terça-feira, agosto 08, 2006

COLHEITA CAPITALISTA

O ar seria mais leve para todos se conseguíssemos fazer um mundo mais humano e menos capitalista... Mais ético e menos corrupto... Mais pacífico e menos violento. Porque penso assim? Porque nos tornamos produtos dentro de uma sociedade carregada de formatos, essa sociedade narcisista que vive tentando te convencer que você tem que ser o cara - Sarado, milionário e perfeito, do contrário, não será feliz... Que tem que perder horas na academia ouvindo um hit vagabundo, parar de beber, de fumar e deixar de comer tudo que você gosta e até mesmo arriscar sua vida numa lipoaspiração porque algum idiota disse que barriga está fora de moda. Que o bonito é ser ?saudável?, comer alface e beber limonada, sem açúcar viu? As mulheres, coitadas, nem se fala - Devem ser traidoras e ambiciosas igual à Laura de Celebridades, pois o caminho sujo é o jeito mais curto e mais fácil para chegar ao sucesso... Deixam fortunas no salão de beleza, gastam horrores em roupas de grife, além de pagarem R$ 1.500,00 num pedacinho de couro com as iniciais LV ou VH. Puta que pariu! Tudo isso para quê? Para se tornar uma pessoa que você não é. Para ficar parecida com a Gisele Bündchen ou com a gatinha da novela das oito... Já pararam pra pensar no quanto isso é paranóico? Mas esse é o nosso mundo, amigos. Um mundo que dita que sem grana e um sobrenome bonitinho você não é VIP... E que se você não for VIP, você é ninguém. Grande coisa mesmo! ?Eu sou VIP, você não é? Que pena honey...? Desculpem meu cinismo, mas isso é muito patético! Os VIP?s se esquecem dos reflexos que sua vidinha consumista gera para a população ? Os VIP?s do Brasil não se dão conta de que tudo o que estamos vivendo nesta era contemporânea tem um porquê. Nossa sociedade está tão egoísta, tão excludente de qualquer solidariedade, tão brutal no seu desejo de satisfação total, que contamina até os que se dizem privilegiados - A pulsão de morte anda solta, vivemos atacados pela brutalidade do noticiário, pelos homens-bomba, pela estupidez da cultura que gera batalhões de criminosos, sem camisa, obcecados por uma felicidade de consumo impossível. A violência das periferias influencia a classe média até com gestos, gírias e armas. Enquanto isso, na reciprocidade, os Nike Shox chegam às favelas como troféus - Estamos pagando o preço por nosso descaso com a miséria durante décadas... Estamos pagando pelo nosso desinteresse pela destruição da vida. Os fora da lei são assassinos filhos da puta, mas nossa sociedade também o é. Nada contra as socialites e seus nomes esquisitos... Nada contra o mundo da moda, os editais, as modelos e os estilistas. Nada contra a propaganda, os publicitários e os designers fazem a mídia. Nada contra esse jornalismo tendencioso que vem sendo praticado no país. E nada contra a indústria que fatura bilhões em cima de nossas vaidades. Nada contra, porque tenho o meu próprio formato. Prefiro me entregar ao charme das coisas simples ? Da cerveja e do torresmo com os amigos, das conversas de meio fio nas belíssimas cidadezinhas do interior. Na amizade, na parceria, no abraço, no beijo e no carinho verdadeiro entre humanos. Eu prefiro acreditar na singularidade que se esconde sufocada na natureza do sol, da lua e do mar. Eu prefiro acreditar no amor e nas suas tão indescritíveis sensações... Eu prefiro acreditar em outras coisas, que não se vende, que não se compra, que estão aí em busca de um simples olhar, de um pouco de sensibilidade, de um simples coração pulsando intrepidamente de emoção. Se cuidem... Beijos, Deco.

Nenhum comentário:

Postar um comentário