quarta-feira, março 28, 2007

LSC - LIBEREM SUA CRIANÇA


O adulto diz não sem ouvir a pergunta...
A criança diz sim sem saber a resposta.
O adulto esconde o que sente...
A criança transborda seus sentidos.
O adulto vê o que você tem...
A criança vê o que você é.
O adulto quer depredar...
A criança quer preservar.
O adulto é ganancioso...
A criança é desprendida.
O adulto é a distancia...
A criança, a proximidade.
O adulto nutre o ódio e a magoa...
A criança semeia o amor.
O adulto sente inveja...
A criança sente vontade.
O adulto vê a casca...
A criança, o sentimento.
O adulto julga...
A criança pergunta.
O adulto condena...
A criança perdoa.
O adulto esbraveja...
A criança sorri.
O adulto é singular...
A criança, plural.
O adulto é egoísta...
A criança coletiva.
O adulto é traidor...
A criança, leal.
O adulto é confuso...
A criança, transparente.
O adulto é arrogante...
A criança, humilde.
O adulto é rotina...
A criança, a novidade.
O adulto é o sal...
A criança, o açúcar.
O adulto é falso...
A criança, verdadeira.
O adulto é a guerra...
A criança, a paz.
O adulto é do mal...
A criança, do bem. .
O adulto é o frio...
A criança, o calor.
O adulto é a cabeça...
A criança, o coração.


CRI-EU.

CRI-VOCÊ:

CRI-ANÇAS...


Abram à roda... Abram os braços... Soltem os corações! Libertemos nossas crianças, as puras e doces crianças que ainda existem dentro de nós. Vamos brincar de celebrar a vida, a harmonia, a paz e o amor. Vamos espalhar positividade! Vamos, você também, lava essa cara amarrada, abaixa esse nariz e vem brincar de melhorar a vida. Vamos brincar de ser sinceros, honestos e capazes de amar. Vamos brincar de respeitar o próximo, de proteger a natureza, de defender nossos ideais. Vamos brincar de ser criança, brincar de ser feliz, simplesmente brincar, ora, ora. Vamos brincar de espalhar felicidade aos quatro cantos, brincar de ajudar, de fazer amigos, de dar as mãos. Vamos brincar de fazer amor, de beijar na boca, vamos brincar de olhar nos olhos uns dos outros. Vamos brincar de sorrir, de se entregar, vamos brincar de viver, vamos sim! Que nessa brincadeira não cabe máscara nem hipocrisia, somos iguais e podemos brincar de ser humanos, afinal já não dá mais para usar o caos do mundo como desculpa para não ser, não querer e não fazer, nada.

Liberem! Libertem! Sem culpa, sem medo, sem receio.

O parque está aberto e a entrada franca é franca, crianças.

Paz, amor e harmonia no coração.
Beijos,
Deco.

quarta-feira, março 14, 2007

O QUE NÃO É MUNDO


Todos os dias, o jornal estampa a violência em nossas caras.

Todos os dias, o noticiário invade nossos lares com toda sorte de tragédias.

Todos os dias, uma pessoa que conhecemos é assaltada, seqüestrada, violentada.

Todos os dias, todas as tardes, todas as noites, atrocidades rolam por todos os lados.

E aí? Nós não vamos fazer nada?

A gente escreve de amor... A gente vive de amor... A gente inventa uma mentira colorida para adoçar o cotidiano. Mas na verdade, o que criamos é uma ilusão individualista para seguir em frente de maneira suportável, tentando esquecer que esse estupro generalizado e cruel é uma realidade da qual fazemos parte diariamente. Amedrontados, preocupados e inseguros, mergulhamos numa utopia inconsciente de invulnerabilidade. Acontece no Rio com o menino João Hélio, de seis anos, que foi arrastado durante um assalto por nada menos que sete quilômetros. Acontece em São Paulo com o casal Richthofen, que morreu brutalmente assassinado pela filha e o namorado. Acontece com o vizinho, com o primo, com o amigo e com o amigo do amigo, aqui e ali, a cada segundo. Mas a gente se esquiva de ser mais um, a gente sempre pensa que nunca vai ser com a gente. A gente troca de canal, não lê o jornal, a gente finge pra aliviar, finge para conseguir viver, finge e segue. Entre rotweillers e pitbulls, por trás de muros gigantes, cercas elétricas, alarmes e câmeras, num verdadeiro Big Brother da vida real. A gente foge enquanto pode, finge enquanto dá.
Num belo dia, aliás, numa bela tarde, a realidade arromba sua casa, vasculha seu canto, derruba seu ninho e invade, destrói e leva embora seu suor, seu sono, sua dignidade, sua privacidade, sua liberdade e sua tranqüilidade. Invade e revira. Invade e furta. Invade e ameaça. Invade e te inclui na roleta russa da vida moderna. Invade sem razão, sem ideal, sem lema. Invade e agride. Invade e mistura os papéis. Invade como se você, um cara que trabalha desde os doze anos de idade, fosse o culpado da desigualdade mundana.

Não, mas não mesmo! Não me venha com esse papinho hipócrita da turma dos direitos humanos, não existe um argumento sadio que ampare a brutalidade que estamos vivendo. Não estamos mais falando de fatos isolados e sim de uma barbárie que se tornou parte integrante do nosso dia a dia. Sejamos realistas! O mundo acabou e a gente não viu, essa é a grande verdade. Nos tornamos prisioneiros, legítimos reféns de uma sociedade estúpida, violenta e capitalista. A vida humana se banalizou e essa banalização nos levou ao fundo do poço. O crime não tem cara, a sociedade não tem lei. Temos um judiciário manso, arcaico e que dá brecha pra toda espécie de bandido. Nossa policia é pobre, mal treinada e corrupta - e nossos políticos, bem, são os exemplos de que neste país custe sangue ou dinheiro, tudo acaba em impunidade.

Talvez seja hora de pararmos com essa individualidade idiota. Talvez seja hora de olharmos uns pros outros. Hora de nos unirmos, porque a violência já nos uniu num único alvo. Ricos ou pobres, negros ou brancos, homens ou mulheres, somos todos, sem qualquer distinção de classe, vítimas fatais dessa castração da liberdade. Não podemos mais ir e vir de vidros abertos nem fechados. Não podemos mais ir e vir. Não podemos mais namorar. Não podemos mais sair. Não podemos nem dormir em paz depois de um dia de trabalho. Isso não é vida!
Nós não merecemos isso!

Se cuidem...
Beijos,
Deco.