terça-feira, agosto 08, 2006

ALONE

Em janeiro deste ano, depois de um período nebuloso da minha vida, passei a morar sozinho. Para quem não sabe, morei com minha família até os 26 anos ? Com minha mãe até os 10, com a minha avó materna até os 11, com minha avó paterna até os 14 e por fim com o meu pai. Ô menino que rodou! Às vezes nem eu acredito... Em junho do ano passado, uma briga profissional ruminou na minha saída de casa... Passei 30 dias na casa de um amigo e depois dividi um apartamento com outro amigo durante 6 meses... (Para estes dois amigos, aproveito o post para registrar meu agradecimento de coração: Vocês são mais do que amigos - são meus irmãos.) De lá pra cá, tenho refletido muito sobre isso, sobre o que é estar sozinho e estou aqui hoje para dividir esses extratos com vocês. No começo, o êxtase provocado pela sensação de liberdade absoluta, cobre qualquer buraco. No primeiro fim de semana, lá estávamos, eu, minha tv e a minha cama dentro do apartamento. Nada de geladeira, móveis e utensílios domésticos, mas estava bom demais, afinal, era meu espaço, meu ninho, um canto que eu sempre desejei. Essa ?lua de mel? se estendeu por dois meses e meio... Pintei o apartamento de branco, fiz uma textura mostarda na parede da sala, comprei o rack, os pufs, o sofá branco e outros tantos... Cada peça que era adicionada esticava meu êxtase mais um pouquinho, até que um dia eu terminei. Tudo ficou exatamente como eu sempre sonhei, cada canto da casa tinha a minha cara, a sensação que eu tinha, era que meu quarto na casa do meu pai tinha tomado uma superdimensão. Lembro-me bem da primeira quinta feira que a faxineira foi lá para limpar a poeira da obra e dar um toque feminino no lugar; Cheguei em casa por volta das oito horas da noite, muito cansado, mas louco para ver tudo pronto. Quando abri a porta, veio aquele cheirinho de casa limpa, sabe? Tudo organizado, tudo certinho, cada coisa no seu lugar, fiquei horas observando, contemplando meu espaço. Estava literalmente babando pela conquista... Mas como nada na vida é feito de um lado apenas, algumas coisas começaram a me intrigar... A começar pelo barulho, zero! Ninguém andando pela casa, o telefone não tocava 300 vezes por dia, nem a bendita da porta batia. Senti falta do movimento, de gente entrando e saindo, da campainha tocando às 3 da manhã... Senti falta das coisas que eu mais odiava enquanto morei com outras pessoas. Louco isso, não? Não tinha ninguém me esperando pra jantar e tão pouco café pronto quando eu acordava. A cama desarumada, a lata de refrigerante na sala, a toalha molhada... Tudo ficava intacto, intocável, no vai e vem do meu dia a dia. Então, eu me dei conta do óbvio, eu estava sozinho ali, eu e eu mesmo. O primeiro encontro com a solidão é um pouco assustador, mesmo quando se é independente. Embalado nesse estado singular, passei a devorar livros e a assistir nada menos que 12 filmes nos fins de semana, mas isso apenas amenizava a solidão, não era capaz de mandá-la embora. Não adiantava sair, beber e me divertir, quando eu chegava em casa o silêncio soltava sua voz. Finalmente, concluí que nada adiantaria senão o auto-conhecimento... Tive que aprender a conviver comigo mesmo, a me suportar, a me entender e principalmente a me aceitar. Minhas manias, por exemplo, que vez ou outra incomodavam minha irmã, passaram a me incomodar... Mudei alguns hábitos, mantive outros e procurei ficar em paz nessa nova fase da minha vida. Procurei deixar meu coração tranqüilo, sem ansiedade, sem medo, inquietudes e compulsões, traços naturais de quando se está só. E me encontrei, me descobri como ser humano. Esse tempo deixou, entre outras coisas, duas lições muito importantes. A primeira é que para todo sonho existe um preço e mesmo depois de realizado, ele não será perfeito. A segunda e mais importante delas, é que somos sozinhos mesmo, portanto, depende de nós mesmos buscar a felicidade, depende de nós mesmos estarmos completos e felizes antes de querermos alguém na nossa vida. A felicidade está aí para todos, principalmente para quem quer ser feliz. Se cuidem... Beijos Deco.

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