sexta-feira, dezembro 22, 2006

O AMANHÃ NÃO SE SABE



Quem freqüenta este espaço há algum tempo conhece bem minha ojeriza por datas comerciais, que obviamente, mega-inclui o Natal. Acho essa época apelativa, um tanto capitalista e pouco, muito pouco sincera. Se você gosta, se você conta os dias, se você acha lindo, tudo bem. Cada um é cada um, não é assim que funciona a democracia? Então vai lá encontrar a família, brindar, compartilhar a mesa e comemorar, mas faça-me um favor, não sorria amarelo pra ninguém. Não sorria para agradar, para parecer feliz, para fazer de conta. Esse sorriso falso e coletivo foi uma das coisas que mais me afastou da noite do bom velhinho. Além disso, não gosto da obrigação de ter que ir. Ir e sorrir. Ir e fingir. Ir e se fazer de feliz, de querido, de bonzinho só para agradar e manter o clima de harmonia familiar. Vocês sabem... Fachadas não são mesmo o meu forte, tão menos ter que abraçar e felicitar pessoas que não participam da minha vida, que não me curtem, que não torcem por mim, enfim, pessoas das quais eu não faço a mínima questão. Talvez por isso e também pela desigualdade tatuada, pelos velhos abandonados nos asilos, pelas muitas crianças, adolescentes e jovens sem a menor oportunidade, pelos pais de família desempregados, que se frustram por não conseguir oferecer às suas famílias às mínimas condições de vida e por todos, sem distinção, que nada têm nessa noite de fartura e desperdício em nossas mesas, vejo o Natal, sem a menor culpa, como um dia qualquer.

E se o Natal chega de um lado, meu telefone toca (pela centésima vez em dois dias) de outro... Adivinhem quem é? É mais uma pessoa querendo saber qual é a boa do reveillon. É mais uma pessoa querendo ir para os mesmos lugares... Rio, Salvador, Escarpas, Maresias, Floripa... É mais uma pessoa querendo encontrar as mesmas pessoas de sempre, nos mesmos lugares de sempre, com a mesma hipocrisia de sempre. É mais uma pessoa perdida de si, fadada por essa sociedade estúpida, a caçar um reveillon de cinema... Na praia, na ilha da fantasia, com pulseirinha colorida no pulso, muita champagne importada e gente que não sorri. É mais uma pessoa, apenas mais uma pessoa cavando mais uma oportunidade vazia para se divertir por divertir, beijar por beijar e se incluir, se igualar, se repetir na cena que tantas e tantas vezes eu já assisti.

Para todos os que me ligaram e para os que ainda vão ligar, deixo a resposta: Vou passar em casa, isso mesmo, não se assuste nem me chame de louco. Vou passar em casa, com meia dúzia de pessoas queridas, tomando minha vodka favorita. Vou passar na tranqüila, na paz e sem filas ou gente suada me esbarrando. Vou passar sem brigas, sem trânsito e sem ter que assistir o povo pastilhado transando no banheiro. Vou passar desligado, completamente livre e desalienado de qualquer protocolo. Não estou preocupado com qual lugar estará mais concorrido ou mais cheio ou mais fino... Perdi o engajo para ser descolado e o jogo de cintura e a paciência para me envolver em coisas que não fazem minha cabeça. Perdi e ganhei. A certeza de ser feliz do meu jeito, a certeza de me divertir sem precisar me sujeitar a situações irritantes. Sem precisar interagir com pessoas que não tem absolutamente nada a ver comigo. Sem precisar ver o dia nascer em meio a máscaras se desfigurando e concluir ao final de tudo, depois de juras e juros, que meu ano começou sem graça, sem sentimento e sem valor.

Então, entre um natal comercial e a verdadeira maratona por um reveillon mais vip, fico com meu desejo, que é bem simples... Sejamos mais, ora! Mais poesia, mais emoção, mais humanos, mais coração. Mais trabalhadores, mais fortes, mais competentes, mais honestos... Mais sábios, mais inteligentes, mais doces, mais conscientes... Mais amáveis, mais compreensivos, mais amigos... Mais generosos, mais sinceros, mais sensíveis... Mais verdadeiros, mais companheiros, mais felizes... Mais amor.

Fiquem com a paz e a luz de Deus e se cuidem.
Ano que vem tem mais...
Beijos mil,
Deco.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

GULA PERFEITA



Dizem que amar é o bastante. Incondicionalmente. Irradiantemente. Incansavelmente. Pode ser... Aliás, pode ser tudo, suficientemente tudo, se você levar uma vida ou ao menos se dispor a levar uma vida por conta da emoção. Sim, pode ser, se você for um adolescente despido de razão, se puder agir, pensar e viver exclusivamente para o amor. Do contrário, com muito pesar e as devidas desculpas, devo dizer: Amar não é o bastante.

Na real, antes de tudo, não é o bastante porque é impossível viver de amor. Amor não paga as contas, não compra comida, roupas, apartamento nem carro novo. Não é o bastante porque você não quer morar numa cabana no meio do nada e nem vender coco na praia para sobreviver. Isso é muito bonito, é muito emotivo e romântico, mas é pura utopia e utopias nessa altura da vida, passam longe da sua cabeça. Não é o bastante a partir do momento que você tem amigos e naturalmente, sente a falta deles. Não é o bastante porque mesmo amando você continua precisando de liberdade e de um tempo seu, seja para saltar de pára-quedas, jogar bola, baralho, sinuca, para beber, para não fazer nada ou para fazer qualquer outra coisa que te desligue do cotidiano por algumas horas. Não é o bastante porque você, como todo ser humano, tem extrema facilidade para se enjoar das coisas e na medida em que se fecha em uma única vertente, enjoar é semi-automático, mera questão de tempo.

Não é o bastante porque você quer mais... Você quer se casar com uma pessoa bacana, ter um casal de filhos pulando na sua cama pela manhã, ver sua empresa produzindo alto e ter aquele lugar agradável pra morar. É um sonho antigo, um sonho que você persegue, um sonho que você não vai abandonar. Um sonho que depende de você e de muito trabalho, dedicação e competência. Por isso você carrega sua empresa tatuada na pele e por ela trabalha como um louco, inclusive aos sábados, domingos e feriados. Por isso, mesmo podendo, abre mão de festas e férias, viagens e cruzeiros que a maioria dos seus amigos está fazendo nesse momento. Por isso, ora ou outra, você está visivelmente cansado e sem a menor paciência e disposição para os programas que as pessoas querem que você faça. As pessoas não te entendem, mas você não se preocupa com isso. Você concluiu que a vida não é tão efêmera como algumas pessoas pensam e nem tão longa como outras pessoas pensaram. Você tem um sentido, um objetivo, um caminho a seguir onde o amor é apenas um ingrediente, não a receita completa.

Você quer o amor, sabendo que não é o bastante, mas não quer um amor que sufoca, que prende ou que cobra. Você já tem cobranças demais, pressões demais, gente demais enchendo sua cabeça com toda sorte de problemas. Você quer o amor como oxigênio, adoçando, colorindo, aliviando o peso e o preço que você paga para ser quem você é. Você quer o amor para encostar a cabeça, para te fazer dar risadas e para ter um motivo mais que perfeito para voltar para casa ao fim de um dia. Você quer um amor, mas não quer um amor qualquer. Você quer ô Amor... Com menos ciúme e mais confiança, com menos conflitos e mais harmonia, sintonia e sabedoria. Você quer um amor leve e sadio, que respeite sua individualidade, que não se anule e que não tente te anular. Afinal, você não é mais um menino, já não carrega meias certezas, meias palavras e dúvidas inteiras. Você sabe o que você quer, vive o que você quer e com quem você quer. Isso sim é o bastante.

Fiquem bem e se cuidem.
Beijos,
Deco.

quarta-feira, novembro 22, 2006

O QUE FIZERAM COM A GENTE?



Vivemos num tempo em que muitas coisas deixaram de existir. A máquina de escrever, o vídeo cassete, o toca fitas e mais um sem número de coisas, invenções e objetos foram aposentados. Tudo bem até então, mas evoluir apenas naquilo que usamos, o que é matéria pura e simples, não foi o bastante. Essa onda moderninha invadiu nossa vida de forma estúpida e avassaladora, atropelando sentimentos, ignorando a emoção. Não se importando se é coração, se é amor ou televisão. O negócio é evolução, praticidade urgente.

Nós acatamos. Fomos precursores, parte integrante dessa castração sentimental e aceitamos, deixamos rolar numa boa. Ninguém se preocupou aonde isso ia acabar. Ninguém parou e disse: Não é assim, é muito fútil, não pode funcionar. Cegos e embalados no êxtase natural de toda e qualquer novidade, nos lambuzamos de liberdade afetiva, gostamos e não paramos mais... Avulsos, descartáveis, na base do fica-fica, todos ficaram... Com uma, com outras e por fim, sem ninguém. Agenda cheia, coração vazio. Quantidade mil, qualidade zero. Beijos avulsos, olhares falsos, sexo convencional e um resultado ácido. Todos, muitos e ninguém, num único pacote.

A conta chegou e é cara, semi-impagável eu diria. Tem muita gente queimando a boa para pagar o analista, tem muita gente louca para sair desse parafuso sentimental. Mas não precisa ser analista para concluir algo tão óbvio... Nós nos perdemos de nós mesmos, essa é a verdade. Na integra, na real. Não adianta posar de descolada, não adianta falsear esse sorriso pra inglês ver, que não cola. Não há ninguém de carne e osso que não sinta isso na pele. Não há ninguém com o mínimo de maturidade, que nunca se deprimiu madrugada afora. Que nunca tenha se olhado no espelho e pensado: Porra! Que mundo é esse? Que pessoas são essas?

Estou cansado de meias vontades, meias respostas, meias palavras, meias certezas, meias pessoas. Cansado de meia razão e nenhuma emoção. Cansado dessa gente podre e dessa sociedade chula. Não quero certeza alguma, eu nasci para voar na contra mão dessa onda furada. Eu nasci pra insistir, pra persistir, pra sentir até não caber mais.

Continuo querendo saber que sentimos o mesmo sem dizer uma só palavra. Continuo acreditando em cheiros, beijos e sabores. Continuo desejando verdades inteiras, pessoas inteiras e emoções do tamanho do mundo. Continuo tentando dizer de forma simples e sem qualquer poesia que mesmo com emails e hotmails, mesmo com todas as evoluções, revoluções (e involuções). Que mesmo sendo careta, fora de moda e marginal à modernidade, o amor é o melhor de nós.

Na paz, na melhor, fiquem bem.
Beijos,
Deco,

PS: O Trilhas da Vida ganhou uma comunidade no Orkut, quem quiser conferir, entrar, postar, enfim... Clica Aqui. Obrigado, Carla, pela homenagem. Você arrasou demais! Obrigado também a todas as pessoas que lá e aqui estão. Vocês são únicas, fofas, fundamentais, insubstituíveis! Eu arrepio aqui.

sexta-feira, novembro 17, 2006

MOCHILA DE 77




Aos 29 anos, eu sei quem eu sou.


Isso parece um clichê. Uma frase feita. Uma citação óbvia e desinteressante, mas acreditem, não é. Para mim é a base. O pé do caminho. Um trunfo. Um tesouro de ouro que ninguém pode levar. Primeiro porque eu demorei nada menos que 29 anos para chegar a essa conclusão. Segundo porque é, com sobra, a conclusão mais suada e também a mais saudável e importante a qual eu já cheguei nessa vida.


Posso dizer:


Em 29 anos se descobre muita coisa... Você descobre o mundo. Você se descobre.


Descobre que ficar em casa num sábado à noite com ou sem companhia pode ser tão bom quanto, ou melhor, e mais interessante do que estar na mais badalada e concorrida festa da cidade, do ano, do planeta, como queiram (eles inventam de tudo para que você se sinta a pior pessoa se não for). Descobre que é possível fazer a festa sozinho ou bem acompanhado, mesmo porque mal acompanhado é um status que simplesmente já não existe na sua vida. Descobre que quem come qualquer coisa para sempre mastigar é uma pessoa que não se dá o mínimo valor e naturalmente, também não dá o menor valor às outras pessoas. Descobre que amigos que se dizem eternos se vão e que outros que aparentam ser efêmeros, se eternizam. Descobre que ouvir é tão importante quanto falar e que um olhar sincero vale uma noite inteira de sedução. Descobre que não se casar aos 23 anos foi um presente e que a Maria não era mesmo a mulher da sua vida. Nem ela nem a Juliana nem a Isabela nem as tantas outras que você jurou um dia serem. Elas não foram. Elas não são. Você descobre mais em menos coisas e esse mais em menos aguça de forma esplêndida sua sensibilidade. Descobre que a beleza é uma equação, um conjunto de traços, de jeitos, cheiros e formas, que por muitas e muitas vezes, só você vai conseguir ver. Descobre nessa altura da vida, que a opinião dos outros e um saco de lixo no meio da rua são a mesma coisa.


Erra. Aprende. Segue descobrindo... Essa é lei.


Descobre que você vem antes de tudo (e de todos) e que é possível amar a si mesmo sem ser um narciso idiota e vazio. Descobre que aqueles que você ama são paralelos, apenas paralelos e que não devem estar nem acima nem abaixo de você. Acima você sofre. Abaixo você pisa. Descobre o que você aceita e o que você não aceita e então pára de perder tempo, energia e calor com quem não deveria. Descobre na pele a verdadeira sentença aqui se faz, aqui se paga. Descobre que aquela máxima de que se ama apenas uma vez na vida, para nossa sorte, é uma puta mentira. Descobre que amor é um sentimento ilimitado, viciante e muito, mas muito lindo e que seria um desperdício o sentirmos uma única vez por uma única pessoa. Descobre que ser adulto é muito mais do que pagar contas e ser independente. Descobre que a aflição, o questionamento e a inquietude nos levam longe e que são o impulso perfeito para nossas melhores descobertas. Descobre que pular etapas definitivamente não é o melhor caminho, seja dor ou paixão, suor ou gozo, sorriso ou lágrima, elas existem para serem vividas com intensidade. É assim que nasce o aprendizado. Descobre a inteligência. Descobre a sabedoria. Descobre a emoção e continua sem muita habilidade para lidar com ela. Descobre por fim que amor, paz e saúde são essenciais, As outras coisas, todas as outras coisas, são meras conseqüências daquilo que você é.


Descobre. Ama. Segue amando... Essa é a vida. Essa é a minha vida.


Se cuidem...
Beijos,
Deco.

terça-feira, novembro 07, 2006

TEORIA DA INVOLUÇÃO AMOROSA

por Brena Braz e Deco Toledo


Porque é assim e não de outra forma.

Nenhum de nós precisou comer pedra e ir entalado para o hospital, para saber que pedra não se come. A gente simplesmente sabe. Porque lá trás, quando um cidadão iluminado criou esse mundo, algumas coisas foram determinadas... Entre elas, que pedra é para construir, não para comer. Da mesma forma, quando encostamos a mão numa panela quente, rapidamente retiramos, antes de nos queimar. É um reflexo. Um instinto de sobrevivência. Nosso cérebro age em frações de segundos. Não precisamos pensar antes de tirar a mão e nem derretê-la na danada da panela, simplesmente tiramos, automaticamente.

Mas nos contem aqui... Por que esse instinto de sobrevivência ou esse automatismo lógico não funciona com nosso coração? Por que nosso coração não sabe o que é bom ou ruim pra gente? Por que ele não fala com todas as letras (Sai fora antes que você quebre a cara)? Por que ele não fala se é ele o primeiro a se dar mal?

Ao contrário do cérebro nosso coração não evoluiu ao ponto de saber definir o que é e o que não é bom para nossa vida. Volta e meia estamos envolvidos em relações sem nexo, sem paixão, sem razão nenhuma de ser. Envolvidos num duelo entre o pensar e o sentir, entre o saber e o descobrir. Envolvidos com pessoas que "semi-portavam" um outdoor dizendo: Eu não sou para você! Nós não temos futuro! E nós cegos, ou melhor, insistentemente cegos, momentaneamente cegos e propositalmente cegos, vamos lá conferir e ver no que dá... Vamos lá pagar o preço, perder nosso tempo, nossos beijos e quebrar a cara mesmo sabendo que no fim, mais uma vez, não vai dar em nada.

Deus! Jesus! Santo Antônio Casamenteiro! De onde vem essa insistência? Essa mania de querermos algo que sabemos (de antemão) que não vai dar certo? Por que duas pessoas que têm essências, hábitos, desejos e sonhos tão contrários se envolvem?


Chamem de química. Paixão. Atração. Desejo. Seja lá o que for essa coisa louca, algo nos leva a insistir em relações com pessoas que não têm nada a ver com a gente. E que nunca dariam certo e que nunca dão, efetivamente. Você gosta de passar os finais de semana nas montanhas, curtindo a natureza, tomando sol nas cachoeiras e fazendo um rapel. Ela passa as tardes no shopping, falando ao celular como uma louca e torrando o cartão de crédito em coisas fúteis. Você é quase uma atleta, nunca fumou e gosta de música sertaneja. Ele curte música eletrônica, é playboy e acha que drogas ilícitas são o máximo. Enfim... Por que é que está tão na cara (dos dois) que não vai dar certo e queremos ver até onde vai? De onde o coração tirou que ele pode ser independente e seguir na direção contrária da razão (aquela, que nos avisa o tempo inteiro: sai daí)?

Será que, no futuro, estaremos evoluídos a ponto de nos atrairmos somente pela pessoa certa? A ponto de coração e razão entrarem em acordo. Ou estamos fadados a viver pra sempre dando cabeçada por aí e nos envolvendo com as pessoas erradas?

Acreditamos que os opostos não se atraem, mas insistimos em opostos, em contrários, em pessoas super-nada-a-ver. Insistimos e aprendemos. Talvez por isso existam tantas pessoas erradas... Aprendizado. Preparação. Por que quem não vive o errado, não valoriza o certo. Seria perfeito amar sem sofrer, ter sucesso e dinheiro sem trabalhar, seria - e seria fácil, sem graça e sem valor também. Essa mesma razão que nos leva pensar: Por que eu insisti? Por que eu caí nessa outra vez? Nos leva a concluir que a vida é assim... Que razão e emoção não costumam falar a mesma língua e que o amor é isso mesmo, meio loteria, meio destino, meio loucura. Não queira entender... Apenas sinta.

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Escrever em parceria era um desejo muito antigo. Sempre tive vontade de fundir minha escrita com outra e assim dar mais amplitude ao contexto, ao sentimento, ao ponto de vista. Eu gosto da idéia de trocar, de misturar sensações, de arriscar e ver como que fica. Eu gosto da idéia de ver AtéOndeVai. Mas desejar é uma coisa e fazer acontecer é outra bem diferente. Juntar pensamentos não é tão simples como parece, não mesmo. Exige entendimento, sintonia e completo despreendimento. Exige liberdade, liberdade que troca o meu pelo seu e o seu pelo nosso. Exige abandonar a vaidade singular e mergulhar na direção de um plural perfeito com harmonia, emoção e sentido.

Eis o resultado.

!

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Na melhor forma, fiquem bem.
Na fé, na paz e no amor.
Beijos,
Deco.

sábado, outubro 21, 2006

THE DEVIL WEARS PRADA



Aparentemente, socialmente, um corpo sarado e um rosto bonito são o bastante.

Aparentemente. Socialmente. Não se iluda.

Pode empinar o nariz. Pode dar chilique. Pode rodar a baiana. Eu sei que você agrada geral e que é alvo de elogios, olhares e cantadas por onde passa. Sei que para você eles estendem o tapete vermelho e sei também que a preferência na fila do evento mais badalado é sua. Sei que todos querem te ver, te conhecer, te pegar e sei que seu ego de avião anda sempre nas alturas, nem precisa falar, mas enquanto você insistir em ser apenas corpo e rosto, eles só vão te usar, nada mais.
Vamos deixar as coisas claras, eu não tenho nada contra esse melzinho que a mamãe passou em você. Pelo contrário, gente bonita é coisa boa de ver, de se contemplar e se possível de se sentir, se envolver, de se tocar. Mas vamos combinar que colocar a beleza como razão de existência, como qualidade maior e sair por aí se achando a mulher, a pessoa, a gostosa, não dá. Vamos combinar também que essa busca frenética pela beleza perfeita é um tanto chata, um tanto paranóica e muito, mas muito artificial. Você gosta de morar na academia? O salão de beleza é sua segunda casa? Você tem um produto diferente para cada centímetro do corpo? Você gasta três horas para se arrumar? Tudo bem, mas entenda que isso é um problema seu. Não pense que seu pacote Paris Hilton é o bastante para levar o meu amor pra casa, porque não é, porque nunca foi, porque nunca vai ser. Não venha jogar na minha cara suas horas perdidas com a produção de um personagem que interiormente não me agrada muito, tudo bem? Pode ser bacana e suficiente para os outros, que tem outra essência, outros planos, outras escolhas de vida. Para mim, mulher tem que ser mulher, nem dondoca nem riponga, nem chilique nem silêncio... Sem extremos. E tem que ter conteúdo, sensibilidade, inteligência e um olhar, que em segundos, desmancha meu coração. Porque, definitivamente, eu não nasci para desfilar com uma pessoa e muito menos, e tampouco para exibi-la como um troféu a essa sociedade nojenta e hipócrita.

Então por favor, não espere isso de mim, não espere que eu dê a sua beleza uma importância maior do que ela tem. Ela pode reinar por algum tempo, por alguns dias, por alguns meses ou por minutos. Depois suas curvas, seus olhos de mel e sua bunda perfeita vão fazer parte da minha rotina. E aí, meu amor, cadê você? O que você é além de produção? Quem é você sem salto doze e maquiagem?

Não perca seu tempo, nenhuma produção me convence. Nem a melhor, nem a mais cara! Sou um fã assumido da simplicidade e prefiro mesmo a mulher natural, de cara limpa e cabelos molhados, sem mega produção e sem mega-make-up. Sou fã incondicional do equilíbrio e da mistura infalível de inteligência e sensualidade. Fã da leveza, do sorriso sincero e do abraço apertado que dispensa palavras, que transparece saudade por si mesmo.

Se eu for o cara da sua vida, pode guardar seu Valentino... Eu quero apenas uma companheira. Uma parceira. Uma guerreira para dividir a vida, a cria e a poesia. Não importa a cor do seu cabelo, não importa a marca da sua calça, da bolsa, do relógio e do sapato. Não importa o silicone, a porcentagem de gordura corporal e nem mesmo a danada da celulite, que sinceramente, você vê muito mais que eu. Não importa mesmo, sem demagogia. Porque noites de amor precisam de pureza, naturalidade e química para nascerem, nada mais. Então não se escravize para ter a casca perfeita... Tenha conjunto! Seja vaidosa, seja cheirosa, seja gostosa sim, mas tenha a cabeça feita, o coração aberto e muito amor dentro do peito também. O resto, você bem sabe, é produção.

Fiquem na paz...
Beijos,
Deco

sexta-feira, outubro 06, 2006

MZ - MÁGOAS ZERADAS



De se magoar ninguém escapa. Seja quem for, do bem ou do mal, você se magoa.

Volta e meia nos decepcionamos com as pessoas, com o mundo e com o contexto da própria vida que levamos. Não sei se esperamos demais das pessoas ou se são elas que se dispõe a muito menos que nós. Enfim, não cabe medir, nenhum de nós está livre de se machucar, de se decepcionar ou de se perder entre um e outro caminho escolhido.

Esse é um ponto.

Mágoas são coletivas. Magoas são generalizadas. Isso mata aquela primeira sensação que temos, o sofrimento solitário. Não, não é só você que foi magoado. Em outros lugares, das mesmas e de outras maneiras, outras pessoas foram magoadas também. Sim, algumas mágoas são mais intensas e mais profundas, outras mais brandas, mas no geral machuca mesmo e tira noite de sono - e vai se arrastando com a gente pela vida inteira. Esse é o nosso erro. Esse é o nosso mal. Mania de questionar, de querer entender e alimentar o que devia ser esquecido há tempos.

Esse é outro ponto.

Eu sei, falar é fácil, difícil é deixar pra lá. Sempre carreguei minha bandeira de uma forma radical e vingativa. Pisou na bola? Pode esperar, seu troco está a caminho. Nunca fui de perdoar, nem de relevar atitudes... Talvez para me proteger de uma atitude pior no futuro, talvez por acreditar que essa face mais compreensiva e relevante não tem o devido valor. Mas e aí? Até onde é interessante essa troca de tiros? Até onde importa ser mocinho ou bandido? Até que ponto vale a pena descer da bondade e ser frio, falso e calculista com as pessoas? Admito, nunca deixei barato, nunca larguei pra lá, nunca entreguei ao tempo a solução de nada, mas venho descobrindo que essa minha postura não é tão positiva e bacana como eu imaginava. Estou aprendendo que é possível deixar as mágoas pelo caminho e simplesmente ignorar o mal. Que podemos sim perdoar as pessoas e que isso não significa anulação dos nossos valores. Que é melhor entregar as pessoas aos seus próprios destinos, pois no fim de tudo o que se colhe é mesmo o que se planta. Estou aprendendo que ser do bem é mesmo o que vale a pena, é meu sentido, é minha essência, é meu valor e que zerar as mágoas é fundamental para viver a felicidade.

Fiquem bem...
Beijos,
Deco.

quarta-feira, agosto 30, 2006



PEQUENAS PORÇÕES DE ILUSÃO

Não há poesia. Não há beleza. Não há encanto. Enquanto não houver, não haverá amor. Disso eu sei, todo mundo sabe. Há uma pressa que consome, uma urgência que agride, uma facilidade mórbida que mata o amanhã antes mesmo que ele sonhe em nascer. Acho que já falei sobre isso em outros textos, hoje é dia de repetir... Não para puxar orelha, não para ficar guardado, muito menos para pagar de homem bonzinho, sensível e perfeito. Vale repetir porque tem gente, muita gente precisando ouvir isso outra vez, mesmo sabendo no fundo que é assim mesmo, que é desse jeito que as coisas vem funcionando no nosso mundo.

A situação está difícil, eu concordo, cada vez mais difícil. Acreditar no amor e nas pessoas num tempo de tanta falsidade tem sido uma tarefa semi-impossível para todos nós... As pessoas se transformam com uma facilidade absurda, da noite para dia, de um minuto para o outro, se transformam não, se revelam. Essa é a grande verdade. As pessoas projetam uma imagem, uma estampa, uma capa para a sociedade, mas com o tempo, naturalmente, não conseguem mantê-la. É a realidade da máxima mentira tem perna curta, sentida na pele. Num dia você recebe carinho, juras, flores e gestos doces. No outro descobre que a pessoa que está ao seu lado, aquela que te fez respirar mais fundo por algumas semanas, não é nada do você pensa. Ao contrário, ela é tudo que você não quer pra sua vida. Têm sonhos diferentes, atitudes estúpidas e se não bastasse, um ego infantil e idiota. Normal, a maioria é assim, já estamos acostumados. Dia após dia conhecemos cascas, não pessoas. Isso é cansativo, é irritante, é nojento. Sim, novamente, eu concordo, é tudo de pior. Ainda sim acreditamos, nos entregamos e outra vez, mais uma vez nos damos mal. Haja fé. Haja raça. Haja persistência. Haja paciência para tudo isso. Mas há de haver! Ninguém nos disse que amor é fácil. Ninguém nos disse depois de quantos desacertos ele irá surgir para salvar a pátria e sinceramente, acho que deve mesmo ser assim. Amor é coisa de valor, por isso tem que vir depois de sabermos o quanto é ruim viver sem ele. Portanto, mesmo com toda dificuldade contemporânea, com tantos joguinhos, com tantas mentiras e máscaras a nossa volta, é preciso continuar. Não podemos deixar que nossos corações sejam corrompidos pela futilidade, pela falta de decência, pela falta de essência que sobra nas outras pessoas. Sejamos fortes e guerreiros... Sejamos emoção. É o que nos move, o que nos interessa e ponto.

Isso é pra você, é pra mim, é pra todo mundo. Isso é pra você não se arrepender de se entregar. É para você continuar se entregando. Isso é pra você não se diminuir. É pra você não se contentar com pouco. Isso é pra você entender. É pra você não se importar com o passado. Isso é pra você se proteger do mal. É pra você ignorar o mal. Isso é pra você continuar bonita por dentro e por fora. É pra você amadurecer. Isso é pra você se arriscar. É pra você manter acesos sonhos tão raros e tão lindos. Isso é pra você não se fechar. É pra você não voltar a assumir aquela postura antiamor. Isso é pra você não desistir. É pra você não jogar a toalha nunca e continuar acreditando no amor. Afinal meu bem, é assim, desse jeito, do seu jeito, que ele vai te encontrar e te fazer feliz.

Parabéns !!! Ontem, hoje e sempre !!! Eu me sinto um cara privilegiado por fazer parte do seu show...

Beijos Mil,

Deco.


quarta-feira, agosto 09, 2006

FAKE

Não sei quanto a vocês, mas estou cansado, explicitamente cansado desse mundo podre. Não nasci com jogo de cintura suficiente para lidar com tantas inversões, conflitos e não me toques. Não tenho, definitivamente, paciência nem política no sangue para aturar pessoas influenciáveis, comportamentos formatados e atitudes socialmente corretas. Não tenho e numa boa, não quero ter. Se isso é ser o cara, se isso é ser da nata, que seja para os outros... Eu prefiro o subúrbio, a contra-mão, a subversão de tudo isso.


Alô, Alô, Sociedade !!! Poupe meu tempo, minha inteligência e principalmente meu melhor, o coração. Frases prontas e sorrisos amarelos não fazem a minha cabeça, nunca fizeram, nunca farão. Não me rotule, não me confunda com os seus, minha bandeira dispensa suas facetas. É forte, simples e natural como a própria vida. É não ter que ser o que o mundo quer, o que todos esperam, o que a moda diz. Não vou me maquiar pra fazer de conta, não vou me agredir pra te agradar. Se o preço é ser igual, eu não pago mesmo.


O mundo está e continuará louco, infelizmente é a realidade. Sentença final, pena de morte, caminho sem volta para os que se incluem. As pessoas reclamam da vida e das outras pessoas. As pessoas criticam o mundo e clamam por colo, amor, beleza e paz. Mas essas mesmas pessoas não mudam seus gestos, seus conceitos, seus modos de ser, agir e pensar. Essas mesmas pessoas fazem joguinhos, dizem mentiras, iludem e machucam pessoas apenas por diversão. Essas mesmas pessoas, vazias e mal amadas, têm medo do amor e de se entregar... Pensam que são melhores e intocáveis porque bebem champagne e freqüentam lugares teoricamente badalados. Querem, é o que parece, que num passe de mágica o mundo acorde melhor, mais limpo, mais humano. Choram, mas continuam iguais. Querem o fruto, mas se esquecem da semente, da essência, do valor. Elas que atolem, que morram afogadas em seu próprio mar de lama.


Sigo daqui acreditando em outros valores... Fé na simplicidade, na entrega e nas pessoas que consigam ao menos ser sinceras e naturais, é o mínimo. Desse outro mundo, dessa lama suja, prefiro me demitir, me excluir, me isolar. É menos óbvio. Porque aqui derrama palavras um homem que é homem. Um homem que é sensível e que tem personalidade forte. Um homem que fala verdades e que também chora... Um homem guerreiro, lutador, que sonha dividir com alguém suas conquistas ao fim de um dia. E acima de tudo, e antes de tudo, um homem que acredita no amor e que morrerá acreditando queira o mundo ou não.


Fiquem bem e se cuidem.
Beijos,
Deco.

terça-feira, agosto 08, 2006

MESMICE IDIOTA DE UM CICLO VICIOSO

Cresci ouvindo...


Você vê. Você deseja. Você quer. Você corre atrás. Você molha a camisa. Você se vira, se desdobra, se reinventa... Você chega lá. Você conquista. Você bebe champagne. Você comemora. Você se admira. Você merece. Você curte a realização... A mulher da sua vida, o carro novo, o apê duplex no bairro vip. Enfim, não importa o que você conquistou ou deseja conquistar, cada um tem seus objetivos, a questão é como conviver com a conquista depois que o tempo engole a sensação de novidade, descoberta e prazer.


... Meu pai dizer:


Verdade seja dita, o buraco é bem mais embaixo do que pensamos. Chegar não é o bastante, nunca foi, nunca vai ser... É preciso manter - a conquista, o tesão, o valor, o respeito, o carinho, a cumplicidade, o amor e a admiração para manter-se feliz. Esse é o grande desafio, concorda? Você pode ter a mulher mais linda, o melhor status, o mundo inteiro bem na palma da mão. O tempo revela que todas conquistas se tornam menos interessantes à medida que são aproveitadas. Assim é a vida, assim somos nós, em todas as áreas. Qualquer novidade tem um prazo de validade enquanto começo, enquanto surpresa, enquanto paixão, depois ganha um lugar comum na nossa vida. Um lugar normal ocupado por conquistas simples e pessoas normais. No começo a gente assusta, essa troca de sensações é estranha, repetitiva e completamente sem sal, mas no fim a gente acaba se acostumando... Aliás, esse é o nosso defeito, a gente sempre se acostuma com tudo e com todos. A gente sempre permite o sentimento de êxtase se transforme em fumaça, mesmice, coisa morna.


"Ter é fácil, difícil é manter".


Concordo. Mesmo. Cada vez mais... Falta criatividade, falta vontade, falta cabeça que pensa e coração que fala nesse mundo alienado e louco. Falta mais paciência, falta persistência e falta coragem para querer com o peito aberto, sem interesse, sem medo do amanhã e dos olhos da sociedade. Falta um momento para que o mundo inteiro pare e pense, e sinta - e seja. Falta! Falta tudo, falta muito e ninguém acorda. Por isso insisto, não consigo me calar perante tanta banalidade... Hei! Oi! Você aí! Podemos ser melhores, podemos mais que isso... Podemos valorizar mais e por mais tempo nossas conquistas, nossas pessoas, nossos amores. Deixando de lado as comparações, as recaídas e o querer infinito do que não é nosso... Menos futilidades, menos infantilidades e mais cara limpa, mais jogo aberto, mais emoção. Pessoas mais belas, carros mais potentes, apartamentos mais modernos, sempre existirão. Mas como diz aquele velho ditado, nem tudo que reluz é ouro. Fiquem bem. Beijos,


Deco.
Por Deco 17:52:20Comentários na Trilha (31)

AMOR QUE O TEMPO NÃO LEVA



Eu sempre quis escrever para você. Sempre. Desde o começo. Nossa história merece um texto, uma página, um livro inteiro. E eu nunca escrevi. Questiono, me condeno, me perco...

Porque escrevi textos e textos de amor e não te inclui em nenhum deles? Porque nunca me inspirei em nós dois, na nossa história de cinema e nesse sentimento bonito para escrever?

No coração existe um tanto que se escreve, que se descreve, que se declara, que se expõe pro mundo ver - e outros tantos indescritíveis, que não se fala, que só se guarda e espera florescer. Aqui, completamente estático na frente do teclado, eu escuto músicas da nossa trilha e fumo o cigarro que aprendi a gostar com você. A imaginação vai longe, cria asas e traz momentos perfeitos... Saudade, carinho, cumplicidade, vontade de você. O coração se envolve, entra na dança... Quer declarar poesias, desejos e suspiros apaixonados, mas a frase não sai. O dedo digita, o mesmo dedo apaga. A palavra linda, a melhor frase, o parágrafo mais doce... Tudo fica pequeno aqui fora. Pela primeira vez, eu não consigo escrever. Onde está a sensibilidade aguçada? O coração canceriano? A capacidade de transformar sentimentos em palavras? Eu não sei. Aqui dentro tudo é grande e intenso demais... Essa é a verdade. Essa é a nossa verdade. Eu simplesmente não consigo nos resumir, nos descrever, nos fazer ter um sentido para os olhos de quem nos lê. Talvez por não precisarmos mesmo de um sentido para gostarmos tanto um do outro. Talvez pela história meio louca, impossível e completamente apaixonante que nós vivemos.

Não importa. Nada importa. Ninguém importa quando estamos juntos.

Perto de você eu esqueço o mundo, as palavras, as horas, as pessoas. Não pode ser diferente. Você é o melhor beijo, o melhor cheiro, o melhor conjunto. Amo seu jeito, suas formas, seu sorriso de menina mulher. Fecho os olhos. Você vem. Durmo sem você, acordo com você e sonho com nós dois mesmo longe e sem certeza alguma de nada. O amor nos garante. Você some daí, eu sumo daqui e o tempo passa, passa e passa sem que gente se desligue, sem que o encontro, o calor e a vontade percam a graça. Talvez isso seja amor. Talvez não... Mas é a melhor, a melhor sensação que eu já senti.

Deco.
Por Deco 13:32:38Comentários na Trilha (9)

Barco Deriva... Que a nossa luz nunca se apague



Quem já amou sabe... Quando acaba machuca, dói, desnorteia, enlouquece. Deixa vazio que não se preenche. Ferida que não cicatriza, sofrimento que não esvai. Você terminou. Ela terminou. O amor não... Continua vivo, pulsando, batendo como um coração apaixonado que certamente vai ferir cada um com a mesma intensidade que um dia alegrou. É assim. O fim e o início de outro tempo: Recomeço. Obrigação de apagar, esquecer, deixar pra lá. Logo agora que tudo parecia perfeito e que você estava irradiando felicidade. Logo agora que você achou ter encontrado a pessoa certa para envelhecer ao seu lado. Logo agora que você se permitiu e ousou fazer promessas, planos e juras de um futuro perfeito. Justo agora que você deixou de temer o amor e se entregou, ele se foi... Desconstruindo, dilapidando, desmontando cena por cena, beijo por beijo e deixando saudade... De cheiros, versos, olhares e momentos. Desfazendo... Trocando a doçura apaixonante por uma sensação amarga, fria e um tanto deprê.


Recomeçar não é fácil. Esquecer um amor, menos ainda... No primeiro momento você vai pensar que nunca mais vai gostar tanto de alguém, porque realmente o que você sente te engole, é quase maior do que você mesmo. Depois vai assumir uma postura defensiva e se fechar como quem tomou birra de amores que vão embora. Vai ser frio, individualista e vai usar pessoas quase sempre as comparando com quem você ama. Vai sair muito, beber e tentar abstrair um pouco, mas não vai ver tanta graça na noite nem nas pessoas. É fato. Tudo se torna pequeno, vazio e sem sabor para quem perdeu um amor. Depois, com o passar do tempo, entre um e outro envolvimento breve, vai se cansar do sofrimento, da angústia e principalmente da dor que dói e sufoca sem parar de doer. Vai se cansar e talvez achar uma pessoa mais ou menos legal, mais ou menos do jeito que você gosta e então sentir uma preguiça enorme de começar tudo de novo... Se apresentar pra família, falar de você observando uma nítida análise das pessoas que te ouvem. O pai acha que você tem tatuagens demais e a mãe pensa que você é um playboy sem nada pra fazer senão comer a filha dela. Análises. Julgamentos. Pré-conceitos... Coisas que enchem o saco. Se não bastasse, você ainda vai ter que aceitar os defeitos todos de novo e conciliar de uma maneira saudável sua vida com a vida de quem você acha que gosta. Acha, porque gostar é uma coisa, amar é outra coisa muito diferente. E o mais comum nessa fase de ter-que-esquecer-alguém, é inventar sentimentos e amores numa tentativa inútil de calçar o buraco com a ilusão de estar amando de novo. É essa! É essa! Agora é! Não, essa eu tenho certeza! Agora é! Não, não é nenhuma delas. Ninguém aprende a gostar de ninguém. Simplesmente gosta, assim, naturalmente. Então a vida segue, tem que seguir. Você sozinho e meio perdido segue a vida, tem que seguir.


Na base da raça a gente tenta esquecer, aliviar o peito, mas quando se vive uma relação de amor intenso, um fato simples como um espirro diferente te faz lembrar de quem você ama. Espirros daqui, trilhas sonoras dali e casais apaixonados ao seu redor ganham uma certa evidência. O mundo parece conspirar a favor do seu sofrimento, da ausência, da saudade interminável que deságua noite afora. Amar é assim. Vicia mesmo, não adianta fazer de conta, fingir que não é com você. E sofrer faz parte, é o preço, o risco que a gente assume quando se apaixona por alguém. Ah sim! Devia existir uma cláusula que garantisse a eternidade do amor e que nos desse certeza de que tudo que fora prometido será cumprido a risca, palavra por palavra. Mas a realidade é outra. Não existe cláusula nenhuma, o amor não é um contrato. E nós, não somos de ninguém senão de nós mesmos. A gente sonha, a gente inventa, a gente vê filme demais... Mas amor de verdade e para sempre a gente só conhece mesmo ao fim da vida, depois de amar dia após dia, luta atrás de luta. Mesmo na doença, nos problemas, na falta de grana e nas peças que a vida volta e meia nos prega. Amor assim, eu conheço poucos, são raros demais nos dias de hoje. Mas existem e isso é um bom sinal. Nos dão esperança de que manhãs de sol e dias melhores virão para quem acredita no amor.


ps: Para a Tatiana, leitora a qual eu dedico esse texto: Entendo perfeitamente o que você está sentindo. Já senti na pele, no peito e na alma o quanto dói esse processo. Mas como disse, a vida segue e nós seguimos a vida. Eu não tenho uma receita de bolo para você esquecer seu amor. Ninguém tem. Mas acredito que amor próprio, uma generosa dose de amor próprio, é um bom começo.


Fiquem com Deus e se cuidem...
Beijos,
Deco.

Por Deco 12:28:51
Comentários na Trilha (29)

12/06 - AMOR SEM PROPAGANDA

Foi mais ou menos assim...

Aos 16 sem namorada, festa das fitinhas (vermelha, verde e amarela). Affe !!!
Aos 17 com várias namoradas e sem nenhuma ao mesmo tempo.
Aos 18 com namorada, comprando bala na fila de espera do motel.
Aos 19 com namorada, fazendo amor no carro na famosa fila de espera do motel.
Aos 20 com namorada e sem Dia dos Namorados.
Aos 21 com namorada e sem motel.
Aos 22 com namorada e sem filas... Viva o jantarzinho caseiro.
Aos 23 sem namorada e sem festa da fitinha também.
Aos 24 com namorada e sem filas (Internados no motel dia 11... rs).
Aos 25 sem namorada, bêbado. A dois, apenas eu e ela, a garrafa.
Aos 26 com namorada e sem amor.
Aos 27 com namorada e sem clima.
Aos 28 com namorada, feliz e por experiência, ignorando essa data idiota.

Nunca foi segredo. Quem me conhece sabe, sou radicalmente avesso a datas comerciais. Portanto, se você chegou aqui esperando encontrar um texto docérrimo sobre o Dia dos Namorados, me desculpe, perdeu seu tempo. O ácido está rolando solto... Não está afim? Aperte o x no canto superior direito de seu monitor e ligue sua TV. Para ser mais um, definitivamente, é a melhor opção. Lá corações multicoloridos, voadores e giratórios vão aparecer a cada intervalo e casais apaixonados vão surgir aos balaços e carícias com apelos comerciais baratos. Quem namora compra. Quem namora dá presentes. Quem namora faz reserva antecipada. Quem namora segue a onda da maioria. E quem não namora que se dane, não é alvo, os solteiros que se virem para conseguir uma maneira de fugir desse clima love-love.

Convenções. Sociedade. Protocolos. Publicidade massiva pegando carona nos momentos que tocam nossos corações... Sempre foi assim. E você que namora assistindo esse teatro todo enquanto busca paciência não sei aonde para um dia de filas... No trânsito. No shopping. No restaurante. No motel e aonde-quer-que-você-vá... Puta que pariu! Mesmo! E você que é solteiro e naturalmente excluído desse roteiro, fica triste, deprimido, angustiado e se sentindo a pior pessoa do mundo pelo simples fato de no dia 12 de junho não estar namorando ninguém. Deus! Que obrigação é essa??? É o Dia dos Namorados... Você engole? Eu não. Prefiro vomitar verdades simples que me tragam a realidade (mesmo que elas toquem na ferida), porque estou cansado, muito cansado e farto de tanta hipocrisia, fantasia e faz de conta.

Acredito que cada dia é um presente, uma nova oportunidade para semearmos o bem entre as nossas relações. Relações que são construídas diariamente, no cotidiano, na correria, entre contas a pagar e beijos adormecidos. É assim mesmo. Não existe outra maneira de ser alguém... A vida é grátis, vivê-la não. Namorar. Ser solteiro. Ser de todos. Tudo tem um preço. A gente paga caro pelas opções e segue a vida do mesmo jeito, com os mesmos problemas e as mesmas aflições de todo mundo. Acordem! A condição afetiva não é o mais importante e sim a felicidade, do seu jeito, com a vida que você escolheu e ponto. Claro que vivemos em sociedade e sempre teremos que lidar com as tentativas da mídia e da própria sociedade de ditar um formato para nossa vida, mas aceitar o que eles querem ou simplesmente ignorá-los, é um direito nosso.

Tomara que o mundo todo se ligue que só o amor constrói e que somente ele é capaz de unir, trazer felicidade e alegria aos namorados, solitários e infelizes, sejam pobres ou ricos. Tomara que as pessoas ovacionem a simplicidade e substituam seus presentes por gestos de amor como um carinho, um beijo demorado, um olhar mais sincero. Afinal de contas, isso é o melhor de nós, é o que queremos e é de graça.

Fiquem bem...
Beijos, Deco.
Por Deco 14:18:34Comentários na Trilha (36)

ENQUANTO O AMOR NÃO VEM

Você está só. Você e você. Você, você e você. Você e seu universo vazio de solteiro independente: Empresa bacana, carro do ano, apartamento impecável, etc e tal.
Você é educado. Você é culto. Você é sensível. Você é romântico. Você é cabeça. Você é descolado. Você é divertido. Você é guerreiro. Você é do bem. Você é maduro. Você é tatuado. Tudo bem, você não tem barriga escadinha, mas também não tem uma super pança. Não é o Brad Pitt, mas também não é o Zé Bonitinho. Você tem equilíbrio, cabeça feita e como diria a vovó, é um partidão. Você é... Tantos outros são... Quem se importa?
O mundo moderno é mesmo uma maravilha. Você sai com uma hoje, com outra amanhã e com outras depois. Nem mesmo sua família consegue saber com quem afinal você está. O celular toca, o maldito celular toca insistentemente pela madrugada com números que você nunca viu. Pessoas bêbadas com as quais você dividiu uma ou outra noite te ligam chorando e dizendo que te amam. No fundo você sabe que não, que isso é apenas um fruto misto de álcool com paixão. O ego agradece. Você se confunde... Chama Priscila de Flávia e Renata de Joana. Você ri de você mesmo. Dá beijo na boca, faz sexo selvagem e acorda sem ao menos lembrar o nome da figura que dormiu na sua cama. Ela diz: Bom Dia! Você diz: Tchau Filhinha! Você se diverte com isso. Uma, duas, três vezes e se cansa. Aí você se sente um filho da puta e inicia uma auto-análise não muito agradável. Você se acha uma pessoa horrível e sem coração. Você pensa nas ex-namoradas e em outras mulheres que você deveria ter valorizado. Descobre tarde que elas foram importantes, mas logo conclui que não são mais e toca a vida pra frente. É assim. Dia após dia. Exatamente desse jeito. Até explodir. E explode.
Então você decide adotar uma postura mais caseira. Vai a locadora e aluga seis filmes de comédia romântica, compra um litro de vodka, um pote de sorvete, dois maços de cigarro e se fecha para o mundo. O telefone toca, você não atende. A merda do telefone toca e você não atende. O alvo muda. Toca o interfone e você diz ao porteiro que viajou, mudou, morreu, sumiu... Você evita contatos. Você evita pessoas. Você bebe, fuma e vê os filmes, um por um. Histórias lindas. Casais felizes. Paixões avassaladoras. Encontros perfeitos. Você chora. É o pacote da depressão... É o encontro com a realidade. Tudo que você queria está ali, estampado num filme de Hollywood e você, não é o ator.
Você levanta a cabeça, se olha no espelho e repete onze vezes: Eu preciso mudar a minha vida. Resolve então deixar de ignorar os convites que seus amigos, aqueles que nunca aceitaram sua postura antibalada, o fizeram. Eles passam na sua casa, levam sua bebida favorita, vocês fazem a mesma pré de sempre. Enfim, você sai do casulo e mergulha mais uma vez no mundo da noite. Eles se divertem. Todos se divertem. Você não. Criou aversão a fantasias e falsidades... Você bebe, bebe, bebe e bebe. Tudo se repete. Você pega uma, outra e outras... Inventando paixões, se iludindo, fabricando amores como se isso fosse possível. Viagem errada. Elas não são o amor da sua vida. Mesmo. Definitivamente. Coitadas... Viajaram nas suas promessas baratas de casamento, filhos e uma história feliz.
Finalmente, você se dá conta de que aquele monte de nomes na sua agenda e nada são a mesma coisa. Você aprende a dosar seu emocional e sua intensidade não te engole mais como uma azeitona. Você consegue ter menos urgência e mais transparência nas relações. Sim. Você está sozinho, você sente falta de alguém, mas lida com isso de uma forma tranqüila e natural. Porque o amor existe para ser sentido e não pode ser inventado. Nem por você, nem por ninguém. Se cuidem...
Beijos,
Deco.
Por Deco 18:47:16 Comentários na Trilha (12)

OBRIGADO! MEU SALDO É POSITIVO




Já pararam pra pensar no quanto a gente reclama da vida? Não? Nunca? Então parem, pensem e concordem comigo, nós reclamamos muito. Nem adianta torcer o nariz e pagar de anjinho ou de santinha pra mim, você também reclama e do mesmo jeito, da mesma forma e das mesmas coisas que todo mundo. É mais fácil, é mais confortável e comum a maioria agir assim. Reclamamos do que temos, do que não temos, do que deixamos de ter e seguimos reclamando... Da vida, do emprego, da namorada (ou da falta dela), da família, dos amigos, do carro, do dia, da noite, da chuva, do sol, do corpo, do cabelo, do coração, enfim, de toda realidade que siga um formato distinto do que desejamos.




Está certo, reclamar faz parte do jogo, mas isso tem limite, não? Porque essa insatisfação contínua com a vida denuncia que o problema não é com o mundo, com as coisas ou com as outras pessoas. O problema é com você. Tenho a sensação de que as pessoas estão com uma preguiça estúpida de ser, de agir e principalmente de lutar por um amanhã melhor custe o que custar - seja suor, sangue ou lágrimas, estou certo? Não importa, tudo que sei é que aquela frase boa "estou em paz, feliz e realizado" anda longe, muito longe da boca da galera. E aqui entre nós, muito entre nós. Se a vida não está boa, a culpa é sua. Isso. Exclusivamente sua. Mesmo. Na lata. Sem desculpas. Sem delongas. Lei da selva, meu amigo. Você não é o único que está cheio de problemas te esperando todos os dias quando chega na empresa. Você não é o único que está sem tempo pra nada, na correria sinistra, com contas pra pagar e ainda sim tendo que arrumar um espaço pro seu coração pendurado no meio dessa confusão porque ser sozinho também não é legal. Você não é o escolhido, essa é a real. Bem vindo a vida !!! É o meu discurso. Sinto muito. Lamento dizer ao invés de poupá-lo, mas o que não está bom é um mal eterno e necessário à humanidade. Sempre existirão problemas, noites mal dormidas, imperfeições e tapas na cara. Fazer o quê? O sal também é parte integrante do pacote, você queria só chantili? Utopia que se desfaz com o tempo. A vida é dura e a gente tem mesmo que bater a cara no chão muitas vezes para aprender a levantar, crescer, evoluir e lá no fim se transformar em uma pessoa melhor. É assim. Revolução. Evolução.




Hoje ouvi uma música do Blondie que não ouvia há muito tempo e ela me vez viajar, voltar à fita da vida e refletir, voar longe... Adoro esse processo. Quanta coisa já se passou. Putz. Dá um livro fácil. Eu já vivi um mundo de coisas e tenho um mundo enorme e novo, desconhecido para viver ainda. Entre altos e baixos, glórias e fracassos, eu estou aqui. Cheio de história pra trocar e dividir com vocês, com meus filhos e netos que nem encomendados foram. Tem coisa melhor? Não. Definitivamente, não. Viver é a melhor coisa que existe. Por isso hoje tirei o dia para pendurar as reclamações e agradecer imensamente, profundamente e eternamente a todas as pessoas que foram e são parte da minha vida, inclusive as piores, parte do processo. Obrigado mesmo, de coração... Vocês são demais e eu um cara iluminado e privilegiado porque recebo todos os dias essa energia boa emanada por vocês.




Se cuidem...


Beijos & Abraços,


Deco


A LOT LIKE LOVE

Quantas vidas se passam pelas nossas vidas sem que a gente saiba ou sinta - acho sentir mais oportuno - quem é o nosso amor? Em que lugar desse mundo gigante está à pessoa com quem teremos cama, casa, filhos e presente, futuro - e dias, e tardes e noites mais bonitas? Nessas horas, o mundo parece mil vezes maior do que é... Sonhos desfeitos, expectativas frustradas, feridas abertas, noites mal dormidas... Cicatrizes. Dezenas de micro-cicatrizes a espera de um colo, de um afago, de uma luz que reflita ao pé da letra a expressão: O mundo está vazio e louco, mas o amor ainda existe, obrigado. Cicatrizes, ainda bem, cicatrizes. Assim a gente nunca se esquece dos tombos que já levou nessa viagem maluca que a vida é. Não se esquece e aprende a separar gente boa, de gente ruim, meia dúzia de palavras, de uma declaração de amor, paixonite aguda, de amor eterno. Os dias não se repetem, nada se fabrica nem se inventa quando o cenário é o coração. Coração que bate, vida que segue, que anda, que passa na balada das horas. Acelerada. Ritmada. Implacável. Não pára. Não espera. Não perdoa quem deixou pra depois. Era ela? Eu não sei, você sabe? A gente nunca sabe... A gente nunca vai saber. Capítulos escritos e páginas vividas não podem ser apagados nem mudados. Mas o que deixamos de fazer, o que deixamos de viver e principalmente de sentir nem sempre está perdido, apagado ou morto num canto qualquer do nosso peito. A não história de hoje pode ser o final feliz de amanhã para quem sabe que é melhor fazer o bem na renúncia, que o mal num impulso efêmero. Há dez anos atrás eu deixei de me envolver com a mulher mais doce que eu já conheci. Naquele tempo, por muitas razões... Além da diferença de idade, cabeça, maturidade e experiência, havia entre nós uma clara diferença de intenções. Enquanto ela me amava de um jeito lindo, louco, voraz e sem medo, eu estava desenhando um noivado com uma antiga namorada e estar com outra pessoa ou ser infiel passava muito longe dos meus planos. Sim, nós chegamos a ficar umas três ou quatro vezes, entre um término e uma reconciliação com a falecida. Mas as diferenças, as malditas diferenças e o meu amor pela falecida insistiram em nos afastar por anos e anos... Até que um belo dia minha relação com a falecida se foi pelos ares e eu de noivo passei a figurar de solteirão. Pronto! Era oportunidade perfeita pra pegar o telefone, ligar pra ela e viver todas as tentações as quais eu havia resistido durante tanto tempo. Sim, eu peguei o telefone, liguei e quando nos encontramos parecia que o tempo não havia passado... Ela continuava linda, doce e me amando como se nada tivesse acontecido. Mas ainda sim, infelizmente, nossas intenções se mantinham diferentes... Ex-noivo e solteiro, eu queria sair, me divertir e não gostar de nada nem ninguém além de mim mesmo. Era tempo de refazer meu coração, meu ego, minha auto-estima, não estava nem um pouco a fim de responsabilidade afetiva empatando a minha boa e liberta vida de solteiro. Assim, ao invés de torná-la mais uma vítima do meu ego idiota (mas necessário naquele tempo) resolvi poupá-la por um motivo muito simples: Ela era especial e diferente de todas as outras. Era um pecado fazê-la sofrer. Eu gostava mais da idéia de vê-la feliz com outra pessoa, do que ao meu lado como uma espécie de bibelô. Decisão tomada, jogo aberto, transparência sempre faz bem... Mesmo muito atraído, fui sincero com ela e deixei claro que não era hora de nos envolvermos. Os anos se passaram, ela seguiu sua estrada e fomos nos distanciando cada vez mais um do outro, até os telefonemas de horas que eram muito constantes, deixaram de existir. Apesar de não sentir culpa nem arrependimento, eu tive a sensação não muito boa de que o amor dela por mim havia enfim se cansado. Normal, não podia querer que ela esperasse por mim a vida inteira. Ela mudou de endereço, de telefone fixo e de celular. Passei uns cinco anos sem saber notícias, sem encontrá-la, sem ao menos ouvir a voz dela. Durante esse tempo eu virei páginas e páginas, conheci pessoas novas, esqueci o fim do noivado, recuperei meu coração, meu ego e minha auto-estima. Entre uma ficante e outra, engatei uns nove ou dez "fast-namoros", alguns de dois, outros de três e o mais duradouro de oito meses. Ao fim de tudo, desta verdadeira montanha russa emocional estava cansado, solteiro e com uma mega preguiça das baladas e das pessoas das baladas, é claro. Mas se a noite vai e cansa, o dia vem com um cheiro inconfundível de reencontro. Depois de um certo tempo, através de um contato comercial inesperado com o pai dela que, aliás, vale dizer, foi quem nos apresentou dez anos atrás, obtive novo número do celular. A partir daí, não demorou muito para nos reencontrarmos. Depois de telefonemas gigantes e tanta coisa nova pra contar... Nos encontramos, saímos e ficamos, mas as coisas não foram bem como eu esperava. Havia doçura, brilho nos olhos, carinho e tudo mais, mas não existia a mesma entrega de antes. Ela entendeu os acontecimentos do passado de uma forma bem diferente da que eles foram de verdade. Tudo bem era um direito dela achar que eu tinha feito pouco caso e que agora, dez anos depois, as coisas tinham mudado. Mas era um direito meu pensar... Mudaram? Que bom, porque eu amo desafios... Era hora certa de fazer acontecer, afinal, eu estava pronto pra viver tudo e mais um pouco ao lado dela. Então corri atrás, paguei pra ver sem o menor orgulho, insisti, liguei e chegamos a nos falar com uma freqüência maior, mas minha situação não era mesmo das melhores. Ela não dava muita bola, não valorizava nem um pouco minha tentativa de recuperar o tempo perdido, até pelo contrário, algumas vezes não atendia, em outras nem retornava. Paciência... Paciência... Minha autoconfiança me fazia pensar que isso era doce, charminho, vingança ou um mero chilique... Até que eu engoli o quarto bolo - Sai autoconfiança, entra raciocínio óbvio - Dez anos se passaram, isso é um fato, nada pode ser como era antes mesmo, conclui. Então entreguei ao tempo, mais uma vez, nosso amor que não foi. O tempo passou, agora em meses, que foram suficientes para ela começar a namorar de um lado e eu de outro. Parecia mesmo, que apesar tanta coisa bacana e bonita, nossa história não tinha que ser. Mas nessa vida, existe uma coisa chamada destino (que particularmente eu nem acredito tanto, acho que cada um faz seu caminho) e o nosso parecia mesmo estar traçado. Nos encontramos em um casamento, ela acompanhada e eu também, isso parecia ser o bastante para que nem chegássemos perto um do outro. Mas ali, naquela noite, alguma coisa (não sei o que exatamente) conseguiu juntar os tempos, o começo (e os desejos dela) e o fim (e meus desejos) num mesmo momento. Estávamos enfim prontos um pro outro, entregues e na mesma sintonia. Com a mesma vontade, na mesma intensidade, sem tantas diferenças e com mais maturidade. Na semana seguinte, terminamos os namoros e finalmente, ficamos juntos. Aqui foi palco de muitas crônicas e textos que falavam de amor, por isso, é mais que justo e merecido que seja palco também do meu sim, hoje eu posso, hoje eu quero e vou viver de amor até o fim.
Fiquem bem e se cuidem...
Beijos e Abraços, Deco.

A LUZ QUE ACENDE O OLHAR

A luz que acende o olhar vem das estrelas no meu coração Vem de uma força que me fez assim, vem das palavras, lembranças e flores regadas em mim O tempo pode mudar, a chuva lava o que já passou Resta somente o que eu já vivi, resta somente o que sou A luz que acende o olhar vem pelos cantos da imaginação Vem por caminhos que eu nunca passei Como se a vida soubesse de sonhos Que eu nunca sonhei Vem do infinito, da estrela cadente, Do espelho, da alma, dos filhos da gente, De algum lugar, só pra iluminar A força vem de onde eu venho De onde tudo acende A vida, calada, me olha e entende O que eu sou, tudo que é maior, vem do amor A luz que acende o olhar vem dos romances que viram poesia Vem quando quer, se quiser, se vier Vem pra acender, iluminar e mostrar o amor que a gente não via Vem como um passe de pura magia Como se eu visse e jurasse que há tempo já te conhecia Vem do infinito, da estrela cadente... Do espelho, da alma, dos filhos da gente... De algum lugar, só pra iluminar A força vem de onde eu venho, de tudo que acende A vida, calada, me olha e entende O que eu sou, tudo que é maior Vem da luz que acende o olhar, Vem das histórias que me adormeciam Vem do que a gente não consegue ver Vem e me acalma - e me traz, e me leva Pra perto de você e me leva Mais pra perto de você ps: Dias de muita correria, muito trabalho e muito suor por aqui. Dias de amor, de flores e de coisas coloridas ao meu redor. Desculpem a ausência e o abandono... Logo logo, tudo volta a ser como era antes.
Fiquem bem !!!
Beijos & Abraços,
Deco.

CONFORTOS E VÍCIOS

Eu não sei quem foi que inventou essa coisa de domínio, de um ter que ou querer dominar o outro. Zona de conforto? Segurança? Insegurança? Posse? Ego? Sei lá... A certeza que eu tenho é que essa pessoa é muito louca e quem pratica isso nas suas relações afetivas é mais louco ainda. Gente não é carro, nem imóvel, nem animal, não está aí para dominar ou ser dominado. Isso é coisa de criança... Isso é meu, aquilo é meu, domínio, individualismo, egoísmo infantil. Esse não é o lance. Esse não é o caminho para sermos felizes ao lado de outra pessoa. Não, nem tente me explicar... Eu não consigo entender essa insistência em jogar e fazer de conta que não é, de que não está afim se na verdade você está amarradão, apaixonado e vendo corações pra todo lado. Fala logo, rasga o verbo, põe a cara pra bater. Qual é o problema? Vez ou outra você pode ser dar mal e isso faz parte, não é todo mundo que tem a capacidade de absorver a transparência de uma declaração numa boa - por outras, o problema é de sintonia e reciprocidade mesmo, se apaixonar errado também faz parte, afinal, ninguém é obrigado a gostar do mesmo jeito ou com a mesma intensidade que a gente. Existem decepções, existem, mas existem encontros, paixões e amores. Existem, para aqueles que insistem e persistem acreditando que sem amor a vida não tem graça. Acredito de verdade que o que falta nesse vale tudo amoroso contemporâneo é um pouco de verdade, transparência e entrega. Estamos carentes, perdidos e descrentes, mas ninguém se entrega não. Ninguém se arrisca. Ninguém admite sair da sua postura fria e tirar a máscara, descer do salto, ser o que é. Assim essa inércia medrosa, protetora, auto-suficiente e idiota vai tomando conta de tudo e fazendo com que milhares de corações abandonados fiquem lutando contra si mesmos. Lutando para não serem honestos, lutando para não deixar transparecer que finalmente, ele bate mais forte por alguém. Que bom! Deveríamos pensar... O mundo não acabou e você não vai morrer rodeado de loiras na sua lancha de 80 pés. Isso é coisa de filme, novela, seriado. Pisa no chão, se olha no espelho, acorda pra vida, porque ainda há tempo... Esse projeto solteiro-independente-feliz está mais falido que o casamento dos anos 80.

Um fim de semana de sol e amor para vocês... Beijos e Abraços, Deco.

Por Deco 10:50:39Trilharam essas palavras (9)

3 SEGUNDOS

O que são três segundos do seu dia? Aparentemente nada. Efetivamente nada. Isso, porque nos acostumamos a viver apenas a nossa própria vida e a nos preocuparmos apenas com os nossos problemas que já parecem fartos, não é mesmo? Mas não são, insisto, não são!!! Qual é o seu problema? O que você chama de problema? Sua empresa que não está faturando? Seu emprego que não parece o melhor? Sua namorada que não anda muito atenciosa? Seu casamento que não vai bem? A grana que está curta? As contas que se espalham todo dia primeiro ou a calça da Diesel que você ainda não tem na sua coleção? Problemas? Problemas?? Problemas???
A cada três segundos do meu dia morre uma criança de fome, malária e tuberculose. A cada três segundos do seu dia, a aids se espalha como formiga pela áfrica e mata, fere e destrói o futuro de milhares de inocentes. Isso sim é um problema. Um problema que dói fundo, que dói muito, que dói demais no peito de quem vê... Um problema ignorado pelo mundo, pela sociedade, ignorado por nós. Afinal, que fazemos para que isso mude? O que fazemos para que esse cenário de miséria absoluta e dor desapareça ou ao menos diminua? Fechamos os olhos. Saímos de cena (Como alguns amigos fizeram ao ver as duras imagens do Live8). Apenas isso. Fazemos de conta que não é com a gente e seguimos em frente nossas vidas frenéticas. Sejamos sinceros ao menos, somos egoístas e não ligamos a mínima para o que está longe dos nossos próprios umbigos. Vivemos ocupados, preocupados e cegos, completamente cegos ao próximo. Deus, como isso é triste. Como somos pequenos e inertes. Como podemos reclamar dos nossos "problemas" com tanta fartura e conforto debaixo de nossas bundas? Estou falando do básico... De arroz, feijão e medicamentos. Eles não tem nada, eles não tem ninguém. E o que fazemos? Pergunto. O que eu faço para que isso seja diferente? Na minha cidade, no meu bairro, na minha rua, no meu país? Pois se não posso ir a África e ajudar de alguma forma, aqui eu posso. Aí, você pode. Podemos juntos, todos, se quisermos. Basta olharmos para os lados e colocarmos na cabeça que precisamos um dos outros. O mundo não pode continuar sendo essa bola competitiva, capitalista e sem coração. Isso é pouco e isso é muito, muito desumano.
Pensem nisso... Deco.
Por Deco 09:31:21Trilharam essas palavras (3)

PROCURA-SE UM AMOR

Procura-se um amor fora de moda, daqueles de cinema, intenso, quente, bonito de sentir e leve de viver. Procura-se um amor de alma lavada, sem medo, sem truque, sem jogo, sem susto e sem possessão. Procura-se historia, surpresas, jantarzinhos a dois e flores ao amanhecer. Procura-se romantismo. Procura-se viagem, cinema e noites de frio pra dormir abraçadinho. Procura-se companheirismo. Procura-se verdade, alma, carne, cheiro e toque. Procura-se por beijos perfeitos e intermináveis. Procura-se encontro, carinho, afago, aconchego, colo e compreensão. Procura-se simplicidade. Procura-se um amor que faça voar, que adoce, que estremeça, que faça do mais simples, mais. Procura-se paz, entendimento, suavidade, sutileza. Procura-se paciência e maturidade. Procura-se amanhã, e depois, e depois, e depois, e depois. Procura-se continuidade. Procura-se suspiro, friozinho na barriga e arritmia no coração. Procura-se saudade. Procura-se cuidado, proteção, teto, parede, cama, chão. Procura-se cumplicidade. Procura-se por sorrisos, alegrias, gargalhadas, diversão. Procura-se felicidade. Procura-se entrega, contemplação, dedicação, orgulho. Procura-se admiração. Procura-se silêncio, sussurro, olhar, tesão, atração. Procura-se naturalidade. Procura-se estrada, caminho, futuro, sonhos, filhos. Procura-se construção. Procura-se amigo, amiga, família e individualidade. Procura-se liberdade. Procura-se desejo, intensidade, calor, fogo, prazer. Procura-se química. Procura-se um amor com cor, com cara, com alma e coração. Procura-se por dois inteiros, não por duas metades.
Procura-se um amor. Procura-se... Procuram-se... E não se acha. Aonde será que você se esconde? Eu ainda te encontro... Pois me cansei de te inventar, agora eu quero vivê-lo.

DEZEMBRO DE 2005


quarta-feira, 28 de dezembro de 2005
Sem balanço - Sem retrospectiva - A melancolia é opcional
Aqui seguem meus rabiscos finais na base do valeu, foi bom, adeus. Não vou resumir meu ano, nem melar demais minhas palavras. Esse modelinho melancólico de fim de ano não me agrada muito. Não é a minha cara, não tem a ver comigo e definitivamente, não faz parte do meu show. Sim, o natal é bonito, luzes, cores, presentes, etc e tal... Mas um bonito que se compra, um sorriso que se vende pra quem pode pagar. Um bonito antes de tudo comercial e despido de essência, que faz a desigualdade cortar na alta na lata de quem não pode. Por isso e por outros tantos prefiro ficar na minha, na realidade que me cerca por todos os lados e não entrar nesse clima consumista e idiota. Presente é bom, eu gosto, mas prefiro semeá-los e recebê-los durante o ano, num tom de surpresa, sem data marcada e sem essa obrigação chata de comprar, comprar e comprar. Porque ao menos para mim, o natal se tornou isso, um sinônimo evidente de consumo desenfreado. Uma celebração capitalista e fútil. Acho isso tão louco, as pessoas parecem não ver tanta graça nas coisas simples, na união, no calor humano, no estar ali junto por uma noite, dividindo o mesmo vinho, a mesma mesa... O mundo se perdeu e as pessoas se perderam do mundo, do básico, de si mesmas, de tudo. Minha família é um exemplo... Viaja há anos e anos sempre antes do natal, não se encontra mais e quando encontra os olhares e sorrisos não têm um tom de vontade, de verdade, de prazer ao se cruzarem, entendem? Melhor mesmo viajar, cada um por si tocando o barco da sua forma... É triste, talvez seja, acho que já me acostumei... Mas a verdade é que é real e as realidades, vocês sabem, nem sempre são boas, não é mesmo? C`est la Vie... Vamos deixar isso pra lá. No mais, que venha o reveillon... Com menos promessas e mais atitudes, a vida há de ser melhor para todos. Mas cabe a nós, os verdadeiros mentores dessa bola que gira, a construção de um mundo mais belo, mais justo e mais humano. Afinal, podemos ser melhores do que somos, podemos fazer mais pela vida, pela natureza e pelas outras pessoas. Que em 2006 continuemos juntos com paz, amor e igualdade. Dividindo idéias, ideais e desabafos. A vida anda é para frente. Feliz Novos Dias !!! Beijos & Abraços, Deco.
sexta-feira, 2 de dezembro de 2005
Um encontro, um destino, um amor que não foi...
Hoje não tem crônica, não tem crítica, não tem desabafo. Hoje minha inspiração é sua, inteira, rasgada, sem meias palavras. Hoje com o coração nos dedos quero te escrever em mim para que você se veja aqui, do meu lado, tatuada na pele como um dragão chinês - com asas ou sem elas, podemos voar - Hoje é dia do melhor abraço, do olhar mais lindo, de beijos intermináveis, sem gosto de fim... É dia de silêncio, de calor e gestos simples, mas perfeitos e contemporaneamente raros. Meu hoje é para sempre, é dia de você... Que lê minhas palavras, minhas sensações, minha intuição. É dia de você que me entende por dentro, por fora e que mesmo me conhecendo tão pouco, sonha meus sonhos com a mesma intensidade que eu. É dia de você que chegou assim, meio por acaso, meio por destino... Dia de você que chegou - e ficou. Ah Você... Você e esse sorriso lindo. Você e esse jeito doce. Você e esse cheiro bom. Você e esse olhar que rouba a cena sem pedir licença a ninguém. Você e esse "am" que se tornou um mimo, uma marca, um respiro do coração quando as palavras dão lugar aos suspiros. E a gente suspira muito, suspira junto, suspira igual pelas mesmas coisas. Você merece a poesia de Vinicius, merece carinho e cuidado, merece proteção. Eu estou aqui... Você merece que um sorriso de amor se estampe pelo corpo, pela cara, pelo coração e siga infinitamente aquecendo dias, noites e tardes de inverno. Você merece o mundo, merece tanto, merece tudo - e usa tão pouco. Eu aqui, você ai, nós dois em lados opostos... Eu ai, você aqui, nós dois em desencontro... end-medo / end-fuga / end-escuro / end-estranho / end Nós temos os mesmos sonhos loucos ou será que te inventei pra me sentir mais feliz? Você é? Você quer? Você foi? Você quer ser? Você pode ser o que você sente comigo? Se for sonho, não me acorde agora, quero mais 5 minutos dessa estrada. E depois... A gente deixa pra depois... A gente inventa... A gente abusa do tempo... A gente quer quando já passou... A gente dá um jeito... A gente perde... A gente ganha... A gente não percebe... A gente se perde, enfim... Mas ainda se acha e faz história de amor pro mundo ver. Isso ainda é o melhor de nós. Sempre vai ser. Beijos no coração, Deco.

Por Deco 14:13:37Trilharam essas palavras (3)

NOVEMBRO DE 2005



sábado, 19 de novembro de 2005
"O teu amor é uma mentira que a minha vaidade quer" (Cazuza)
O meu amor cresce enquanto o coração suspira por mais amor - e voa. Se for para sempre ou para nunca mais o tempo vai mostrar, fim da linha ou eternidade. Ele sempre mostra, não é mesmo? Ele sempre mostrou... Por isso não tenho medo de amar, por isso eu olho nos olhos e deixo a intensidade me engolir do jeito dela. Eu não posso fugir, porque sei que mesmo com saldo negativo, com o céu cinzento e todos contra, eu vou. Até aqui vou conhecendo o fim da linha, vocês também, acredito. Todos conhecemos o fim... Nossos corações não, eles parecem não querer parar, eles desejam sempre a mesma batida forte, o mesmo sentimento pulsando. Por isso choram, por isso gritam, por isso clamam por carinho, afago, abrigo quando a casa cai. Seca ou não seca, bate sem ritmo, sangra muito - E dói, e dói, e dói e não para de doer - Dor de amor é dor com todas as letras, dor de sono perdido, de noites mal dormidas, de travesseiro molhado, de registros que passam como slides na nossa cabeça. Porque não deu certo, afinal? Porque não foi para sempre? Vai saber... Amor que não foi é sonho de amor. Sonho de um, sonho de todos. Alguém aí não sonha com isso? Para a esquerda, aplausos, sonhar lambuza de açúcar essa vida tão dura. Sim, eu também sonho. Para a direita, cautela, muita cautela sonhadores, existem sonhos que dependem da existência de um sonho igual em outra cabeça - Os sonhos também precisam de cumplicidade. Sem cumplicidade, sem sonho. Sem sonho, frustração. Frustrações são cruéis, amargas, aterrorizantes... Nos jogam num escuro de quatro paredes onde só a gente mesmo sabe o que se passa - e como passa. Frustrações marcam, ficam e estragam vidas... Mas não permitam que ela tenha um tamanho maior do que o real, não maximize a desilusão, nem a dor... Não deixe que ela sugue o sonho de vocês, seja ele qual for, sonhe de novo o mesmo sonho e ainda que reste um dia, um minuto, uma só chance, vá em frente - O que não foi vivido está aí ser experimentado e sentido com intensidade. Tenho cara de homem e coração de menino - O que a cara esconde o coração expõe num olhar, isso me corta o peito, me machuca às vezes, mas isso me faz amar loucamente. E o amor vocês bem sabem, é tudo para mim. Um fim de semana de sol e energia positiva pra vocês. Fiquem bem... Beijos, Deco.
terça-feira, 15 de novembro de 2005
Um pouco de foda-se não faz mal a ninguém
Há 10 anos atrás eu fui produto da sociedade. Sim, eu mesmo, vocês acreditam? Porque apesar de concordar que regras são necessárias para se viver em grupos, às vezes nem eu mesmo acredito que fui assim... Segui o script na risca e fui previsível como todos esperavam que eu fosse. Vesti certinho, andei na dita da moda, é isso que está usando? Eu compro. Eu posso. Freqüentei as boates e restaurantes mais badalados. Preocupei com o certo, com o errado e com o que os outros pensavam ao meu respeito. Carregava um sorrisinho amarelo pastel e dizia oi para todos, inclusive para os que eu não gostava. Tive atitudes políticas, socialmente corretas e cumpri todos os protocolos, rótulos e manuais dessa sociedade pobre e podre. Ai, só de lembrar me dá enjôo, mas eu não me arrependo. Eu fui lá e conferi. Vi que não era a minha praia e pulei fora. Hoje eu sei o que é. Hoje eu tenho o produto final e assim, posso me expressar. Querem saber? Essa banca "pra inglês ver" é vazia, falsa e deprimente. Tenho cada vez mais ojeriza ao comportamento social, formatado, sem cara, entendem? Eu sei que a publicidade é massiva, obsessiva e que invade nossos lares na maior cara de pau querendo nos provar que felicidade é assim, do jeito deles. Eu sei que o homem é produto do meio e que o meio é produto do mal. Eu sei e agora insisto que não. Aqui nesse lugar, na minha vida, quem escolhe meu caminho sou eu. Eu posso ser diferente, eu posso ser melhor, eu posso ser eu mesmo. Eu sou. Ser diferente é ser também. Apertem o foda-se e sejam felizes. Foda-se a sociedade. Foda-se as regras. Foda-se a inveja. Foda-se o que os outros pensam ou deixam de pensar. Gosta quem quer, quem não quer está fora. Foda-se o que está bombando. Foda-se o que está usando. Fodam-se esses mundinhos, grupinhos e panelinhas. Foda-se se eu tenho uma, duas, dez ou 67 tatuagens. Foda-se o meu jeito de vestir. Foda-se o meu carro. Fodam-se os protocolos, rótulos, o que querem que eu faça. Foda-se mesmo! Eu pago as minhas contas e não devo nada na praça. Não fui eu quem criou essas regras, não me peça para respeitá-las nem para seguí-las. Pode me chamar de rebelde, de doido ou me rotularem como quiser... Eu sou André, mineiro de coração, canceriano de 77 e escrevo o que eu sinto. Eu sou o que eu sinto. E isso faz a diferença. Isso me faz feliz. Beijos, amores e felicidade de verdade para vocês... Deco.
sexta-feira, 11 de novembro de 2005
O amor é a paixão que deu certo
Ah... Eu suspiro infinitamente só de pensar. Quem é que nunca desejou viver de amor nessa vida? Quem é que nunca sonhou com uma paixão que não acabasse nunca? Que suportasse as diferenças, os problemas, as crises e os defeitos sem perder a graça, o ritmo, o calor, a pulsação e a intensidade. Porque perde, porque vai, porque consome e se consome da noite pro dia sem aviso prévio. Sim. É culpa da química. É culpa do desejo. É culpa do tempo. É culpa da distância de horizontes, sonhos e metas... Mas é culpa nossa também, devo dizer com um ar realista: É culpa nossa antes de tudo! Pela impaciência, pela urgência e principalmente pela exigência de uma perfeição idiota e vazia numa relação entre dois imperfeitos. Paixões não são para sempre, não da mesma forma, não com a mesma intensidade. Um dia o começo se vai e leva com ele os segredos, o ar de novidade e aquele gostinho indescritível de ver no outro tudo que queremos para nós. Isso um dia passa, tudo um dia passa, é natural. O mar de rosas agora é realidade, cotidiano, dia a dia sem parar... E daí? Agora somos de verdade, somos nós mesmos, sem fantasia, sem proteção e com todos os problemas, defeitos e carências. Agora é hora de sensibilidade, de jeito e sutileza para receber um sentimento novo, mais forte e menos intenso que a paixão. Não se vicie nela. Agora é hora de aceitar e eu bem sei que aceitar não é fácil, mas você aceita? Você me aceita assim? Então entenda que sentimentos também mudam. Entenda que ora sim, ora não, eu tenho mau humor. Entenda que na correria eu posso deixar a toalha molhada em cima da nossa cama. Entenda que no dia de cão eu não vou chegar com uma cara tão boa para te encontrar, mas minha cara pode melhorar quando eu ter ver toda bonita. Entenda que eu sou humano como você. Nem mais, nem menos. Entenda enfim que por esta vida puta e doida passam pessoas e passam paixões que se vão, mas que ficam também. E desse ficar, desse aceitar as diferenças, desse eu divido tudo que vier é que vai nascer o amor que a gente tanto deseja viver. Verdade seja dita... Eu sou um cara muito apaixonado... Apaixonado por sonhos, por idéias, ideais e construções que nascem todos os dias nessa minha cabeça louca e doce. Quero casar. Quero família. Quero filhos pulando na cama. Quero ser dois. Quero coletivo, plural e quero agora. O meu desejo é dormir abraçadinho para sempre, você topa? Fiquem bem... Beijos no , Deco.
terça-feira, 1 de novembro de 2005
Quanto mais louco, melhor...
Eu não sou daqui, não me criei aqui, não aprendi aqui. Eu sou de lá e prefiro o diferente, a contra mão, o incomum a maioria. Eu dispenso ser normal, tudo bem? Eu dispenso ser mais um, eu dispenso ser social, eu dispenso e dispenso mesmo. Sem a menor culpa. Eu não vim para agradar o mundo, a sociedade e as pessoas de um modo geral. Eu vim para ser feliz, para acontecer, para ser eu mesmo do jeito que tiver que ser. Eu vim para amar, para acreditar nas pessoas do bem e para fazer um mundo melhor. Se in ou out da moda, tanto faz, essa é a minha trilha. Eu pago o preço, eu aceito, eu me excluo da roda, mas eu preciso ser autêntico, eu preciso ser humano, eu preciso de amor. Porque eu quero tudo, eu quero muito, eu quero agora e quando parecer que acabou, eu quero mais um pouco - Intensidade Canceriana - Jogo sem jogo, lero-lero aberto, transparência total. Sentir é o verbo da vez... Quando eu sinto, eu me entrego, eu não demoro, eu vou. Meu português se embola e perde a fala, o tempo, a conjulgação... Deixa a gramática para os normais, meu negócio é sentir. E sentir é para poucos. sentir é para loucos... Sentimentos não avisam, não se explicam, não questionam, não tem base qualquer. Sentimento vem que vem e treme o chão, o teto, as paredes, a casa e bagunça tudo, e colore a noite de azul marinho, e nos transforma em alguém que há pouco a gente mesmo não conhecia. Ah gente!!! Gosto demais desse processo. Gosto de gostar. Gosto de amar. Gosto de sentir como manda o sentimento, ao pé da letra, ao extremo - Amor Incondicional ou Indiferença - Gostar mais ou menos e simplesmente suportar as pessoas não é comigo. Eu gosto e se gosto, gosto demais. Eu não sei ser menos. Eu não sei fingir. Eu não sei fazer de conta. Eu não sei esconder o que os meus olhos gritam. Não me peça tanta coerência, não me cobre, não me entorpeça com perguntas mórbidas. Eu não quero, eu não gosto, eu desconheço as respostas que você quer ouvir. Eu vejo o que você não vê. Eu sinto o que você não sente. Então não me compare, não me rotule, não me iguale ao resto. Eu não sou um produto da sua prateleira café da Tok&Stok. Eu não sou mais um. Eu não sou menos um. Eu não sou melhor do que ninguém. Eu apenas sou. É simples. É gostoso. É perfeito ser assim. Então esqueça suas convenções, transforme seu medo em asas e vem voar comigo agora. Deixa o sentir ser eterno hoje, nessa tarde, nesse instante. Esse é o nosso tempo. Se amanhã for perecível, é amanhã, não hoje. Se um dia acabar, se um dia parar ou se um dia voar para outra praia mais bonita, quem se importa? Se a batida é perfeita, o coração agradece e deixa explodir. Um feriado cheio de energia positiva para vocês... Beijos e Abraços, Deco
Por Deco 15:35:33Trilharam essas palavras (10)

OUTUBRO DE 2005

quinta-feira, 27 de outubro de 2005


Um minuto é tempo também


1 hora, 60 minutos, 3.600 segundos... No tic-tac seco e desenfreado o tempo passa... Passa pra mim, passa pra ela, passa pra vocês também, o tempo não perdoa ninguém. Passa e acende, passa e apaga, passa e registra, passa e repassa, passa enquanto passa e deixa passar a vez de quem não fez acontecer. O ano se vai, o mês se vai, o dia se foi e a gente nem percebeu. Há 15 anos atrás eu reclamava da minha vida de adolescente-estudante; trabalhos, provas, colas, sono, olimpíadas, festas de 15 anos, futebol depois da aula, boletim, ocorrência, recuperação, bomba e expulsão (ô menino danado)... Naquele tempo eu reclamava, mas na verdade meus "problemas" não eram nada, a minha vida hoje é um bilhão de vezes mais pesada... Eu reclamava porque eu não sabia como era a vida adulta, achava bonito meu pai saindo para trabalhar de roupa enquanto eu tinha que vestir aquele uniforme horrendo e agüentar minha professora (chatíssima) de história falando da Grécia durante 60 minutos na minha cabeça. Eu não sabia, você não sabia, a gente nunca sabe como vai ser o minuto seguinte. Era um saco naquele tempo, era um tédio estudar, hoje é saudade. Saudade de não fazer nada, saudade de dormir a tarde, de não preocupar com contas, família, empresa, com tudo que hoje depende absurdamente de mim. Aquele tempo não volta mais, nenhum tempo volta atrás, passou, já foi, já era. Ficou a saudade e a certeza de que o tempo é agora, hoje, nesse instante. Um minuto é o bastante para fazer girar o mundo quando a gente quer. Concordo que a vida anda pesada para todos nós, não está fácil sobreviver nesse mundo doido e mega capitalista. O amor acabou, a conta venceu, o furacão matou, o político roubou e a indiferença anda reinando entre as pessoas... É triste eu sei, dói aqui também. Mas reclamar e lamentar não muda o dia, não paga a conta, não ajuda o amigo, não resolve o problema. É preciso inventar um jeito novo de fazer valer, é preciso reinventar. Vale parar um minuto da rotina para agradecer a mesa farta, a saúde, a vida, o teto, os amigos, a deus, a família. Vale dar valor ao que se tem. Vale ser guerreiro, vale ter fé, vale contribuir na raça para que dias melhores saiam do papel... Vale mais sensibilidade, mais paz e mais harmonia. Vale energia positiva pelos quatro cantos do mundo. Vale enfim menos vaidade e mais solidariedade, a gente anda perdendo muito tempo com esse egocentrismo chulo. O tempo vai, a sabedoria vem. No canto de cá eu sigo a contemplar essa lagoa em forma de coração... Transformar dias cinzentos em arco-íris é como fazer de momentos passageiros registros definitivos. A fantasia alivia o peso da realidade. Um abraço, um afago, um olhar, um beijo para cada um de vocês... Um por todos e todos por um. O mundo é nosso, sangue bom. Deco.


Por Deco 18:48:12Trilharam essas palavras (6)


terça-feira, 25 de outubro de 2005


Assim eu inventei o Amor


No dia em que eu inventei o amor era manhã de sol, tarde de flores, noite de lua cheia, perfeita, romântica. No dia em que inventei o amor estava de cara limpa e coração aberto, completamente vulnerável e entregue a qualquer coisa que soasse mais doce aos meus ouvidos. No dia em que inventei o amor eu não tinha medo nem insegurança, não enxergava as sombras do outro lado do muro (será que elas existiam?). No dia em que eu inventei o amor eu estava louco, muito louco, mas bem mais lúcido que os outros ao meu redor. No dia que inventei o amor o vermelho se pintou por toda parte, colorindo de amor as paredes da minha vida. No dia que eu inventei o amor eu conheci a felicidade plena e também a dor que é parte futura de todo amor. No dia que eu inventei o amor, eu inventei a vida. Inventei os sonhos, as fantasias, os desejos, a contemplação. No dia que eu inventei o amor, inventei a cria, a família, a cumplicidade, a união. Inventei e senti. Inventei e amei. No dia que eu inventei o amor, eu amei e sorri... Mas o amor ninguém inventa, o amor ninguém fabrica, o amor é dono de si mesmo. Fiquem bem... Beijos, Deco.


Por Deco 12:08:35Trilharam essas palavras (5)


sexta-feira, 7 de outubro de 2005

"Não deixe portas entreabertas Escancare-as Ou bata-as de vez. Pelos vãos, brechas e fendas Passam apenas semiventos, Meias verdades E muita insensatez." (Flora Figueiredo)

Entre a brisa e o vendaval, um espaço para um novo abrigo... Se existe uma coisa que eu aprendi nessa vida foi a definir o status das minhas portas. Quando digo portas, falo de profissional, de social e claro, de afetivo também. Falo de portas que abrimos às pessoas e que por muitas vezes motivados pela vaidade, pela imaturidade ou pela inexperiência mesmo, deixamos entreabertas. Portas entreabertas são indefinições paralelas, são mais ou menos, são estepes... Não gosto disso. Entreaberto é tudo pensamos ter, o que pensamos existir, o que achamos que está ali, mas que na verdade já se foi (nós sabemos disso). Entreaberto é o amor mal resolvido, o emprego indefinido, o amigo meio-amigo, a paixão que ficou pela estrada... Entreaberto é também o egoísmo, o individualismo, é querer manter coisas, pessoas e sensações por comodismo, não por desejo. Entreaberto é o que não é... O que não se quer, o que não foi, o que não será... Mas que está ali, a nossa volta de alguma forma, perdido na agenda do celular. Entreaberto é excesso de gente, excesso de dúvidas, excesso de insegurança, excesso de bagagem na nossa vida. Excessos não são bons, vocês sabem. Excessos não somam para nossa vida, não se desenvolvem, não criam. Cultivem a medida certa, o equilíbrio, defina suas portas. Abra a azul, feche a preta. Não precisamos de nada além de transparência e um pouco de malícia para definirmos quais são as portas verdadeiramente necessárias, felizes e importantes para nós. Vale repensar o sentido de cada uma, o que cada uma representa pra gente. Pois é preciso separar portas de portas para distinguirmos umas das outras - Portas do bem de um lado, portas do mal de outro - Para deixarmos umas bem escancaradas e outras literalmente fechadas, trancadas e distantes da nossa vida. Existem portas que só nos fazem mal, que só nos leva aos abismos, abismos estes algumas vezes existentes dentro de nós mesmos. Não se tranquem nas portas do passado, acreditem no presente, abram novas portas. Muitas pessoas me consideram radical quando o assunto é relacionamento... Mas do lado de cá tenho outra convicção, sou extremamente sincero com as pessoas que convivem comigo. Se isto é ser radical, tudo bem, eu sou então... Porque manter as aparências definitivamente não é a minha onda, não consigo viver relações entreabertas ou mal resolvidas. Tenho uma dificuldade absurda de ser político e socialmente correto para o mundo. E uma facilidade sobrenatural para enxergar e aceitar as coisas como elas são. Desculpe, mas eu não sei abrir um sorriso para uma pessoa que eu não gosto. Eu não sei agradar se eu não estiver a fim, alguém pode me ensinar? Acho que a transparência é essencial em tudo, é a minha verdade, a minha sinceridade comigo mesmo. Não abro mão disso. O namoro acabou? Que ela siga a vida dela e seja feliz pra lá, não consigo ser amigo de ex-namorada... Você consegue, outros conseguem, parabéns, mas eu não. A amizade se quebrou? Então que ela acabe de vez, porque pra mim amigo que é amigo não se torna conhecido, ou é ou não é. Eu não sei se vocês me entendem, mas não há nada de tão complexo ou radical nisso... Eu apenas gosto das coisas abertas, sinceras, estampadas, verdadeiras. Isso é o mínimo, não? Tenho poucas pessoas comigo, admito, mas são poucas muitas, entendem? São pessoas que estão comigo de verdade e que não vão mudar se eu ficar mais pobre, mais rico ou se eu tatuar um dragão verde e amarelo na minha cabeça. São pessoas queridas que me fazem um bem enorme, que me dizem a verdade, que lutam pela felicidade e por um dia melhor junto comigo. São irmãos, companheiros, parceiros de fé e isso me basta. Eu dispenso uma coleção de pessoas. Ao meu lado, na minha casa, na minha vida, eu só quero gente do bem e isto não é uma opção, é a minha regra. Um fim de semana ensolarado pra vocês. Fiquem com Deus e se cuidem... Beijos e Abraços, Deco.


Por Deco 15:17:40Trilharam essas palavras (9)


segunda-feira, 3 de outubro de 2005


Certezas Incertas...


Hoje eu acordei decidido. Acordei e desisti de querer o que um dia foi desejo... Desejos também são mutantes, certo? Desejos também morrem com o vai e vem do tempo... Eu decidi, não quero segurança afetiva alguma. Não, numa boa, me escute e entenda, eu não quero chão. Isso pode ser suficiente para os outros, mas para mim não é o bastante. Eu gosto de nuvens, de apertinho no peito e de imaginar a gente junto numa praia curtindo o sol descer... Gosto, gosto mesmo e gosto muito do amor assim, completo, avassalador... Que tira a paz, o sossego, a concentração... E gosto da intensidade, do charme e de uma pontinha de incerteza que me faça pensar compulsivamente em você. Então me tire do chão, me faça voar, me faça sentir até não caber mais... Porque é assim que eu gosto que seja, você não percebe? Você tem medo? Você tem máscara? Sinto muito, lamento profundamente, mas eu não. Eu dispenso a certeza, dispenso a mesmice, dispenso a razão, dispenso tudo que é pouco, você consegue dispensar? Então anote na sua agenda, no seu celular, na porta da geladeira, num lugar onde você possa lembrar para sempre... Minha cabeça é uma máquina de sonhos e meu coração é uma bomba de amor... Não se afogue no meu jeito intenso, nem na forma como eu te olho, nem no jeito como eu te beijo. Eu sou assim mesmo e isso não vai mudar com tempo, é melhor se acostumar (ou me deixar). Eu já tive certezas, pés no chão e rótulos de sobra na minha vida, tudo bem, isso já me pareceu perfeito um dia, mas hoje não é, há muito tempo não é, entende? Será que essa loucura é só minha, meu deus? Se for, que seja, porque não gosto mesmo de coisas certas... Prefiro loucuras, situações imprevisíveis, surpreendentes e especiais... Prefiro aquilo que me joga de ponta (e sem colete salva vidas) num mar imenso de sensações... Pois nesse mar eu sei nadar e se eu me cansar um dia, se você se cansar um dia, a gente se afunda junto (lá embaixo existe beleza também). Eu aceito me dar mal, aceito sofrer, aceito perder, aceito me esfolar inteiro com meus próprios sentidos, mas por favor, não me julgue - não me condene e não me olhe com essa cara assustada... Apenas me olhe e me ame em silêncio. Não sou eu o vilão da sua história, mas eu sei ser e posso ser se você quiser.

"Me dá um beijo então Aperta a minha mão Tolice é viver a vida assim Sem aventura Deixa ser pelo coração Se é loucura então, melhor não ter razão." (Caetano Veloso)

Uma semana cheia de suspiros pra vocês... Beijos, Deco.

Por Deco 18:44:43Trilharam essas palavras (9)