terça-feira, agosto 08, 2006

A LOT LIKE LOVE

Quantas vidas se passam pelas nossas vidas sem que a gente saiba ou sinta - acho sentir mais oportuno - quem é o nosso amor? Em que lugar desse mundo gigante está à pessoa com quem teremos cama, casa, filhos e presente, futuro - e dias, e tardes e noites mais bonitas? Nessas horas, o mundo parece mil vezes maior do que é... Sonhos desfeitos, expectativas frustradas, feridas abertas, noites mal dormidas... Cicatrizes. Dezenas de micro-cicatrizes a espera de um colo, de um afago, de uma luz que reflita ao pé da letra a expressão: O mundo está vazio e louco, mas o amor ainda existe, obrigado. Cicatrizes, ainda bem, cicatrizes. Assim a gente nunca se esquece dos tombos que já levou nessa viagem maluca que a vida é. Não se esquece e aprende a separar gente boa, de gente ruim, meia dúzia de palavras, de uma declaração de amor, paixonite aguda, de amor eterno. Os dias não se repetem, nada se fabrica nem se inventa quando o cenário é o coração. Coração que bate, vida que segue, que anda, que passa na balada das horas. Acelerada. Ritmada. Implacável. Não pára. Não espera. Não perdoa quem deixou pra depois. Era ela? Eu não sei, você sabe? A gente nunca sabe... A gente nunca vai saber. Capítulos escritos e páginas vividas não podem ser apagados nem mudados. Mas o que deixamos de fazer, o que deixamos de viver e principalmente de sentir nem sempre está perdido, apagado ou morto num canto qualquer do nosso peito. A não história de hoje pode ser o final feliz de amanhã para quem sabe que é melhor fazer o bem na renúncia, que o mal num impulso efêmero. Há dez anos atrás eu deixei de me envolver com a mulher mais doce que eu já conheci. Naquele tempo, por muitas razões... Além da diferença de idade, cabeça, maturidade e experiência, havia entre nós uma clara diferença de intenções. Enquanto ela me amava de um jeito lindo, louco, voraz e sem medo, eu estava desenhando um noivado com uma antiga namorada e estar com outra pessoa ou ser infiel passava muito longe dos meus planos. Sim, nós chegamos a ficar umas três ou quatro vezes, entre um término e uma reconciliação com a falecida. Mas as diferenças, as malditas diferenças e o meu amor pela falecida insistiram em nos afastar por anos e anos... Até que um belo dia minha relação com a falecida se foi pelos ares e eu de noivo passei a figurar de solteirão. Pronto! Era oportunidade perfeita pra pegar o telefone, ligar pra ela e viver todas as tentações as quais eu havia resistido durante tanto tempo. Sim, eu peguei o telefone, liguei e quando nos encontramos parecia que o tempo não havia passado... Ela continuava linda, doce e me amando como se nada tivesse acontecido. Mas ainda sim, infelizmente, nossas intenções se mantinham diferentes... Ex-noivo e solteiro, eu queria sair, me divertir e não gostar de nada nem ninguém além de mim mesmo. Era tempo de refazer meu coração, meu ego, minha auto-estima, não estava nem um pouco a fim de responsabilidade afetiva empatando a minha boa e liberta vida de solteiro. Assim, ao invés de torná-la mais uma vítima do meu ego idiota (mas necessário naquele tempo) resolvi poupá-la por um motivo muito simples: Ela era especial e diferente de todas as outras. Era um pecado fazê-la sofrer. Eu gostava mais da idéia de vê-la feliz com outra pessoa, do que ao meu lado como uma espécie de bibelô. Decisão tomada, jogo aberto, transparência sempre faz bem... Mesmo muito atraído, fui sincero com ela e deixei claro que não era hora de nos envolvermos. Os anos se passaram, ela seguiu sua estrada e fomos nos distanciando cada vez mais um do outro, até os telefonemas de horas que eram muito constantes, deixaram de existir. Apesar de não sentir culpa nem arrependimento, eu tive a sensação não muito boa de que o amor dela por mim havia enfim se cansado. Normal, não podia querer que ela esperasse por mim a vida inteira. Ela mudou de endereço, de telefone fixo e de celular. Passei uns cinco anos sem saber notícias, sem encontrá-la, sem ao menos ouvir a voz dela. Durante esse tempo eu virei páginas e páginas, conheci pessoas novas, esqueci o fim do noivado, recuperei meu coração, meu ego e minha auto-estima. Entre uma ficante e outra, engatei uns nove ou dez "fast-namoros", alguns de dois, outros de três e o mais duradouro de oito meses. Ao fim de tudo, desta verdadeira montanha russa emocional estava cansado, solteiro e com uma mega preguiça das baladas e das pessoas das baladas, é claro. Mas se a noite vai e cansa, o dia vem com um cheiro inconfundível de reencontro. Depois de um certo tempo, através de um contato comercial inesperado com o pai dela que, aliás, vale dizer, foi quem nos apresentou dez anos atrás, obtive novo número do celular. A partir daí, não demorou muito para nos reencontrarmos. Depois de telefonemas gigantes e tanta coisa nova pra contar... Nos encontramos, saímos e ficamos, mas as coisas não foram bem como eu esperava. Havia doçura, brilho nos olhos, carinho e tudo mais, mas não existia a mesma entrega de antes. Ela entendeu os acontecimentos do passado de uma forma bem diferente da que eles foram de verdade. Tudo bem era um direito dela achar que eu tinha feito pouco caso e que agora, dez anos depois, as coisas tinham mudado. Mas era um direito meu pensar... Mudaram? Que bom, porque eu amo desafios... Era hora certa de fazer acontecer, afinal, eu estava pronto pra viver tudo e mais um pouco ao lado dela. Então corri atrás, paguei pra ver sem o menor orgulho, insisti, liguei e chegamos a nos falar com uma freqüência maior, mas minha situação não era mesmo das melhores. Ela não dava muita bola, não valorizava nem um pouco minha tentativa de recuperar o tempo perdido, até pelo contrário, algumas vezes não atendia, em outras nem retornava. Paciência... Paciência... Minha autoconfiança me fazia pensar que isso era doce, charminho, vingança ou um mero chilique... Até que eu engoli o quarto bolo - Sai autoconfiança, entra raciocínio óbvio - Dez anos se passaram, isso é um fato, nada pode ser como era antes mesmo, conclui. Então entreguei ao tempo, mais uma vez, nosso amor que não foi. O tempo passou, agora em meses, que foram suficientes para ela começar a namorar de um lado e eu de outro. Parecia mesmo, que apesar tanta coisa bacana e bonita, nossa história não tinha que ser. Mas nessa vida, existe uma coisa chamada destino (que particularmente eu nem acredito tanto, acho que cada um faz seu caminho) e o nosso parecia mesmo estar traçado. Nos encontramos em um casamento, ela acompanhada e eu também, isso parecia ser o bastante para que nem chegássemos perto um do outro. Mas ali, naquela noite, alguma coisa (não sei o que exatamente) conseguiu juntar os tempos, o começo (e os desejos dela) e o fim (e meus desejos) num mesmo momento. Estávamos enfim prontos um pro outro, entregues e na mesma sintonia. Com a mesma vontade, na mesma intensidade, sem tantas diferenças e com mais maturidade. Na semana seguinte, terminamos os namoros e finalmente, ficamos juntos. Aqui foi palco de muitas crônicas e textos que falavam de amor, por isso, é mais que justo e merecido que seja palco também do meu sim, hoje eu posso, hoje eu quero e vou viver de amor até o fim.
Fiquem bem e se cuidem...
Beijos e Abraços, Deco.

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