÉU


Você tenta negar... Você tenta esconder... Você tenta omitir... Você tenta relaxar, levar a vida numa boa e acreditar que depende da sorte, de um destino certeiro e bonito como nos filmes de romance hollywoodianos. Você tenta suprir sua ausência insubstituível com amigos e amigas, entre desabafos e prosas intermináveis que varam as madrugadas. Você tenta de um jeito quase desumano, expulsar do corpo seu coração canceriano e louco, para enfim aceitar que a vida afetiva neste século é assim... Racional. Livre. Morna. Individualista. Escrota. Você tenta seguir com a esperança de que um dia Deus acorde com um inesgotável bom humor e ilumine seu caminho, muito além do que iluminou por todos esses anos. E forçando as mais diversas adaptações, você tenta ser o que o mundo pede, aliás, exige, impõe! Tenta se iludindo... Lutando, brigando, ignorando na raça seus sonhos fora de moda para se sentir mais leve e afetivamente confortável. Assim como faz a incrédula e carente maioria, você cria teorias e porquês fantasmas para ludibriar seu próprio emocional. E então, Parabéns! Você se rende a idiotice de ser descolado e feliz como todos parecem ser.

Fantasia... Ultrapassado... Utopia... O amor é careta, falido, descartável. O amor é opcional... Adoro essa! Escutaram? Opcional... Que prático! Que bonito! Dia após dia, você escuta as mais variadas e criativas oposições ao sentimento que simplesmente nos colocou no mundo. Dia após dia, você escuta e faz como todos, não se revolta... Acredita na receita moderna, no liberalismo afetivo que fudeu o amor e segue fudendo boa parte da nossa geração! Mascarado, escondido, covarde e vazio... Você vive sem amor com muita felicidade, se descartando com as tantas piriguetes e os igualmente fartos pega-piriguetes que vivem em promoção pelos cantos da cidade. Você se sente completo, irradiante e realizado freqüentando lugares que nunca curtiu... Conhecendo pessoas com conceitos e horizontes nada a ver com os seus. Beijando bocas tão avulsamente gostosas e especiais, que nem do nome você consegue se lembrar. Perdendo o tempo que não volta, tentando de maneira auto suficiente e infantil, acreditar que vai nascer algum sentimento num coração que não ama ninguém além de si mesmo.

Funciona? Adoça? Alimenta? É óbvio que não! É mais uma mentirinha, isso não passa de historinha fajuta, de neurônios queimados em vão... Não há um caminho feliz para quem foge de si . Não dá pra fazer de conta se o amor é mesmo, o maior tema, o maior foco, o protagonista pulsante da minha vida e por conseqüência, desse blog. Como posso falsear se o que mora no meu peito troca a batida certinha pelo descompasso? Como esconder o desejo, a sede de amar, se ao fim dessas noites, tardes e festinhas babacas, eu mesmo, o observador inquieto que contesta acidamente o mundo e a vida moderna, se entrega ao questionamento? Como se igualar aos outros se sua forma de sentir é totalmente diferente? Como fugir da realidade quando o travesseiro, o espelho e todo o ninho, repetem juntos a mesma pergunta: Cadê, querido, cadê? Por onde anda seu sorriso fácil? O sonho gostoso, o sentimento doce, a poesia? Cadê você acordando e dando bom dia pro armário, pro teto e pro chuveiro? Por onde anda alguém capaz de dar uma bagunçadinha gostosa no seu emocional? Por onde anda sua mulher, sua parceira, sua cúmplice, o amor da sua vida?

Cadê? Respondo eu perguntando pro travesseiro, pro espelho, pro ninho... Cadê? Talvez algum de vocês saiba me dizer por onde anda... Eu não sei e se soubesse, tenham certeza, cobriria cada uma dessas perguntas com respostas bonitas. Eu não sei e assim, mesmo sem saber, eu acredito! Se ele ainda não chegou para ficar, penso eu, é coisa de Deus... O mesmo Deus que me diz sussurrando: “Isso mesmo! Bate a cara e deixa doer, rasga o peito pelas trilhas da vida, meu filho. Vai aprendendo e sentindo na pele, na ausência que tanto sente, como é morna e sem sentido a vida sem amor. Vai tentando se divertir mesmo que ignorando as propostas baratas e descartáveis que insistem em aparecer... Vai entendendo o tamanho, a magia e a beleza do amor... E o quanto ele constrói. E o quanto ele dá sentido a vida. E o quanto ele é pacífico, doce e fundamental. Um dia, como você bem diz no começo do texto... Eu vou acordar com um infinito bom humor, vou te olhar daqui de cima e o colocá-lo pulsando, do jeitinho que você espera na sua vida. Por mais azedos, vazios e superficiais que se mostrem o mundo e as pessoas, mantenha sua fé e proteja sua essência, meu filho. Não tenha medo de tentar... Siga errando, aprendendo, evoluindo... O amor, a mulher da sua vida, deixa comigo! No tempo certo ela vai cruzar o seu caminho.”

Tudo bem, Papai do Céu... Estamos conversados, por hoje.

Fiquem com Deus e se cuidem...

Beijos,

Deco.

quinta-feira, abril 15, 2010

A GUERRA QUE NINGUÉM VENCEU


Tudo bem, eu concordo com a primeira que falar: Machismo não está com nada, Deco!

Não está mesmo, você tem toda razão. Eu concordo que a mulher realmente deve trabalhar, ter seu espaço e ser independente financeiramente ao invés de se render ao tradicional pacote: lar, marido e filhos. Eu concordo que não existe qualquer inferioridade feminina em relação ao homem nas questões de valor, inteligência, competência, capacidade e o que mais quiserem incluir. Concordo também que todas as mulheres têm pleno direito à liberdade de escolha e que isso inclui beijar, se envolver e dar o que é seu quando, onde e para quem quiserem. Concordo muito com a evolução sexual, com o conhecimento do próprio corpo, onde moram milhões de cantinhos de tesão. Concordo ainda, que o infeliz ser humano que inventou o machismo não tinha a menor noção do que é o amor e menos ainda do que é a felicidade entre um homem e uma mulher. Sim, eu concordo!

O que eu não concordo e vou morrer sem concordar é que homem e mulher, sexos tão explicitamente distintos e com necessidades, anseios, carências e desejos também distintos, sejam vistos como iguais. O que eu não concordo é com esse feminismo exagerado que está tirando da mulher sua feminilidade e também sua doçura. O que eu não concordo é que se troquem os lugares, tornando os homens caça e as mulheres caçadoras. O que eu também não concordo é a mulher menosprezar uma gentileza, um gesto de carinho pelo simples fato de ser independente. O que eu não concordo é com algumas mulheres que pagam de independentes pela rua afora e que por trás da cortina, dependem dos maridos endinheirados até para fazer a unha. O que eu não concordo é com a mulher geladeira, que dispensa o sentir, que insiste em provar pro mundo que não tem um coração dentro do peito. O que eu não concordo e acho totalmente brochante, é ver mulheres com atitudes e comportamentos masculinos.

Ah! O romantismo morreu... Ah! O amor não existe mais... Ah! Eu estou sozinha... Ah! Minhas relações não passam de uma semana... Ah! Os homens não são mais gentis... Ah! O fulano me largou porque a fulana é mais gostosa do que eu... Ah! Ah! Ah! Pára! Pelo amor de Deus, pára! Reclamar não resolve a vida e o que está acontecendo com a gente é tão transparente quanto à janela da sua sala... Ninguém precisa ser um gênio da sensibilidade ou o guru do amor para perceber que está tudo errado! Que a gente se fudeu mesmo, literalmente! Que nessa guerra dos sexos, nossos papéis se inverteram e que os nossos valores se perderam nessa zona mega liberal.

O machismo é escroto? Tudo bem, volto a concordar. O feminismo também é demais! E nessa batalha idiota, nesse ringue infernal que se propõe unicamente a medir quem pode mais, quem é melhor, quem é mais importante, o amor não existe. Acabou o encanto, a conquista, aquele desejo gostoso e natural entre homens e mulheres. Acabou a dificuldade que trazia de carona um valor pra lá de essencial. Acabou! Virou poeira! Mesmo! Bonito agora é não ter expectativas pela garantia ilusória de não se frustrar. A moda é viver o presente e sonhar com o futuro está proibido. A onda do momento é viver a liberdade sem limites e sem sentir, sentir não é moderno, não é cool!

Fico aqui pensando... Tanto tempo perdido. Tanta imposição, guerrinha e joguinho. E aí, afinal de contas quem ganhou a batalha? Quem é o dono do troféu, o grande vencedor dessa patética competição em que vivemos? Nós, homens? Vocês, mulheres? Não! Essa é uma guerra diferente de qualquer outra, não existem vencedores. Fomos igualmente derrotados, somos cúmplices da derrota! Modernos, descolados, independentes e estupidamente carentes... Nós perdemos a medida, a fé e a ternura. Perdemos o limite, a beleza e o sentimento. Nessa independência que reina sem se dar conta de que morrerá com sede de amor, perdemos o dom de dar as mãos, de nos unir e com igual dedicação construir uma relação de amor.

Fiquem bem e se cuidem.
Beijos,
Deco.

quinta-feira, abril 08, 2010

Cuidado... Eclipse!


Imagine-se bela, charmosa e completa como a lua cheia. Fantasie que aquele núcleo caramelo, inspirador e romântico representa agora a sua vida... Uma espécie de casa que vai abrigar seu berço, suas qualidades e metas, seus valores, objetivos, conceitos, sonhos, experiências, erros e acertos, expectativas e decepções. Fantasie também que esse núcleo é envolto por um círculo, por uma espécie de redoma que te protege, te separa e principalmente, te diferencia de qualquer outro ser humano que habita esse planeta. Uma redoma que soa ironicamente como um divisor social, mas que na verdade é um filtro, um direcionador do que você irá ou não viver. É ela, essa redoma, quem vai ditar o que você vai acolher ou reprimir, quando e para quem irá se abrir ou se fechar - se irá se identificar absurdamente ou simplesmente não suportar as outras pessoas. É um muro redondo, uma legenda, um retrato, um espelho de você para o resto mundo. Um anel, que apesar de invisível, é o que nos torna indivíduos ao pé da letra. Sem ele, seriamos idiotamente iguais. Como algumas pessoas, idiotamente são.

Imaginou? Muito bem!

Então seja bem vindo ao seu mundo! Seja bem vindo à terra de você mesmo, ao palco principal do famoso e complexo eu - sobre o qual os analistas, psicólogos e terapeutas tanto discorrem. Um íntimo infinito e profundo, um mar de verdades que apenas você mesmo conhece. Um lugar despido de máscaras, mentirinhas e falsidades. Onde a verdade navega transparente, livre, limpa e pura - completamente despida de facetas e adaptações sociais. Um lugar único, singular, naturalmente criado e personalizado pela sua própria existência. Escrito, letra a letra, pela sua relação com tempo e com as pessoas, pela vivência de cada segundo, de cada minuto, de cada dia, de cada semana, de cada mês, de cada ano da sua vida. Onde a memória guardou cuidadosamente, todos os sim, os não e também os talvez já ditos e escutados pelos quatro cantos. Uma trilha marcada por todas as decisões, escolhas e direções que você mesmo escolheu seguir. Cama onde dorme a sua essência, a sua fé, a sua história e a sua maneira de amar que sim, é diferente de qualquer outra que você possa imaginar.

Um belo dia você conhece alguém especial. Um belo dia alguém especial consegue a façanha de passar pelo filtro, pelo anel, pela quase inexistente fresta da redoma que protege o seu mundo, sua intimidade, seu coração. Alguém que tem o melhor beijo, o melhor carinho, a melhor química da sua vida. Alguém que tem sonhos, valores e pensamentos idênticos aos seus. Alguém que enxerga o futuro, o horizonte, o amanhã da mesma forma com os mesmos olhos. Alguém que gosta dos mesmos pratos, das mesmas músicas, dos mesmos gêneros de filme... Alguém que tem as mesmas manias, o mesmo jeito de dormir e pra selar a perfeição em carne e osso, torce pelo mesmo time que você... Puta que Pariu! Você pensa com ares de ganhador da mega sena... Achei minha alma gêmea, meu clone, meu eu no outro sexo. Achei minha companheira, a tampa da panela, a metade da laranja, o amor da minha vida - até que a morte nos separe – e que a gente não morra nunca!

Bonito? Não, é lindo! É lindo quando o ser humano sonha acordado... É lindo quando ele se embriaga de fantasias e crenças tão inocentes e infantis quanto à existência do Papai Noel. Realmente é lindo o momento em que a paixão, o gostar, o amor ou qualquer outra espécie de manifestação afetiva nos traz a sensação – sempre utópica – de que fomos premiados, de que enfim encontramos a pessoa perfeita para construirmos uma relação perfeita. E que alem de perfeita, ela ainda dorme do nosso lado fazendo o melhor cafuné da vida - e nos dá um prazer desmedido – e se preocupa e cuida da gente como se fôssemos um bebê recém nascido.

Sim, queridas, fudeu!

É nesse caminho gentil e açucarado que o muro desce e escalda feito mel. É nessa leva que o anel se quebra como se fosse de plástico. Filtro? Que filtro! É nesse minuto que a redoma que nos cerca vira poeira – e quem não se cuida, vira poeira também. É nesse exato minuto que, de forma inconsciente, nossa personalidade perde a noção da realidade, do amor próprio e da burrice... Sim, é nessa levada que trocamos o ser pelo sentir... E o mundo fica multicolorido numa fração de segundos... O sorriso largo se cola no seu rosto e problema, cansaço e preguiça se tornam palavras que não existem no seu dicionário. O mel, o glacê e qualquer outro elemento doce que você possa imaginar adoçaram seus olhos, sua vida, seu peito e seu planeta carente de afago. Agora, você freqüenta o bar que mais odeia e faz sorridente como um palhaço, todos os programas que você nunca gostou de fazer. Agora, você enxerga a pior cena, o almoço mais chato como se fosse um sorvete, um suspiro ou uma barra interminável do seu chocolate preferido. E você desenha corações no espelho embaçado do banheiro... E você canta músicas românticas, dança e cria performances inacreditavelmente bregas enquanto toma banho... Você vê tudo em vermelho, tudo colorido e bonito, mas está cego... Você vê tudo, mas não se vê... Você morreu, se anulou achando que era amor e nem sentiu, não foi assim?

Seguindo a metáfora, que eu tanto gosto de usar quando o assunto é relacionamento... Não se iludam! O que é bonito no céu e uma pintura no universo, aqui embaixo é a morte escrita, seca e fatal. Não deixe um eclipse acontecer na sua vida! Acredite no amor, no romance e em toda doçura que eles trazem, mas pelo amor de Deus, não se anule! Não abandone seus amigos e amigas. Não ignore seus conceitos, pensamentos e valores para manter qualquer relação. Preserve sua essência, sua personalidade e sua individualidade. Não deixe de existir e muito menos de ser quem você é para estar com alguém que você pensa que ama... Anulação não é amor! Anote isso aí... Anulação é um comportamento sufocante, doentio e completamente insustentável... Mesmo as pessoas mais frágeis, que tendem a se anular com mais freqüência, cedo ou tarde, se mostram... E nessa hora, posso garantir que a sensação não é das melhores. Será que você amou um fantasma ou foi um fantasma que te amou? Tanto faz... O fato é que quem te amou não existe e reciprocamente, quem você amou também não.

Construa com quem você ama uma interseção, um encontro natural da sua vida com a vida dela, sem pressão, loucura ou ciúme doentio. Construa com quem você ama cumplicidade, encontro, amizade, respeito, sintonia e afinidade. Construa com quem você ama uma relação de soma, de troca, de cuidado mútuo e carinho recíproco. Construa com que você ama a verdade, a tolerância e a saberia para que um aceite o outro como é. Ninguém precisa se anular para viver um grande amor. Ninguém precisa se isolar do mundo, se ilhar, se tornar refém da relação para ter alguém bacana ao seu lado. Nada disso é sadio! Nada disso é amor!

Acho que mais do que idealizar e ficar se apaixonando loucamente pelas idealizações, precisamos exigir menos, sonhar menos e enxergar as pessoas como elas são, sabe? Fico observando a nossa geração, o nível de exigência e de futilidade das pessoas. Leio os emails angustiados que recebo diariamente e sinto que falta fé, atitude e disposição nas pessoas. Sinceramente? Eu não sei se esse amor para sempre que a gente tanto deseja viver e sentir vai acontecer nesses tempos... Não vejo isso rolando, nascendo, derramando pelas ruas e pelos lugares. Eu não sei e não vejo, mas acredito e tenho certeza de que amor assim, para a vida toda como sonhamos, só floresce com verdade, entrega e pureza. Entre gente inteira, autêntica e imperfeita.

Fiquem bem.
Beijos,
Deco.