NOITE TRISTE DE NATAL

Bem, o natal está chegando e ao contrário de outros, este espaço não terá um "Feliz Natal!" estampado aos quatros cantos. Nada de árvores, enfeites e anjos... Nada de luzes, nem presentes. O Natal é muito triste, queridos! Essa euforia consumista não me cega em nenhum momento. Sei que muitos devem pensar: Mas que porra! Esse Deco é muito crítico, nem no Natal ele dá um tempo... Taí, sou mesmo! Não vou entrar na onda do compra-compra, nem abrir um sorriso amarelo porque dia 25 é Natal. Eu não gosto de natal. É um dia em que as diferenças se acentuam, se tornam ainda mais nuas e evidentes no nosso mundo cruel. No caminho para casa dos meus avós, como em outros anos, a cena vai se repetir... Tenho certeza que no trânsito verei inúmeros moleques sujos e descalços que certamente não terão o que comer nesta noite de fartura e desperdício para nós. Tenho certeza de que muitos deles não ouvirão um mero Feliz Natal e ainda que ouçam, que sentido teria uma saudação dessa na cabeça dele. Isso me mata! Vá lá que eu não sou culpado pelos males mundanos, que diferenças sociais existem desde que o mundo é mundo, mas não consigo aceitá-las de forma velada... Não consigo ser egoísta e fingir que não estou vendo o que está explícito! Não consigo beber champagne noite adentro e ficar rindo como se eu fosse protagonista de alguma comédia... Nossa realidade é pra chorar ? Não posso beber e comer feito um glutão inconsciente, porque lá fora as desigualdades se refletem no pára-brisa do meu carro. Nossa! Como isso dói aqui dentro. São crianças, galera, apenas crianças inocentes, sem culpa alguma da vida que levam, sem culpa alguma de não possuir o mínimo para sobreviver. São crianças que nadam diariamente pelo mar da indiferença. Enquanto meus primos de 11 anos vão ficar atônitos para saber se ganharam o celular da moda, o moleque da favela sonha com uma bola de futebol que custa R$ 1,50. Ele sonha com a bola, porque vê nela a única oportunidade de salvar sua família da miséria. Ele sonha com a bola e não com livros como deveria, porque as coisas se inverteram nesse mundo de loucos do qual somos parte. Por tudo isso, ao invés de um Feliz Natal, deixo aqui o pedido para que cada um faça sua parte; Doem comida, agasalhos, brinquedos, roupas, doem o quanto puderem. A certeza desta noite é de que juntos podemos fazer um mundo mais humano, mais suportável e mais justo, e isto não é apenas uma boa ação, é nossa obrigação. Fiquem na paz... Beijos, Deco.